O barroco no Brasil não se desenvolveu nos mesmos moldes e com a mesma relevância que nos países europeus. O estilo barroco manifesta-se tardiamente no Brasil, onde desenvolve características peculiares, tanto na arquitetura das igrejas como nas esculturas de santos.
O que se nota é a existência de alguns intelectuais que, influenciados por autores portugueses e espanhóis, conseguiram produzir, especialmente em Salvador e, em menor escala, no Recife, algumas obras com características barrocas.
O aumento da produção artística barroca no Brasil, principalmente nas áreas da pintura e da escultura, ocorreu apenas quase cem anos depois, nas cidades de Minas Gerais, no chamado Século do Ouro (XVIII), e do Nordeste; isso porque essas cidades, além de ricas, apresentavam intensa vida cultural e artística.
No estado da Bahia, por exemplo, o Barroco destacou-se na decoração das igrejas. Em Salvador (então capital da colônia), a igreja de São Francisco de Assis, considerada uma das mais ricas e suntuosas do território, é um retrato desse período.
Nas cidades litorâneas, como Rio de Janeiro, Recife e Salvador, a influência da metrópole portuguesa era maior, o que fez com que o estilo guardasse fortes características europeias; em cidades mineradoras como Vila Rica (hoje Ouro Preto) ou Diamantina, isoladas pela distância e pela precariedade da comunicação, o Barroco ganhou características próprias. Traços negros e mulatos são recorrentes nas imagens de santos e pinturas de capelas e igrejas, dada a forte influência dos escravos.
O principal representante do Barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa (1730-1814), também conhecido como Aleijadinho. Suas obras, de forte caráter religioso, eram feitas com madeira e pedra-sabão.
Didaticamente, convencionou-se que o Barroco literário brasileiro teve início em 1601 com a publicação de um poema épico, “Prosopopeia“, de Bento Teixeira (1561- 1600). Em termos de destaque, pode-se citar o Grupo Baiano, encabeçado por Gregório de Matos.
Assim como em Portugal, o Barroco no Brasil tem manifestação tardia em relação à Europa. No Brasil, a ascensão do estilo acompanhou a descoberta do ouro em Minas Gerais – a primeira corrida do ouro do Ocidente. Minas confere um ar muito peculiar ao estilo no país.
Principais artistas do barroco no Brasil
A arte barroca no Brasil esteve presente, basicamente, nas igrejas católicas da época: na arquitetura, nos ornamentos, nas esculturas e nas pinturas.
Mestre Ataíde
Manuel da Costa Ataíde foi um pintor do Barroco mineiro. Nasceu em Mariana, Minas Gerais, por volta de 1762, e morreu em 1830. Mestre Ataíde, como era conhecido, costumava representar madonas e anjos com traços bem brasileiros. Suas obras encontram-se, principalmente, nos tetos das igrejas.

No teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, ele retratou uma madona mulata, muito parecida com sua namorada, Maria do Carmo. Nos anjos, colocou a aparência dos garotos mulatos de Vila Rica e de seus filhos.
As cores usadas para pintar o teto dessa igreja são muito mais vivas e quentes do que as pinturas do Barroco português. O anjo que aparece pintado com um cajado aos pés da madona é o artista Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), que era amigo de Mestre Ataíde e também um dos grandes representantes da obra barroca no Brasil.
Aleijadinho
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é o artista brasileiro mais conhecido do Barroco brasileiro. Foi escultor, arquiteto e entalhador, e sua vida é envolta de mistérios.
Suas obras mais famosas são o conjunto do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, um patrimônio histórico e artístico com 66 imagens esculpidas em madeira de cedro (1796-1799), e os 12 profetas em pedra-sabão (1800-1805).

Muitos especialistas afirmam que foi Aleijadinho que fez o projeto arquitetônico da Igreja de São Francisco de Assis, além de todos os ornamentos em seu interior.
Aos 40 anos, atacado por uma doença que o deixou deformado, sua obra ganhou contornos góticos, e sua técnica tornou-se ainda mais diferenciada e única.
Principais autores do barroco brasileiro
Gregório de Matos
Considerado o iniciador da poesia brasileira, Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”, assim denominado por sua veia satírica e crítica, nasceu na Bahia, provavelmente em 1623.
Estudou Direito em Portugal e permaneceu na metrópole por um longo período. Retornou ao Brasil definitivamente apenas em 1681. Graças à irreverência de seus textos criou inimizades e acabou sendo exilado para Angola.
Já bastante debilitado, retornou ao Brasil sob duas condições: não voltar à Bahia e não mais escrever suas sátiras. Morreu no Recife em 1696.
Padre Antônio Vieira
Nascido em Lisboa, em 1608, com 6 anos veio para o Brasil. Ordenado padre em 1634, logo se destacou por sua oratória e seus sermões eloquentes. Vieira viajou muitas vezes para a Europa. Mas regressou definitivamente ao Brasil em 1681, onde faleceu em 1697.
Além de seus famosos Sermões (quase duzentos), Vieira ainda escreveu inúmeras Cartas (aproximadamente quinhentas) que versavam sobre a situação da colônia e os rumos da Inquisição, entre outros assuntos.
ficou conhecido pelo rigoroso estilo de suas produções. Seus sermões eram estruturados com maestria e arte e são considerados a expressão máxima do Barroco em língua portuguesa. Sabia prender a atenção de seus ouvintes por meio da clareza e simplicidade, do rigor sintático e dialético, do raciocínio lógico, intercalando trechos mais vigorosos com trechos mais descontraídos.
Por: Wilson Teixeira Moutinho