Volume de água doce dos rios por continentes
Ecossistema de água doce: Apresenta a formação, a partir da água da chuva, das corredeiras, riachos, rios e lagos além dos tipos de vegetação e de animais que integram a cadeia alimentar. Musgos, insetos, peixes, sapos, tartarugas e aves são exemplos de seres vivos que integram este ecossistema.
Os rios e lagos que formam ecossistemas de água doce são considerados o meio de vida natural mais ameaçado do planeta. Embora ocupem apenas 1% da superfície terrestre, os ecossistemas de água doces abrigam cerca de 40% das espécies de peixes e 12% dos demais animais. Só o rio Amazonas possui mais de três mil tipos de peixes.
Conforme o World Resources Institute (WRI), a construção de represas e a canalização de rios constituem as duas maiores ameaças a manutenção da vida nos rios e lagos. De 1950 até hoje, o número de grandes barragens no mundo cresceu de 5.270 para mais de 36.500. Entre os exemplos de impacto que tais obras provocam no meio ambiente está a construção da represa de Pak Mum, na Tailândia, no início dos anos 90, que levou a extinção cerca de 150 espécies de peixes do rio Mum.
O trabalho de drenagem, de barragem e a poluição agrícola, urbana e industrial estão colocando em risco o equilíbrio ambiental nos estuários e mangues. E isso é tão mais grave quando se sabe que a vida das espécies marinhas depende de 70% desses locais, onde têm seus habitat e se reproduzem. A mistura de água doce e salgada, necessária para a reprodução dessas espécies, está sendo dificultada pelas barragens, que impedem a chegada da água dos rios aos estuários. Outra conduta denunciada pelos ambientalistas é o uso do tributil de estanho (TBT), aplicado como revestimento dos cascos dos navios para impedir que algas e outros organismos se agarrem às embarcações. Essa substância envenena o sistema biológico dos animais, originando mutações e condenando espécies à extinção.
As estimativas sobre a extinção de espécies são confiáveis, porque partem de uma amostragem dos 102 exemplares mais importantes de cada um dos ecossistemas. É dessa forma que o relatório Planeta Vivo detecta o declínio geral do acervo vivo de espécies entre 1970 e 1995. Dos 102 exemplares de peixes de água doce escolhido para monitoramento, 35% desapareceram no período estudado. Na amostra das 102 espécies marinhas, a perda ainda é maior, 45%.
BRASIL
Segundo o professor José Milton Benetti Mendes, da USP, a solução mais viável para tentar resolver o grave problema da distribuição desigual de água doce no planeta está alguns metros abaixo de nossos pés. “Hoje, sabe-se quanto e onde tem água subterrânea. Há imensos depósitos em várias regiões da Terra. Em Israel e no semi-árido do centro-oeste americano, por exemplo, a captação de água subterrânea permitiu a essas regiões obter excelentes resultados na agricultura”.
O Brasil tem 8% de toda a água doce do planeta, estima-se que o país detenha 112 bilhões de metros cúbicos de água. E mais: o subsolo brasileiro abriga o aquífero -como são chamados os depósitos de água subterrânea-Guarani, que está sendo considerado como o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta. Esse gigantesco manancial subterrâneo estende-se por uma área de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, sendo que dois terços estão em território brasileiro e o outro terço está dividido entre Argentina, Uruguai e Paraguai. Os cientistas estimam que este fantástico oceano subterrâneo armazene cerca de 37 mil quilômetros cúbicos de água, suficiente para abastecer 150 milhões de pessoa -quase a atual população do Brasil por mais de dois mil anos. Anualmente entram no manancial 160 km3 de água através de infiltrações da chuva e de outras fontes subterrâneas. Calcula-se que pelo menos 25% dela possa ser explorada imediatamente, sem comprometer as reservas permanentes do manancial.
Apesar da situação dramática em algumas partes, os especialistas explicam que a água do planeta, de uma forma geral, nunca irá acabar. Pode acabar, sim, a água doce pura. “Diferentemente do petróleo, que é uma fonte de energia esgotável, a água é um recurso natural inesgotável, o que não deixa de ser uma boa noticia. No entanto, preservar os lagos e rios, deixando-os mais limpos e vivos, ajuda a manter a qualidade da água para consumo humano. Além disso, eles deixariam de carregar detritos para os oceanos. Só agindo com consciência ambiental poderemos salvar o Planeta Água. Pense nisso…
VOLUME DE ÁGUA DOCE DOS RIOS POR CONTINENTES:
OCEANIA: 24 KM3.
