Ao observar a diversidade da vida, muitos se perguntaram por que existem tantas espécies de seres vivos diferentes e como elas se formaram.
Ideias antigas sobre a evolução das espécies:
Transformismo
A ciência clássica se baseava mais na observação que na experimentação. Por isso, sugeriram numerosas teorias que não eram testadas.
O filósofo da antiga Grécia Anaximandro (611-547 a.C.) e o romano Lucrécio (99-55 a.C.) elaboraram o conceito de que todos os seres vivos estavam relacionados e que se transformavam ao longo do tempo.
Aristóteles (384-332 a.C.) desenvolveu seu Scala Naturae para explicar sua ideia de progresso dos seres vivos, desde a matéria inanimada até as plantas, destas aos animais-planta, destes aos animais verdadeiros e, finalmente, ao ser humano.
O conceito de que o ser humano é o topo da criação perdurou até bem pouco tempo atrás.
Fixismo e criacionismo
E a teoria que propõe que as espécies não se alteram, que se mantêm invariáveis ao longo do tempo desde que foram criadas por Deus. Cada espécie animal ou vegetal é imutável, e nelas não é possível nenhuma alteração.
Os seres vivos são distintos porque foram criados distintos; e entre eles não existem relações de parentesco.
Essa ideia predominou durante séculos, principalmente porque se apoiava na interpretação literal do Gênesis e de outros livros sagrados. Grandes naturalistas, como o botânico sueco KarI von Linné (1707-1778), a quem se deve a nomenclatura binomial das espécies hoje vigente, aceitavam esse modelo sem questioná-lo.
Catastrofismo
Um problema que os estudiosos enfrentaram era o dos fósseis e sua origem. George Cuvier (1769-1832) interpretou acertadamente que os fósseis eram restos de organismos que haviam existido e elaborou a teoria do catastrofismo.
Cuvier sabia que em épocas remotas viveram seres vivos muito diferentes dos atuais. Segundo ele, ao longo da história da Terra sucederam-se várias catástrofes que acabaram com muitas espécies da flora e da fauna existentes; as espécies remanescentes das catástrofes povoaram o mundo. Assim, se explicariam feitos como a extinção dos dinossauros.
Grandes cientistas defenderam essa concepção por conta de preconceitos religiosos e também porque não se conhecia nenhum mecanismo que explicasse a evolução.
Primeiros evolucionistas: lamarckismo
As teorias evolucionistas tentam explicar os processos de evolução, envolvendo a transformação de umas espécies em outras ao longo do tempo.
O lamarckismo defendia que os seres vivos têm um impulso interno em busca da perfeição e da complexidade, e se adaptam às alterações do ambiente provocando a aparição de órgãos novos que passam a seus descendentes.
Jean-Baptiste de Monet, mais conhecido como Lamarck (1744-1829), opôs-se à imutabilidade das espécies. Sustentava que todas as espécies evoluíam de forma gradual e contínua ao longo de sua existência. Essa evolução partia desde os organismos menores até os animais e plantas mais complexos e, portanto, até o ser humano.
EXEMPLO DAS GIRAFAS
Como Lamarck explicaria por que as girafas têm o pescoço e as patas tão longos?
Uma população de antílopes de pescoço e patas de comprimento normal, estimulada pela falta de alimento (por exemplo, devido à seca), tentou trocar sua dieta por folhas de acácia, que abundavam nas copas das árvores.
Os esforços desses animais se dirigiram para aumentar seu pescoço e suas patas para poder alcançar as folhas verdes das acácias. A medida que passava o tempo, as folhas acessíveis se esgotavam e só ficavam as que estavam em posições mais altas.
Os pescoços e as patas puderam crescer alguns centímetros nesses animais pelo princípio de aparição de adaptações. Como seus descendentes na geração seguinte já nasciam com o pescoço e as patas um pouco mais compridos, segundo o princípio de herança dos caracteres adquiridos, estariam mais bem adaptados e poderiam continuar esforçando-se em esticar seus membros.
A medida que passava o tempo e sucediam-se as gerações, esses animais iam se parecendo mais com as girafas atuais.
Esquema da evolução das girafas, segundo a visão lamarckista:
A teoria da evolução por seleção natural
Charles Darwin e Alfred Russel Wallace são os pais da teoria evolutiva mais aceita hoje em dia.
Darwin e Wallace compartilharam suas descobertas e as apresentaram à Sociedade Linneana de Londres, em 1858. Um ano mais tarde, Darwin publicou sua obra A origem das espécies, na qual explicava sua teoria, baseando-a em inúmeras observações da natureza. A teoria de Darwin-Wallace baseia-se em três princípios:
• A elevada capacidade reprodutora dos seres vivos.
Observaram que era muito comum as espécies produzirem muito mais descendentes do que presumivelmente chegariam à fase adulta.
• A variabilidade da descendência.
Os descendentes de um casal não são idênticos. Muitas das diferenças não teriam grande importância, mas outras poderiam ser cruciais. A maior parte é gerada ao acaso.
• A atuação da seleção natural.
Os membros de uma espécie podem viver em uma situação de superpopulação e com recursos escassos; com isso, estabelece-se uma luta pela sobrevivência. Somente os mais adaptados conseguem sobreviver e se reproduzir, transmitindo suas características à descendência.
EXEMPLO DAS GIRAFAS
Como Darwin e Wallace explicariam por que as girafas têm o pescoço e as patas tão longos?
Inicialmente, existiria uma população de antílopes com pescoço e patas de tamanho normal. Alguns deles, que teriam o pescoço e as patas um pouco mais longos, poderiam alimentar-se de folhas de acácia, o que os ajudaria a sobreviver em épocas de seca.
Atuou a seleção natural, que permitiu aos mais bem adaptados (os mais altos) reproduzir-se. Entre os descendentes seriam mais abundantes os indivíduos mais altos e, de novo, o ambiente selecionaria os mais altos dentre estes, pois os mais baixos provavelmente morreriam de fome antes de chegar à fase adulta.
Desse modo, ao longo das gerações os descendentes eram cada vez mais altos. Depois de um longo tempo, a totalidade dos animais era constituída por indivíduos altos, como as girafas atuais.
Esquema da evolução das girafas, segundo a visão darwinista
Veja também:
- Adaptação dos Seres Vivos
- Neodarwinismo
- Especiação
- Evidências da Evolução
- Evolução Humana
- Origem da Vida
- Evolução das Plantas
- Evolução dos Animais