A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, era uma floresta tropical que se estendia por 1,3 milhão km2, cobrindo toda a faixa litorânea brasileira, do Nordeste ao Sul.
Com o processo de desmatamento iniciado no período colonial, esse ecossistema conta na atualidade com pouco mais de 1% da área original. O território onde antes existia uma densa cobertura vegetal é agora ocupado por cidades, áreas de agricultura e pastagens.
Encontrada em diferentes latitudes, a vegetação da Mata Atlântica varia de acordo com o índice de chuvas, apresentando uma grande diversidade biológica, superior até mesmo à da Amazônia. Devido à derrubada das árvores, às invasões urbanas e ao uso predatório do solo, o pouco que restou da mata está atualmente protegido por leis ambientais, com a multiplicação de unidades de conservação federais, estaduais, municipais e particulares.
O esforço conservacionista assume grande importância, pois a região concentra um grande contingente de população que depende da sobrevivência dos remanescentes de Mata Atlântica para garantir o abastecimento de água das cidades em seu entorno. É justamente a ação humana e a ocupação das moradias que geram os impactos ambientais e a destruição desse ecossistema complexo, formado por mata de araucárias, mangues, restingas, brejos interioranos, campos de altitude e ilhas costeiras e oceânicas.
Biodiversidade da Mata Atlântica: flora e fauna
A Mata Atlântica brasileira é considerada um dos ecossistemas mais ricos do planeta, devido a sua grande biodiversidade. Tal diversidade inclui não só a variedade de espécies propriamente dita, mas também a variedade genética dentro das espécies; e, num sentido ainda mais amplo, a variedade de nichos ecológicos e hábitats ocupados pelos organismos no ecossistema.
Avaliações recentes dos especialistas revelam que o número de espécies conhecidas no Brasil representa cerca de 14% da biota mundial. Estima-se, no entanto, que haja no país cerca de 2 milhões de diferentes espécies de seres vivos, a maioria delas ainda não estudada ou conhecida pela ciência. Dessa forma, a biodiversidade brasileira seria, na verdade, cerca de dez vezes maior que a conhecida atualmente.
Grande parte dessa diversidade de espécies de microrganismos, plantas e animais vive nos remanescentes da Mata Atlântica, principalmente em suas porções Nordeste (equivalente à chamada Costa do Descobrimento) e Sudeste. Esta última é considerada a terceira floresta tropical mais ameaçada do planeta, depois das florestas da Melanésia e as de Madagascar. Em certas regiões da Mata Atlântica podem ser encontradas mais de 450 espécies de árvores por hectare, o que resulta em mais tipos de madeira do que os encontrados na Floresta Amazônica.
O ecossistema conhecido como Mata de Araucárias faz parte do bioma Mata Atlântica. Originalmente, os pinheiros-do-paraná cobriam 40% do território paranaense, 30% do catarinense e 25% do gaúcho. Mas a ocupação das terras meridionais, intensificada no século XIX com a chegada de imigrantes europeus, e o valor econômico da madeira resultaram num desmatamento acelerado, e hoje o ecossistema conserva menos de 3% de sua área primitiva.
Quanto à fauna, encontram-se na Mata Atlântica muitas espécies apontadas como merecedoras de cuidados especiais de conservação, dado o risco de extinção que correm pela degradação de seu ambiente, pela caça abusiva e outros fatores que concorrem para a diminuição de seu número. Destacam-se nesse caso as várias espécies de mamíferos, em especial os primatas, muitos dos quais em risco imediato de extinção, como o mico-leão-de-cara-preta, o mono-carvoeiro, o bugio e o sagui-de-cara-branca.
Também característicos desse ecossistema e igualmente ameaçados são a preguiça-de-coleira, o ouriço-preto, a onça-pintada, a jaguatirica e o cachorro-do-mato-vinagre, além de muitas espécies de aves, répteis e anfíbios.
Infelizmente, os atuais remanescentes da Mata Atlântica veem-se seriamente ameaçados pela expansão urbana, pela caça e extração ilegais, pelo avanço das terras de cultivo etc. Certas medidas já preconizadas pelos especialistas devem ser postas em prática, como a implantação de “corredores ecológicos” ligando os diferentes fragmentos florestais, a fim de possibilitar e ampliar o fluxo gênico entre as distintas populações do ecossistema, preservando a sua biodiversidade.
Por: Paulo Magno da Costa Torres