EUROPA: 76 KM3.
AFRICA: 184 KM3.
AMERICA DO NORTE: 236 KM3.
ÁSIA: 533 KM3.
AMERICA DO SUL: 946 KM3.
WWF alerta para redução das espécies aquáticas em todo o mundo
Relatório do WWF revela que os ecossistemas aquáticos estão a ser destruídos a uma velocidade maior do que os terrestres, comprometendo a qualidade da água e as reservas de peixes. Mais de metade das espécies de água doce (51%), como peixes, rãs e botos, estão a ser reduzidas drasticamente, diz o Relatório Planeta Vivo de 1999. A qualidade ambiental dos ecossistemas de água doce, que incluem rios, lagos e áreas inundáveis caiu 45% desde 1970, índice bem acima da média geral de todos os ecossistemas que perderam, no conjunto, um terço de sua riqueza natural nesse período. Perda acima da média ocorreu também com os ecossistemas marinhos: 35%.
O Relatório Planeta Vivo – uma análise da “saúde” ambiental do planeta, divulgada anualmente – apresenta os dados mais confiáveis hoje disponíveis sobre as áreas de ocorrência e populações de algumas das mais importantes espécies marinhas e de água doce em todo o mundo. O trabalho analisa, também, o consumo dos recursos naturais essenciais e as consequências da pressão humana sobre a natureza em 151 países.
“Trata-se de um apelo gráfico para a redução dessas tendências negativas, no momento em que o mundo entra no século 21”, declarou Claude Martin, secretário-geral da rede WWF. “O declínio observado nas populações de espécies de água doce são particularmente preocupantes como indicadores do grau de deterioração da qualidade dos rios, lagos e terras úmidas do planeta”, acrescentou.
Os anfíbios de água doce foram particularmente atingidos em todo o mundo. O desaparecimento do sapo dourado e outros anfíbios da Costa Rica foram atribuído às mudanças climáticas. Houve o registro da diminuição de diversas espécies em parques nacionais e reservas naturais em vários países, o que indica a existência de ameaças até mesmo em áreas supostamente protegidas. Na Austrália, Panamá e Estados Unidos, cerca de 20 espécies de rãs foram dizimadas por um fungo até então desconhecido. Deformidades provocadas por pesticidas e outros poluentes também têm ocorrido no mundo todo.
O relatório do WWF mostra como o uso dos fertilizantes quintuplicou desde a década de 1960. O excesso de pesticidas, fertilizantes e outros agrotóxicos são levados pela água da chuva para dentro de córregos e rios, poluindo as águas e prejudicando as espécies que nelas vivem.
Os dados levantados, juntamente com a crescente demandam de água por parte da sociedade, levaram a uma nova iniciativa internacional do WWF: a Campanha Viva Água. Essa campanha foi lançada no início deste ano para chamar a atenção sobre a crise mundial que ameaça os ecossistemas de água doce e os recursos hídricos, bem como para promover as ações necessárias para assegurar reservas adequadas de água doce no presente e no futuro, que atendam as necessidades do ser humano e da natureza como um todo.
“O problema do próximo século será o manejo dos recursos naturais. Hoje em dia não damos muito valor à água, ao ar, aos oceanos. Mas esses são temas cruciais para as próximas décadas”, observa Garo Batmanian.
O relatório é um trabalho da rede WWF (sediada na Suíça) em colaboração com a New Economic Foundation, da Inglaterra, e o Centro Mundial de Monitoramento e Conservação (WCMC), também da Inglaterra.
O Brasil foi escolhido para o lançamento do Relatório de 1999 (a primeira edição, de 1998, foi lançada em Londres) porque o destaque deste ano é a água doce e aqui se encontra o maior ecossistema de água doce do mundo, o Pantanal. O Rio de Janeiro sediou, há sete anos, o maior encontro de cúpula já realizado sobre meio ambiente, a Rio 92.
O WWF é a maior rede ambientalista mundial, formada por 27 organizações nacionais autônomas (entre elas o WWF-Brasil) e 5 organizações afiliadas, além de 21 escritórios em outros países. Participou do lançamento do relatório o secretário-geral do WWF Internacional, Claude Martin; o diretor executivo do WWF-Brasil, Garo Batmanian; o coordenador técnico do estudo, Jonathan Loh; e o especialista em anfíbios brasileiros, José Peres Pombal Jr (UFRJ). Todos têm doutoramento em Biologia ou Ecologia.
Autoria: Renato de Oliveira Prado
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