História do Brasil

Cabanagem

No Pará, a pobreza e o abandono da população que vivia em cabanas às margens dos rios levou índios, mestiços e escravos a se armarem contra o governo provincial instalado pela Regência no movimento conhecido como Cabanagem.

No primeiro momento, os cabanos uniram-se à elite rural paraense, mas a aliança durou pouco, uma vez que a aristocracia queria apenas que o governo da província fosse exercido por um de seus membros, sem romper com o restante do império, enquanto as camadas mais pobres entendiam que suas dificuldades econômicas só seriam resolvidas com mudanças políticas.

Com em outros acontecimentos da história do Brasil em que a aristocracia rural apoiava as rebeliões populares enquanto as reivindicações destes não colocassem em risco os seus privilégios, na Cabanagem, aconteceu o mesmo, ou seja, quando as reivindicações dos cabanos começaram a se tornar perigosas para eles, os grandes proprietários abandonaram o movimento.

Os cabanos conseguiram montar um grupo de 3000 homens armados e, em agosto de 1835, tomaram Belém. Foi a única revolta da história do Brasil que resultou na tomada de poder por membros das classes dominadas; esse poder durou apenas nove meses porque os revoltosos não tinham um plano de governo definido, os desafios eram muito grandes já que a situação de miséria atingia quase toda a população paraense e, finalmente, isolados, não receberam ajuda externa nenhuma.

Ilustração dos conflitos na Cabanagem
Cabanagem

Sem condições de realizar política que contemplasse todos, o movimento dividiu-se e enfraqueceu com a chegada das tropas imperiais. Depois que as forças regenciais recuperaram Belém, os cabanos dirigiram-se ao interior, constituindo focos de resistência que foram destruídos aos poucos. A repressão violenta matou milhares de cabanos, reduzindo drasticamente a população da província do Pará.

Os que fugiram foram perseguidos até serem capturados e mortos; o combate aos cabanos foi tão excessivo que, calcula-se, exterminou 40% da população do Pará.

Por: Paulo Magno da Costa Torres

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