Com aproximadamente de 2,2 milhões de km2, cerca de 25% do território brasileiro, a região centro-sul abrange os estados da região Sul, Sudeste (exceto o norte de Minas Gerais) e Centro-Oeste, (Goiás, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Sul do Mato Grosso e de Tocantins.
É o complexo regional mais importante e o centro econômico da nação, com mais de 60% da população brasileira. Aí estão 16 das 22 áreas metropolitanas do país. É a mais dinâmica das regiões, com uma economia muito diversificada.
Apresenta a maior concentração de indústrias do país, uma rede complexa e interligada de cidades, a agropecuária mais moderna e a mais densa rede de serviços, comunicações e transportes. É onde se produz mais emprego do que todos os complexos regionais e concentra a maior quantidade dos investimentos das grandes empresas.
O Centro-Sul é o espaço da modernização e do dinamismo, embora apresente ainda estruturas tradicionais e atrasadas, acarretando desequilíbrios socioespaciais no seu espaço regional. Podemos dizer que o Centro-Sul representa o “Brasil novo”, da indústria, das grandes metrópoles, da imigração e da modernização da economia.
É a região de economia mais dinâmica do país, produzindo a maior parte do PIB. Nos setores agrário, industrial e de serviços, além de concentrar a maior parte da população. Apesar da maior dinamicidade, o centro-sul possui também as contradições típicas do desigual desenvolvimento socioeconômico brasileiro.
Região centro-oeste
Área que possui uma população ainda reduzida e constitui, historicamente uma zona de expansão da economia paulista, o que explica a presença do maior rebanho bovino brasileiro.
Organização econômica – a principal atividade econômica do centro-oeste é a pecuária bovina extensiva que imprimiu a estrutura latifundiária desde a crise da mineração, no século XVII. Há também, extrativismo mineral e vegetal, sendo que agricultura ampliou-se com a abertura das fronteiras agrícolas de exportação. Este fato provocou intenso conflito pela terra, agravado pelo fluxo migracional. É uma região de fraca densidade, com luta pela terra.
Pecuária: Goiás e Pantanal (bovinos) – abastecimento dos frigoríficos do oeste paulista. A região sofre grandes alterações a partir da década de 70, com a expansão da fronteira agrícola e as pesquisas que viabilizaram o avanço da soja pelo cerrado, como por exemplo, o processo da calagem, adição de calcário ao solo. O enorme crescimento da agricultura na região vem determinando a necessidade de alternativas de transportes, como a hidrovia do Rio Madeira e a Ferronorte.
Região sul
Com uma superfície de 577.723 km2, a região sul compreende os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio grande do Sul, constituindo a única região brasileira não tropical.
O relevo do sul é formado em sua maior parte pelo planalto meridional, que apresenta três patamares limitados por escarpas: ao longo do litoral, ergue-se a primeira escarpa, de altitudes mais elevadas – a Serra do Mar, mais para interior, estende-se um planalto cristalino; a seguir a chamada “serrinha” forma uma nova escarpa é a Serra Geral, limite do planalto basáltico que se estende até o vale do rio paraná. No extremo sudoeste do Rio Grande do Sul, desenvolve-se a campanha gaúcha, parte brasileira da vasta planície platina (o Pampa).
O clima do sul é subtropical úmido fatos que individualiza a região no conjunto brasileiro. A pluviosidade é bem uniforme, e as temperaturas médias são abaixo de 22ºc, registrando-se as mínimas nas zonas mais elevadas onde ocorrem a neve ocasional. Na vegetação original do sul, predominavam as formações florestais: a Mata Atlântica, junto ao litoral; a floresta tropical, no norte do Paraná; a floresta subtropical com pinheiros (Mata de Araucárias).
O celeiro do país – a região sul possui, atualmente, uma economia agrícola altamente desenvolvida, que vem passando por um intenso processo de modernização, tornando-se uma atividade cada vez mais mecanizada e capitalizada.
O norte do Paraná, constitui a área agrícola mais desenvolvida do estado, com uma estrutura fundiária baseada em médias propriedades. Embora o café tivesse sido o principal produto da região, seu cultivo tem perdido o caráter monocultor, com a diversificação das lavouras comerciais (soja, trigo, arroz). O restante do estado tem uma produção agropecuária ampla e variada, além da exploração madeireira.
Curitiba é a metrópole da região, com um parque industrial de certo vulto e com crescimento. O Vale do Itajaí, ao norte da encosta catarinense, é a zona mais dinâmica de santa catarina: vales profundos, caracterizam essa área de colonização italiana e alemã. Blumenau é o maior centro industrial da região.
A zona serrana gaúcha é uma área de colonização alemã e italiana, apresentando uma estrutura fundiária calcada na pequena propriedade. À produção agrícola, extremamente diversificada, vem se somar uma importante atividade pecuária, que alimenta uma próspera indústria frigorífica e de laticínios. Por isso mesmo, o setor agro-industrial foi o que mais cresceu no sul, no início da década de 90.
