Em 1835, no mesmo ano da Cabanagem, no Pará, e dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, explodiu na Bahia a Revolta dos Malês, reunindo várias tribos africanas rivais na maior revolta escrava do Brasil.
Devido à grande concentração da população negra na Bahia, as revoltas de escravos contra a dominação branca eram frequentes, especialmente nas áreas urbanas.
Os negros muçulmanos sempre estiveram na liderança dessas revoltas. Em 1807, planejaram uma fuga para retornar à África; em 1809, os negros quilombados atacaram a vila Nazaré, matando fazendeiros, libertando os escravos, destruindo engenhos e ateando fogo ao canavial e às plantações.
Esses negros eram conhecidos como malês, palavra que designava o negro islamizado, não importando a tribo. Os “malês” eram monoteístas, tinham Alá como único Deus e Maomé era seu profeta. Eram alfabetizados em árabe, liam o Alcorão e, na visão dos brancos, eles eram “criadores de problemas”, pois resistiam à cristianização e à escravidão.
Liderando as revoltas negras, eles propunham alterar a situação vigente.
Na África, os negros, divididos em várias tribos rivais, envolviam-se em constantes guerras. Escravizados e trazidos para o Brasil, os senhores escravocratas aproveitavam essas rivalidades para impor seu domínio e enfraquecer a união negra.
A Revolta dos Malês estava marcada para o dia 25 de janeiro, na comemoração das festividades de N. S. da Guia, um domingo e dia de festa, quando a vigilância estaria relaxada.
O plano era atacar e tomar a cidade de Salvador de surpresa. Entretanto, o movimento foi traído por negros forros que denunciaram o plano aos seus ex-donos.
Alertados, os brancos passaram à repressão, e os negros rebeldes ainda resistiram como puderam, mas foram derrotados e violentamente reprimidos: execuções, fuzilamentos, torturas, açoites no tronco e banimento para a África foram os castigos sofridos pelos sobreviventes ao massacre.
O projeto malê de transformar a Bahia em um território só de africanos ficou somente no projeto.
Por: Wilson Teixeira Moutinho