O Dadaísmo Surgiu na Suíça, em 1916, junto a um grupo de artistas e escritores europeus que se abrigaram na neutralidade política daquele país, fugidos da instabilidade e do horror da Primeira Guerra Mundial.
Os principais dadaístas foram Tristan Tzara, Marcel Duchamp e André Breton. Revoltados com os destinos desatinados do homem civilizado, os dadaístas propunham a “antiarte“, ou seja, a forma sem sentido. Pela desconstrução do real, preconizavam “desfuncionalizar” os objetos do mundo burguês, em uma atitude rebelde e demolidora.
O Dadaísmo deriva seu nome da falta de lógica da expressão infantil “dada“, de quando o bebê começa a tentar produzir linguagem. Os objetos de Duchamp recebiam o nome de “ready-mades” (feitos e pronto), tipo de antiarte dada, com que os artistas desse movimento pretendiam desmascarar as inutilidades e as futilidades das convenções e dos objetos burgueses.
Note que o mictório na horizontal, sem o encanamento, perde sua função — o artista até lhe dá o irônico nome de “fonte”, como se o objeto viesse a fazer o papel inverso que lhe é atribuído convencionalmente: em vez de receptáculo de líquidos (humanos e encanados), passaria a ser emissor de líquidos….
Na poesia, o Dadaísmo não logrou resultados satisfatórios, pois essa destruição do sentido e função é impossível quando lidamos com língua. Qualquer palavra que se use, mesmo solta no papel, tem sentido, por mínimo que seja. Leia as “dicas” de Tristan Tzara para a composição de um poema dadaísta:
Para fazer um poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que
você deseja darão seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo
e meta-as num saco.Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o
outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que
elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
Eei-lo um escritor infinitamente original e de
uma sensibilidade graciosa,
ainda que incompreendido do público.
Tristan Tzara. In: Gilberto Mendonça Telles. Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro
Veja esta tentativa de Dadaísmo em poesia, do poeta Ludwig Kassak:
A Batalha
Berr… bum, bumbum, bum…
Ssi… bum, papapa bum, bumm
Zazzau… Dum, bum, bumbumbum
Prã, prà, prã… ra, hã-hã, aa…
Hahol…
Embora a proposta seja eliminar a linguagem humana do texto, esse poema dadaísta ainda assim faz sentido, não consegue destituir-se de significado, ao contrário de muitos dos “ready-mades” de Marcel Duchamp.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
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