No centro-sul gaúcho, destacam-se duas áreas: a região de porto alegre, metrópole que tem expressivo desenvolvimento industrial, a “campanha”, caracterizada pelos grandes estabelecimentos pastoris – as estâncias, onde predomina uma pecuária extensiva melhorada.
População – o processo de ocupação da região, inicia-se com o gado da campanha gaúcha. Oriundo de São Vicente, este gado procura as pastagens naturais do sul, não ficando nas matas e serras da região. Imprime o latifúndio, ocupa, mas não estabelece grandes núcleos de povoamento, confundindo-se com as fronteiras castelhana.
No litoral do rio grande houve, também, no período colonial, o povoamento com casais açorianos, indo até mais para o interior (depressão) e fundando Porto Alegre (Guaíba). A mineração do século XVII gerou um povoamento com núcleo até laguna, pelo estreito litoral sul. Laguna era, em fins do século XVII, o ponto de apoio da ocupação brasileira no sul, visando a sacramento, no estuário do prata.
No século XIX chegam os imigrantes. Vão estabelecer-se nas matas e serras pouco valorizadas pela pecuária, e só usam a região como trânsito para a venda nas feiras e São Paulo (exemplo Sorocaba), para abastecer a área mineradora. Estes imigrantes vão: imprimir a pequena propriedade; desenvolver a agricultura associada à pecuária; desenvolver a agricultura de subsistência que dará origem à policultura; desenvolver a mão-de-obra familiar. Imigrantes alemães nos vales férteis; italianos nas encostas; eslavos no oeste e japoneses no norte do paraná, configuram o ciclo de povoamento.
Hoje a região perde população para o Centro-Oeste, para a Amazônia e até para fora do país. Fato determinado pelos seguintes aspectos:
- Divisão das propriedades pela herança
- Minifúndios absorvidos por latifúndios com culturas de exportação, a exemplo da soja.
Economia – a existência de extensas áreas de pastagens naturais favoreceu o desenvolvimento da pecuária extensiva de corte na região sul, há o predomínio da grande propriedade e o regime de exploração direta, já que a grande criação é extensiva, exigindo poucos trabalhadores, o que explica o fato de haver uma população rural pouco numerosa na região.
A agricultura, que é desenvolvida em áreas florestais, com predomínio da pequena propriedade e do trabalho familiar, foi iniciada pelos europeus, sobretudo alemães, que predominaram na colonização do sul. A policultura é a prática comum na região às vezes com caráter comercial, sendo o feijão, a mandioca, o milho, o arroz, a batata, a abóbora, a soja, o trigo, as hortaliças e as frutas os produtos mais cultivados.
Em algumas áreas, a produção rural está voltada para a indústria, como a cultura da uva para a fabricação de vinhos, a de tabaco de óleos vegetais, a criação de frangos e porcos (associadas à produção de milho) para abastecer as usinas de leite e fábricas de laticínios.
Diferente das regiões agrícolas “coloniais” é o norte do paraná, que está relacionado com a economia do sudeste, sendo uma área de transição entre São Paulo e o sul. Seu povoamento está ligado à expansão da economia paulista.
O extrativismo vegetal é uma atividade de grande importância no sul do país e o fato de a mata das araucárias ser bastante aberta e relativamente homogênea facilita a sua exportação. As espécies preferidas são o pinheiro-do-paraná, a imbuia e o cedro, aproveitados em serrarias ou fábricas de papel e celulose.
A região sul é pobre em recursos minerais, devido à sua estrutura geológica. Lá há a ocorrência de cobre no rio grande do sul e chumbo no paraná, mas o principal produto é o carvão-de-pedra, cuja extração concentra-se em Santa Catarina. É utilizado em usinas termelétricas locais e na siderurgia (misturado ao importado).
A região sul é a segunda mais industrializada do país, vindo logo após o sudeste. A principal característica da industrialização do sul é o fato de as atividades rurais comandarem a atividade industrial. Assim, somente as metrópoles de Porto Alegre e Curitiba não se encaixam no esquema agro-industrial predominante na região.
Porto alegre é o maior centro urbano-industrial, onde se localizam indústrias metalúrgicas, químicas, de couros, de bebidas, de produtos alimentícios e têxteis. Já a industrialização de Curitiba, o segundo maior centro industrial, é mais recente, destacando-se suas metalúrgicas, madeireiras, fábricas de alimentos e do ramo automobilístico.
As demais cidades industriais da região são geralmente mono-industriais ou então abrigam dois gêneros de indústrias, como Caxias do Sul (bebidas e metalurgia), Pelotas (frigoríficos), Lages (madeiras), Londrina (alimentos), Blumenau e Joinville (indústria têxtil), estas duas localidades no Vale do Itajaí, a região mais próspera de Santa Catarina.
