Neste artigo, procuramos estabelecer a origem do multiculturalismo, definir seu significado e identificar as principais críticas a tal movimento.
O movimento migratório, em larga escala, intensificou-se após a Segunda Guerra Mundial, com o boom tecnológico representado pela terceira Revolução Industrial. A pulverização do espaço foi um grande impulsionador do processo de migração, levando diferentes grupos a compartilharem um mesmo espaço.
Tal convivência resultou, de acordo com os estudiosos do multiculturalismo, em uma relação mais ordeira e pacífica, pois foi preciso partilhar de um espaço comum, levando-se em conta a diferença e a cultura do outro para garantir a harmonia.
Stuart Hall, um dos pioneiros teóricos do multiculturalismo aponta uma de suas limitações ao abordar a questão das influências comerciais e culturais resultantes:
[…] Os fluxos culturais, entre as nações, e o consumismo global criam possibilidades de “identidades partilhadas” […] entre pessoas que estão bastante distantes uma das outras no espaço e no tempo. À medida que as culturas nacionais tornam-se mais expostas a influências externas, é difícil conservar as identidades culturais intactas ou impedir que elas se tornem enfraquecidas através do bombardeamento e da infiltração cultural.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. p. 74.
O multiculturalismo prega que a convivência em um mesmo espaço leva culturas distintas a se aceitarem melhor, promovendo a harmonia. Integração cultural
As críticas ao multiculturalismo
O movimento do multiculturalismo, que se intensificou a partir de 1970, começou a encontrar seus primeiros obstáculos de 2010 em diante, em razão do aumento expressivo de migrantes de outras origens e credos em direção aos EUA e à Europa ocidental, somado à crise econômica que abalou essas regiões.
Tal reação defende o declínio das práticas multiculturais, uma vez que a convivência com outras culturas, segundo seus teóricos, vinha definindo o enfraquecimento da própria cultura nacional. Tal fato, para os críticos ao multiculturalismo, deveria ser evitado impedindo-se a entrada de novos migrantes e forçando aqueles já residentes a adequarem-se às leis e aos costumes do país em que passaram a viver.
O fortalecimento do nacionalismo acaba por evidenciar práticas xenófobas, o que ameaça a convivência harmoniosa e democrática que o multiculturalismo deseja defender.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
