Dos cerca de 6 milhões de imigrantes recebidos pelo Brasil, 70% eram de origem portuguesa, espanhola e italiana. Entre os demais, destacaram-se os germânicos (alemães), os eslavos (russos, poloneses e ucranianos) e os asiáticos (japoneses e sírio-libaneses).
A vinda de portugueses foi mais ou menos contínua desde o século XVI, mas os imigrantes de outras nacionalidades, via de regra, chegaram aqui em fluxos bem definidos.
Na primeira metade do século XIX, predominaram as imigrações para o Sul do país. Toda a história do povoamento e desenvolvimento econômico dos estados dessa região está intimamente relacionada com as levas de imigrantes europeus que para lá se dirigiram, destacando-se os alemães, eslavos e italianos.
Os alemães foram atraídos para Santa Catarina e Rio Grande do Sul, graças à política de distribuição de pequenos lotes de terra adotada pelo governo federal; dedicaram-se inicialmente à atividade agropecuária e depois à industrial, como a têxtil, em Santa Catarina (Joinville, Blumenau, Brusque e Itajaí). Os eslavos concentraram-se no Paraná (arredores de Curitiba) e dedicaram-se à atividade agrícola. Os italianos fixaram-se em Santa Catarina (Criciúma, Uruçanga, etc.) e no Rio Grande do Sul (Caxias do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, etc), dedicando-se inicialmente à agricultura (à cultura da uva no Rio Grande do Sul, por exemplo) e depois à indústria.
Na segunda metade do século XIX e início do século XX, destacaram-se as imigrações relacionadas com o desenvolvimento da cultura do café no estado de São Paulo, que se caracteriza por ter recebido mais da metade dos imigrantes que chegaram ao país. A coincidência cronológica entre o advento de crises político-econômicas em países da Europa e a preferência pela mão-de-obra estrangeira na cafeicultura em expansão (em detrimento dos trabalhadores negros, que estavam disponíveis) atraiu imigrantes sobretudo de origem italiana e, em menor número, portuguesa e espanhola. No início, eles dedicaram-se exclusivamente à lavoura do café, trabalhando como colonos nas fazendas; mais tarde, tiveram significativa participação na atividade industrial, que começou a ganhar importância no início do século XX.
Os sírio-libaneses começaram a chegar no final do século XIX e dirigiram-se sobretudo para o estado de São Paulo e para a Amazônia, dedicando-se particularmente ao comércio.
Os japoneses, cujo primeiro contingente de imigrantes data de 1908, chegaram em maior número no período de 1925 a 1935, dirigindo-se essencialmente para São Paulo (vale do Ribeira, vale do Paraíba, Alta Paulista e Sorocabana) e para a Amazônia (proximidades da cidade de Belém). Dedicaram-se à atividade agrícola, merecendo destaque a sua participação na implantação da cultura de chá no vale do Ribeira e de pimenta-do-reino no estado do Pará.
O Brasil, desde sua colonização, foi eminentemente receptor de imigrantes. Entretanto as graves crises econômicas e sociais dos últimos anos motivaram muitos brasileiros a optar pela emigração. Buscando melhores oportunidades de trabalho e condições de vida mais satisfatórias, eles têm-se dirigido para diversos países de todos os continentes, mas em maior número para o Canadá, os Estados Unidos, Portugal, França, Espanha e Itália.
O fluxo de entrada de imigrantes foi drasticamente reduzido a partir da década de 1930. As causas principais foram a crise econômica resultante da Crise de 1929 e a vigência de uma legislação restritiva, criada pelo governo Vargas em 1934 e 1937. Pelas novas normas, só poderiam ingressar anualmente no país até 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade aqui recebidos nos 50 anos anteriores.
Essa redução da imigração estrangeira então deu lugar ao aumento das migrações internas.
Por: Renan Bardine
Veja também:
- Movimentos Migratórios
- Migrações Internas no Brasil
- Imigrantes no Brasil
- Êxodo Rural
- Imigração Italiana
- Imigração Alemã
- Imigração Japonesa
- Migrações Internacionais