Por sua extensão e, principalmente, devido aos inúmeros ambientes geológicos favoráveis à formação de depósitos minerais, o Brasil dispõe de um vasto potencial de ocorrência desses recursos.
Os recursos minerais podem ser classificados tecnicamente como minerais metálicos, não-metálicos e energéticos do ponto de vista de sua presença, podemos também dividi-los em abundantes, como o ferro; suficientes, como o urânio; e insuficientes, como o cobre.
Pelo mapa a seguir, é possível perceber a diversidade e a localização dos principais recursos minerais brasileiros.
1. Ferro
Principal recurso mineral encontrado no Brasil. O minério de ferro é extraído principalmente da hematita, magnetita, limonita e siderita. Áreas de ocorrência:
A principal e tradicional área produtora localiza-se no Estado de Minas Gerais, numa área chamada de “Quadrilátero Ferrífero“, tendo como “vértices” as cidades de Belo Horizonte, Santa Bárbara, Mariana e Congonhas, cobrindo um território de mais de 7.000 km2.
A produção do Quadrilátero abastece as usinas siderúrgicas nacionais e produz, em grande parte, para a exportação, através da Cia Vale do Rio Doce. O minério é escoado pela Estrada de Ferro Vitória-Minas até os terminais dos portos de Vitória e, principalmente, o de Tubarão, ambos no Espírito Santo.
Uma outra área produtora e com reservas superiores às de Minas Gerais, embora com minérios de qualidade inferior, é o Maciço de Urucum, no município de Corumbá – Mato Grosso do Sul. O minério dessa região é escoado pelo rio Paraguai, através do porto de Corumbá, e abastece os países do Mercosul.
A mais importante jazida de minério de ferro de alto teor está localizada na Serra dos Carajás, a maior e mais variada província mineralógica brasileira. Situa-se próxima da cidade de Marabá e do rio Tocantins, no Estado do Pará. O minério é transportado pela Estrada de Ferro Carajás até o porto de Itaqui, no Maranhão, de onde é exportado. O Estado do Pará é o segundo produtor nacional.
O minério de ferro é o principal produto mineral exportado pelo Brasil, sendo este o 2º maior exportador do mundo, sendo superado apenas pela China, respondendo por 18% da produção do globo.
2. Manganês
Segundo minério em importância no Brasil, extraído principalmente da pirolusita. Sua maior utilização é na fabricação do aço, misturado ao ferro, no setor metalúrgico de ferro-liga.
A tradicional área produtora e exportadora, localizou-se na Serra do Navio, no Amapá, desgastada por companhias exploradoras norte-americanas. Verdadeiramente, a Serra do Navio não está mais no Amapá e, sim, nos EUA. O manganês brasileiro foi escoado pelo porto de Santana, situado nas proximidades de Macapá e ligado à área de exploração pela Estrada de Ferro do Amapá.
Outras jazidas localizam-se no Maciço de Urucum, em Mato Grosso do Sul, também explorado por empresa norte-americana e na Serra dos Carajás, no Pará.
Há também as jazidas de Minas Gerais, no Quadrilátero Ferrífero e vizinhanças, especialmente no município de Conselheiro Lafaiete, onde estão as maiores reservas da região, com destaque para o Morro da Mina. A exploração abastece o mercado regional.
3. Alumínio
O alumínio é extraído da bauxita pelo processo de eletrólise. As maiores reservas de bauxita estão localizadas no Estado do Pará (80% das reservas nacionais) especialmente ao longo do curso do rio Trombetas, no município de Oriximiná. As reservas nas regiões de Poços de Caldas e Ouro Preto, em Minas Gerais, abastecem o mercado regional.
As reservas de bauxita do Brasil estão entre as maiores do mundo e a importância do minério tem se expandido no mercado, por sua leveza e capacidade anticorrosiva.
4. Estanho
Extraído da cassiterita, tem tido sua aplicação ampliada na formação de ligas. Os Estados do Amazonas e de Rondônia são os maiores produtores nacionais de estanho, com a quase totalidade da representatividade brasileira. As maiores ocorrências estão nos aluviões das regiões circundantes às bacias dos rios Amazonas e Madeira-Mamoré.
5. Cobre
Minério estratégico para o setor elétrico, em função da condutibilidade e maleabilidade do metal. É extraído principalmente da calcopirita. As maiores reservas de cobre estão na Província de Carajás, no Pará, com quase 80% das jazidas. A exploração é realizada tradicionalmente em Caraíbas, na Bahia e em Caçapava do Sul e Camaquã, no Rio Grande do Sul. Porém, a produção é insuficiente para atender às necessidades nacionais.
6. Petróleo
A principal área produtora é a Bacia de Campos, na plataforma continental do Rio de Janeiro, seguida dos campos de extração no litoral do Espírito Santo, no Recôncavo Baiano, em mar; no Rio Grande do Norte, em terra e mar; no Amazonas e Paraná, em terra. Em setembro de 1999 foi anunciada a descoberta de um campo na bacia de Santos (SP), com reservas potenciais de 600 a 700 milhões de barris, segundo a Petrobrás, o que pode representar 10 bilhões de dólares a serem explorados em 20 anos, o chamado pré-sal.
