Chico Buarque faz parte da safra de compositores que despontou no Brasil nos anos 1960 e 1970 é responsável pela alta qualidade da música popular brasileira que ainda é produzida no início do século XXI.
Vida e obra
Nascido no Rio em 1944, Chico Buarque mudou-se ainda criança para São Paulo, onde realizou os estudos. Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, cresceu num ambiente de muita informação cultural, em contato com grandes nomes da música. Projetou-se nacionalmente com “A banda”, com a qual venceu o festival da Record de 1966. Nos festivais dos anos seguintes, sempre classificou músicas, consolidando sua imagem. Sua maior influência musical é Tom Jobim, parceiro de “Retrato em branco e preto”, de 1968, entre tantas outras.
Com o fechamento do regime político, Chico Buarque foi para a Itália no início de 1969, onde passaria mais de um ano. Na volta, gravou “Apesar de você”, que na época seria proibida pela censura. Em 1971, lançou Construção, que, além da música que dá título ao LP, tem “Deus lhe pague”, “Cotidiano” e “Samba de Orly” (esta com Toquinho e Vinicius de Moraes). No ano seguinte, fez sucesso um LP resultado de uma gravação ao vivo com Caetano Veloso. De Chico Buarque, eles cantam, entre outras, “Bom conselho”, “A Rita” e “Atrás da porta” (com Francis Hime).
Chico Buarque também compôs para teatro, sobretudo para peças de sua autoria, como Roda viva (1967), Ópera do malandro (“Folhetim”e “Pedaço de mim”), de 1978, e Calabar (1973). Esta foi censurada, mas as músicas, como “Tatuagem”, “Bárbara” e “Ana de Amsterdam”, saíram em disco. Sempre censurado, Chico foi obrigado a lançar um disco só como cantor, Sinal fechado, de 1974. Em 1976, voltou a gravar músicas suas, como “O que será”, “Mulheres de Atenas” (com Augusto Boal), “Olhos nos olhos” e “Vai trabalhar, vagabundo”, incluídas em Meus caros amigos.
Nos anos seguintes, lançaria músicas antológicas: “Cálice” (com Gilberto Gil), “Bastidores”, “As vitrines”, “Angélica”, “Mil perdões”, “Brejo da cruz” e “A ostra e o vento”.
É também escritor, tendo publicado os romances Estorvo (1991), Benjamim (1995) e Budapeste (2003).
O pseudônimo de Chico para driblar a censura
Visado pela censura, Chico Buarque criou, em 1974, o pseudônimo Julinho da Adelaide. Sua música mais famosa foi “Acorda, amor”, também conhecida como “Chame o ladrão”, incluída no LP Sinal fechado.
Em setembro daquele ano, Julinho deu uma entrevista ao jornal Última Hora. Como não podia mostrar o rosto, alegava que o escondia devido a uma cicatriz causada por ter sido atingido pelo violão que Sérgio Ricardo (1932-) atirara na plateia no festival da Record de 1967. E criticava o próprio Chico, dizendo que ele não sabia cantar. Chico daria em seguida uma entrevista ao Jornal do Brasil, respondendo às provocações de Julinho. Assim conseguiu driblar a censura por um período.
Principais parceiros de Chico
Chico Buarque teve muitos parceiros, entre eles Edu Lobo e Francis Hime.
- Nascido no Rio em 1943, Edu Lobo teve o acordeom como primeiro instrumento, até passar para o violão aos 16 anos. Um de seus primeiros sucessos foi “Borondá”, cantada no show Opinião, de 1964. Ganhou fama nacional com “Arrastão”, vencedora do festival da Excelsior em 1965. Dois anos depois, ganharia mais um festival, com “Ponteio”. Dedicou-se à música para teatro e balé. Com Chico, compôs as músicas de O grande circo místico (1982), que inclui “Beatriz”, em gravação antológica de Milton Nascimento.
- O também carioca Francis Hime (1939-) estudou piano desde os 6 anos. Investiu na formação musical e suas composições têm um toque de sofisticação. Entre as parcerias com Chico, destacam-se “Meu caro amigo”, “Pivete” e “Vai passar”.