Cultura

O que é cultura e seus sentidos

O que é cultura? Esta é uma análise ampla. Por ser um conceito complexo, pode não ser tão simples defini-lo.

Existe mais de uma definição para a palavra cultura. Ela pode significar tanto cultivar algo como instruir alguém.

Por exemplo, quando falamos sobre o cultivo da terra, referimo-nos a um tipo de plantação como sendo um tipo de cultura: cultura da cana-de-açúcar, do café, da soja etc.

Também nos referimos à cultura quando falamos de artes como literatura, dança, cinema, teatro etc.

Quando nos referimos ao conhecimento que uma determinada pessoa possui, pensamos na cultura que ela tem, ou seja, qual é a sua bagagem cultural. Você deve estar se perguntando: como assim, bagagem? E que bagagem é essa?

É como se carregássemos uma mochila invisível e, cada vez que precisássemos nos lembrar de algo, nós consultássemos esta bagagem. Quanto mais coisas nós viermos a conhecer, mais iremos acumulando conhecimento e cultura.

A cultura é capaz de revelar uma parcela muito importante da condição humana, afinal, antes mesmo de nos reconhecermos enquanto indivíduos, tomamos conhecimento dos outros. Exemplo dessa afirmação são os bebês, que antes de saberem da sua própria existência, reconhecem as suas mães ou a pessoa mais próxima a eles.

Cultura é conhecimento.
sempre é preciso ampliar o universo cultural de cada indivíduo.

Por isso, os seres humanos necessitam viver em grupo, e a cultura está totalmente relacionada com o grupo social em que se vive. A família é o primeiro grupo que se conhece, depois, na escola, o ser humano passa a entender que ele vive em um grupo maior que a família, que é a cidade, o estado, o país e o mundo!

Cada grupo social cria suas próprias regras e atribui sentidos diferentes às coisas, isto porque cada um possui uma história diferente do outro. Portanto, cada grupo constitui hábitos diferentes, dependendo dos conhecimentos que assimilaram e da forma como imaginaram expressar suas ideias e sentimentos.

É isso que explica o fato de os países falarem línguas diferentes, possuírem culinárias, roupas, moradias, religiões, crenças e rituais tão distintos uns dos outros.

Por exemplo: os estadunidenses também jogam futebol assim como nós, brasileiros, mas o futebol nos Estados Unidos é diferente do futebol que jogamos aqui no Brasil.

Você deve estar se perguntando por que dois jogos com o mesmo nome possuem regras diferentes. Por que em uma cultura uma coisa é feita de um jeito e em outra é tão diferente?

Cada grupo estabelece uma forma de se relacionar com o mundo, e isto está de acordo com a história que conduziu este grupo a ter formas de expressão distintas umas das outras.

Portanto, cultura é conhecimento, e quanto mais conhecemos, mais nossa bagagem cresce. E o melhor é que nossa mochila invisível é infinita, cabem quantos saberes quisermos ter.

Sentidos de cultura

Assim, dentro do conceito geral de cultura, é possível falar de culturas e, por isso, se identificam sentidos específicos segundo os quais a cultura é antropologicamente considerada.

São quatro, a saber:

  1. a cultura entendida como modos de vida comuns a toda a humanidade;
  2. a cultura entendida como modos de vida peculiares a um grupo de sociedades com maior ou menor grau de interação;
  3. a cultura entendida como padrões de comportamento peculiares a uma dada sociedade;
  4. a cultura entendida como modos especiais de comportamento de segmentos de uma sociedade complexa.

O primeiro sentido apresenta aqueles elementos de cultura comuns a todos os seres humanos, como a linguagem (todos os homens falam, embora se diversifiquem os idiomas ou línguas faladas). São aqueles hábitos – o de dormir, o de comer, o de ter uma atividade econômica – que se tornam comuns a toda a humanidade.

No segundo sentido, encontram-se os elementos comuns a um grupo de sociedades, como o vestuário chamado ocidental, que é comum a franceses, a portugueses, a ingleses. São diversas sociedades que têm o mesmo elemento cultural; um exemplo é o uso do inglês por habitantes da Inglaterra, da Austrália, da África do Sul, dos Estados Unidos, que, entre si, entretanto, têm valores culturais diferentes.

O terceiro sentido é formado pelo conjunto de padrões de determinada sociedade, por exemplo, aqueles padrões culturais que caracterizam o comportamento da sociedade do Rio de Janeiro; ou as peculiaridades que assinalam os habitantes dos Estados Unidos.

O quarto sentido de cultura refere-se a de modos especiais de comportamento de um segmento de sociedade mais complexa. Uma dada sociedade possui valores culturais comuns a todos os seus integrantes. Dentro, porém, dessa sociedade encontram-se elementos culturais restritos ou específicos de determinados grupos que a integram. São certos costumes que, dentro da sociedade multíplice do Rio de Janeiro, apresentam os habitantes de Copacabana, os de uma favela ou de um subúrbio distante. A esses segmentos culturais de uma sociedade complexa, dá-se também o nome de subcultura.

São esses sentidos que permitem verificar a diferenciação de cultura entre os diversos grupos humanos. Tal diferenciação resulta de processos internos ou externos, uns e outros atuando de maneira diversa sobre o fenômeno cultural.

Entre os processos internos, encontram-se as inovações, traduzidas em descobertas e invenções, que, às vezes, surgem em determinado grupo e depois se transmitem a outros grupos, não raro sofrendo modificações ao serem aceitas pela nova sociedade.

Os processos externos explicam-se pela difusão: é a transmigração de um elemento cultural de uma sociedade a outra. Em alguns casos o elemento cultural mantém a mesma forma e função; em outros, modifica-as ou mantém apenas a forma e modifica a função.

Bibliografia:

FIORIN, José Augusto (org.). A organização das sociedades humanas na história da humanidade. Ijuí: Sapiens Editora, 2007.145 p.

Por: Marcelo Freitas Ramos

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