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7. Carvão Mineral
Os maiores depósitos de carvão do país encontram-se na Região Sul, na Bacia Sedimentar Paranaica ou do Paraná. O Estado de Santa Catarina, que tem o carvão de melhor qualidade, é o maior produtor nacional (61%); e o Rio Grande do Sul é o 2° produtor (36%). Destacam-se, no sudeste de Santa Catarina, os municípios de Criciúma, Lauro Muller e Urussanga, que escoam o carvão catarinense pelos portos de Henrique Laje e Imbituba. O carvão brasileiro contém impurezas (enxofre e cinzas), o que deprecia seu valor de mercado.
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8. Xisto Betuminoso
É o nome mais conhecido de uma rocha metamórfica impregnada de óleo que aparece em grande quantidade no Brasil. As maiores reservas encontram-se nos municípios de São Mateus do Sul e Irati, no Paraná. Para haver aproveitamento econômico do material que impregna a rocha é preciso usar solventes comuns.
Já o xisto pirobetuminoso, que tem a mesma origem, contém um composto orgânico complexo, solicitando processo de aquecimento à altas temperaturas para desprender óleo e gás. Isso torna o processamento do xisto dispendioso, mas a necessidade de se buscar novas alternativas energéticas muitas vezes justifica os investimentos.
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9. Nióbio
O Brasil possui as maiores reservas mundiais de nióbio e é o maior produtor desse minério. Os principais estados com reservas lavráveis são Minas Gerais, Goiás e Amazonas, com destaque para os estoques de nióbio nos municípios de Araxá, Catalão e Pitinga, respectivamente.
Segundo o Anuário Mineral Estatístico de 2018, a produção beneficiada totalizou 166 mil toneladas, e o valor exportado superou a marca de um bilhão de dólares. O nióbio tem muitas aplicações, sendo utilizado na fabricação de ligas metálicas e motores; entretanto, sua demanda ainda é muito limitada, uma vez que pode ser substituído por titânio, vanádio, tungstênio, molibdênio ou tântalo.
Por deter as maiores reservas dessa substância, há crescente interesse e promissor desenvolvimento de pesquisas no Brasil com o intuito de aperfeiçoar o processamento do nióbio e ampliar as possibilidades de sua utilização. Tal processo é importante, pois atualmente o país vende o minério como matéria prima e compra os produtos nos quais ele foi utilizado; o investimento em pesquisas para desenvolver novas tecnologias e usos do nióbio seria uma alternativa para aumentar seu valor agregado.
10. Urânio
O urânio é um metal radioativo considerado estratégico. Embora esteja bem distribuído sobre a crosta terrestre, as reservas economicamente viáveis dependem de seu teor no minério e da tecnologia a ser empregada em sua extração.
Utilizado como combustível que abastece as usinas nucleares e pauta de tensões diplomáticas em razão de seu potencial uso na fabricação de armamento, o urânio tem sua mineração e seu comércio controlados pelo governo federal.
No Brasil, o urânio é explorado e beneficiado no município de Caetité, no estado da Bahia. No local, 17 depósitos somam aproximadamente 99 mil toneladas do minério. O país ocupa o 7º lugar do ranking mundial, com 309 mil toneladas do minério, o que representa 5% das reservas do mundo. Os países com as maiores reservas são Austrália e Cazaquistão.
Outra importante reserva localiza-se no município de Itatiaia, no Ceará. No entanto, o Ministério de Minas e Energia estima que as reservas brasileiras sejam ainda maiores, já que menos de um terço do território brasileiro foi alvo de pesquisas em busca do minério. Especialistas avaliam que somente a Região Norte do país tenha potencial para abrigar mais 300 mil toneladas de urânio. Já foram identificados depósitos em Pitinga (Amazonas), onde o urânio encontra-se associado a outros minerais, e no Pará.
A exploração em Poços de Caldas (MG) teve início em 1982, abastecendo a usina nuclear Angra I durante 13 anos, e em 1995 a unidade encerrou sua produção, após a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) constatar que a operação da unidade era economicamente inviável.
11. Terras-raras
Terras-raras são um grupo de 17 elementos químicos da tabela periódica (15 elementos da série dos lantanídeos, além do escândio e do ítrio) abundantes na crosta, cuja exploração depende de escavação e do processamento com reagentes químicos para separá-los dos minerais, o que acarreta grande impacto ambiental.
O aumento do custo dessas substâncias acelerou as pesquisas e as descobertas em vários países. O Brasil detém a segunda maior reserva de terras-raras, ficando atrás da China, porém a produção atinge menos de 1% do total mundial. Estima-se que, caso haja maior exploração dessas reservas, o país possa se tornar autossuficiente e exportador desse recurso. Os minérios são extraídos das praias do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
O principal uso das terras-raras é na indústria eletrônica, pois suas propriedades magnéticas superam as de muitos metais. Além disso, esse tipo de recurso pode ser usado em lâmpadas fluorescentes, LEDs, indústrias automobilística e petrolífera, ímãs de geradores elétricos, lasers, comunicação por fibra óptica e diversas tecnologias de geração de energia limpa e redução de emissão de poluentes.