Em 1874 ocorre, na França, o movimento impressionista que revolucionou e influenciou as artes mundiais, especialmente na pintura, determinando todo o percurso das tendências artísticas do século XX.
Durante o século XIX, a civilização ocidental viveu profundas transformações, em razão dos avanços tecnológicos provocados pela Revolução Industrial ocorrida na Europa, e uma consequente reorganização social e urbana. A velocidade que o avanço científico apresentava, juntamente com as adversidades do capitalismo, colaborou com o cenário em que novas e importantes propostas estéticas surgiam.
Os pintores impressionistas foram visionários e radicais para seu tempo; rejeitaram completamente a maneira de representar a pintura, que seguia a tradição acadêmica. Trabalhavam na maior parte do tempo ao ar livre para poder observar melhor as qualidades voláteis da luz que incidia sobre o objeto a ser retratado e optaram por retratar temas do cotidiano.
Essa nova maneira de olhar e de retratar as cenas foi revolucionária e não facilmente aceita. Mas a novidade maior estava na inovação com a mudança de construir seu processo pictórico.
O termo “impressionismo” surgiu após o crítico Louis Leroy visitar a exposição de um grupo de artistas e ao ver o quadro de Monet, Impressão: sol nascente. Ele escreveu um artigo intitulado “A exposição dos impressionistas”, no qual se lê: “Impressão… qualquer papel de parede é mais bem-acabado do que esta marinha!”
Houve também crítica favorável, como a do escritor Jules Castagnary, que escreveu: “São impressionistas no sentido de que não pintam uma paisagem, mas a impressão causada por uma paisagem”.
Apesar da individualidade dos artistas, e das ideias e atitudes serem ímpares, apresentavam uma unidade na forma de pintar, pois traziam luminosidade nas cores e um naturalismo na arte. Em comum, tinham a disposição, que cada um possuía, de propor novas perspectivas estéticas para romper com as amarras acadêmicas.
Características do Impressionismo
- Combinação óptica da cor e não mais a mistura técnica feita na paleta do pintor.
- Pesquisa ampla sobre a luz, a cor e o movimento.
- Figuras sem contornos perceptíveis. Seu uso foi suprimido por entender-se que a linha é uma abstração própria do ser humano para simbolizar figuras e que, na realidade, ela não existia.
- Agilidade e rapidez para captar a espontaneidade do momento.
- Diferentes efeitos de luz, cor e movimento.
- Novas teorias científicas a respeito da cor.
Ao longo dos tempos, diferentes pesquisadores, historiadores e críticos de arte explicaram e definiram de várias formas o estilo impressionista. Encontramos modificações sobre novas leituras acerca do valor atribuído a cada artista, por serem distintas as faces individuais de cada integrante.
O vigor do movimento foi tão veloz e transformador quanto os efeitos da luz que tentaram captar. Mesmo assim, o Impressionismo obteve sucessos duradouros e essenciais na vanguarda da arte.
A fotografia e as gravuras japonesas tiveram fundamental importância no Impressionismo: da fotografia, os impressionistas desenvolveram o gosto pelas cenas casuais e ângulos incertos; das gravuras japonesas, perceberam que a pintura poderia representar a beleza do momento em sua totalidade.
Principais artistas
Os principais pintores impressionistas foram Pierre-Auguste Renoir, Claude Monet, Edgar Degas, Frédéric Bazille, Al- fred Sisley, Camille Pissarro, Berthe Morisot, Armand Guillaumin, a norte-americana Mary Cassat, o russo Constantin Korovin, entre outros. Édouard Manet nunca expôs ao lado deles, porém tem uma aproximação mais pela independência do que pelo estilo.
Claude Monet (1840-1926)
Monet foi sempre fiel ao lema de que luz é cor. Aplicava sobre a tela pequenas porções de pigmentos que expressavam suas observações imediatas, aplicava o efeito mistura óptica, que consistia em colocar pontos vibrantes de diferentes cores uma ao lado da outra, que se misturavam a distância.
Pintou até sua morte, aos 86 anos, suas visões coloridas. Cézanne disse a frase a respeito do colega: “Monet não é nada mais que um olho. Mas… que olho!” Nos anos de 1890, dedicou-se a pintar prioritariamente as séries. Pintava o mesmo tema sob várias condições de luz e estações do ano diferentes, para demonstrar a modificação das cores conforme a mudança solar e a variação climática.
Suas várias séries de papoulas, montes de feno, a Catedral de Rouen e as ninfeias (lírios aquáticos) demonstram como a luz, em condições diversas do tempo, consegue definir cor e forma.
Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)
Renoir tinha o pensamento de que “a pintura deve ser uma coisa amigável, alegre e bonita – sim, bonita! Já há coisas problemáticas o suficiente na vida sem se inventarem outras.” Esse foi um motivo de crítica por parte de Gleyre, que o recriminava por pintar como se fosse apenas para se divertir, o que Renoir confirmou: “Você pode estar seguro de que eu não pintaria se não me divertisse.”.
No final da década de 1860, Monet e Renoir trabalharam juntos. Eles pintavam cenas de populares balneários ribeirinhos e os rebuliços de Paris.
Renoir fixava sua atenção nas pessoas, pintando, por vezes, amigos e namoradas. Pintava generalidades, o prazer que as pessoas estavam desfrutando naquele momento.
Um de seus principais temas foi o nu feminino. Gostava de pintar mulheres rosadas, sensuais, grandes e nuas, e dizia: “Considero meu nu terminado quando sinto vontade de beijar seu traseiro.”. Segundo o crítico Théodore Duret, Renoir era o pintor da mulher: “Sua obra revela um tipo feminino originalíssimo. É o de uma parisiense burguesa ou operária, esbelta, risonha, vestida com graça e um pouco ingênua.
Edgar Degas (1834-1917)
Popularmente conhecido como pintor das bailarinas, foi considerado um dos precursores do Impressionismo.
Não gostava de pintar fora dos estúdios, mas compartilhava do interesse pelas cenas que não parecessem planejadas, que fossem espontâneas, que captassem o instantâneo do momento. Retratou pistas de corridas de cavalos, cenas da vida cotidiana parisiense e principalmente bailarinas.
Seu trabalho recebeu influência da fotografia, principalmente no enquadramento nada convencional.
Nos anos 1870, descobre uma doença ocular que o levou à perda gradativa da visão nos anos posteriores. Optou então por trabalhar com escultura, conservando assim o movimento que havia em suas pinturas.
O Impressionismo no Brasil
No Brasil, a modernidade na pintura iniciou-se com os trabalhos de Eliseu Visconti (1866-1944), Belmiro de Almeida (1858-1935), Almeida Júnior (1850-1899) e Antônio Parreiras (1860-1937), que buscaram registrar em seus trabalhos os efeitos da luz solar sobre pessoas e objetos retratados.
Considerado o maior representante do Impressionismo no Brasil, Visconti foi pintor, desenhista, artista gráfico e professor. O grande destaque de sua obra é a decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no qual executou o pano de boca, o plafond (teto sobre a plateia) e o friso sobre o palco (proscênio). Entre 1913 e 1916, pintou os painéis do foyer do teatro, considerados obras-primas da pintura decorativa no Brasil.
Por: Wilson Teixeira Moutinho