Região Sudeste
O Sudeste é a região mais desenvolvida do brasil, registrando em relação ao conjunto do país, uma participação de cerca de 55% no produto interno bruto (pib), de 66% no valor da produção industrial, e concentrando 58% de pessoal ocupado na indústria.
O processo de industrialização ocorrido no brasil a partir da década de 50, apoiado tanto na entrada maciça do capital estrangeiro, quanto na iniciativa privada nacional e na própria intervenção estatal, baseou-se no desenvolvimento dos setores mecânico, metalúrgico, químico, de material elétrico e de transportes, consolidando-se a região como centro da economia nacional. Desde então, aqueles setores industriais acusam participação crescente no sudeste, em detrimento das indústrias tradicionais (têxtil, alimentos e bebidas, que vêm-se registrando uma queda relativa). Essa tendência vêm-se afirmando no conjunto da região, embora o desenvolvimento das indústrias seja diferenciado ao nível dos estados.
São Paulo destaca-se no contexto nacional como o estado de maior concentração industrial, especialmente no tocante à indústria pesada. E o interior do estado já desponta hoje como o segundo mercado interno do país.
Minas Gerais constitui o segundo centro industrial do país, com uma participação de cerca de 10% no valor da produção nacional. Em linhas gerais, a região da grande São Paulo abrange o maior parque industrial da América latina, além de constituir o maior centro comercial e financeiro do país. A riqueza de recursos minerais esteve na base do grande desenvolvimento das indústrias siderúrgica e metalúrgica do estado de minas. A maior parte da produção brasileira de ferro ainda provém do “quadrilátero ferrífero de minas gerais”, sendo o brasil um dos maiores produtores mundiais desse minério.
O Rio de Janeiro apesar de estagnado na metade dos anos 90, vem crescendo na última metade através de um processo de “renúncia fiscal” e dos novos ramos privatizados, os da telecomunicação e da siderurgia. A economia do rio de janeiro porém, tem sua maior perspectiva no crescimento da indústria do petróleo (extração, construção naval, plataformas, óleos e gasodutos, polo gás-químico e novas empresas que ganharam concessão de exploração). A produção de termeletricidade também tende a crescer em função de novos investimentos privados e estatais (angra II).
O problema do rio de janeiro é basicamente para consumo interno e necessariamente exige importação de alimentos e insumos agrícolas. Outro setor de crescimento é o turismo – “a venda do local” – hoje principalmente interna é a rede de escolas e universidades que atrai investimentos diretos.
Organização econômica – a importância histórica desta região data do desenvolvimento da atividade mineradora, quando o eixo econômico e político do país transferiu-se para o Centro-sul. Após a mineração, o café, no século XIX, valorizou também a área, tanto no vale do paraíba fluminense como no paulista, assim como, no século XX, este produto impulsiona o oeste de São Paulo. Manteve, no entanto, a estrutura fundiária do latifúndio neocolonial exportador, sendo que no rio paraíba utilizou-se da mão-de-obra escrava negra.
Na Era Vargas esta região encontrou sua vocação industrial. O capital do café e o esforço do estado vão transformá-la em um grande centro industrial, sobretudo, nas metrópoles nacionais de São Paulo e Rio de Janeiro, e na regional de Belo Horizonte.
Urbana e industrial, esta região apresenta algumas características marcantes:
Agricultura – como produção elevada – cana-de-açúcar, café, soja, milho e arroz, utiliza-se, porém, da mão-de-obra temporária ou boia-fria, mostrando aí seus graves contrastes sociais e espaciais: ao lado de uma agricultura moderna há estruturas arcaicas, como a questão social, técnica e política do Vale do Jequitinhonha e norte de Minas Gerais.
Pecuária – dinâmica, não só para o abastecimento da carne, como de leite e derivados. Destacam os rebanhos de minas gerais e São Paulo.
Concentração industrial – destacamos quatro espaços industriais importantes: São Paulo, Rio de Janeiro, área do quadrilátero ferrífero e cidades médias do oeste paulista.
Extrativismo mineral – extração de ferro no quadrilátero de minas gerais, que destinado ao mercado externo (porto e usina de tubarão – e.f. Vitória – Minas).
Extração de petróleo – bacia de Campos-Macaé.
Crise social – nas metrópoles do sudeste, destacamos o grave problema da segregação espacial. Mesmo com a redução da migração, a favelização amplia-se, fato que constata o elevado processo de segregação do espaço geográfico, com a favelização e a formação de uma enorme periferia urbana.
Crise ambiental – desmatamento, retirada do mangue, poluição da baía de Guanabara, deslizamento de encostas, problema do lixo, etc, são tônicas na vida da região. A industrialização e a exploração econômica acelerada, sem respeito ao meio ambiente e visando ao lucro imediato, seguindo modelos externos, são fatores geradores desta crise vivenciada pela mais dinâmica região do país.
Autoria: Joaquim R. Ferreira da Silva