Geografia do Brasil

Sertão Nordestino

O Sertão é a sub-região localizada na porção mais interior do Nordeste brasileiro, correspondendo também à mais extensa das sub-regiões nordestinas.

Entre as cidades que se destacam na região, podemos destacar Caririaçu, no Ceará; Petrolina, em Pernambuco; Juazeiro e Casa Nova, na Bahia.

Devido às barreiras naturais do relevo do Agreste, o Sertão apresenta pouca umidade e altas temperaturas, considerado semiárido, coberto predominantemente pela Caatinga.

Características físicas

Estrutura geológica e relevo

O sertão do Nordeste é a área dos planaltos cristalinos de superfície arrasada – bastante aplainados -, das depressões entre chapadas – planal­tos sedimentares de topo plano – como as do Araripe (Ceará-Pernambuco) e do Apodi (Ceará-Rio Grande do Norte).

No alto e nas encostas das chapadas encontram-se os “brejos“, áreas que se destacam por apresentar maior umidade dentro do sertão. De maneira geral, os solos são de areias quartzosas – rasos e pedregosos, im­permeáveis à água da chuva – numa paisagem de relevo ondulado.

Clima

Domínio do clima Tro­pical Semiárido quente e seco, com chuvas irregulares – mal distribuídas durante o ano -, ocasionando estiagens prolongadas que podem, por sua vez, originar secas de 7 a 8 me­ses. A região apresenta os menores índices pluviométricos do país, me­nos de 1 000 mm anuais, e tempera­turas médias entre 24 °C e 27 °C.

Hidrografia

A maior parte dos cursos de água que atravessam o Ser­tão são intermitentes, isto é, não cor­rem o ano todo, secando com as estiagens prolongadas.

Os maiores rios do Sertão, como o Jaguaribe e o Mossoró, são considerados “semi-intermitentes” por ficarem com o volu­me de água bastante reduzido, mas nem sempre chegam a secar. O único rio perene – que corre o ano todo – que atravessa grande área do Sertão é o São Francisco, apelidado por isso de “Nilo brasileiro”.

Vegetação

A formação vege­tal típica adaptada ao clima quente e seco do Sertão é a caatinga. O domínio da caatinga constitui um conjunto vegetal formado por pe­quenas árvores esparsas, que per­dem as folhas durante o período da seca (marmeleiro, juazeiro), ar­bustos espinhosos com plantas xerófilas – adaptadas à escassez de água, a qual armazenam – como as cactáceas mandacaru, facheiro, xique-xique; e vegetação rasteira, tufos de gramíneas esparsas que secam totalmente nas estiagens.

Nos vales de alguns rios do Sertão, encontram-se carnaubais nativos (formação de palmeiras de carnaúba), baraúnas (árvores que atin­gem até 12 m de altura, com folhas aromáticas, ramos espinhosos e flores brancas muito pequenas, cuja madeira, duríssima, serve para dormentes), maniçoba (arvoreta da qual se extraiu, no passado, o látex de “segunda classe” para produzir borracha).

A economia do Sertão Nordestino

Tradicionalmente, a pecuária extensiva – gado bovino e caprino – destaca-se como atividade econômica mais difundida, junto com seus subprodutos, no domínio da caatinga. A lavoura comercial dominante é a do algodão.

A alimentação da maioria da população sertaneja provém de uma precária agricultura de subsistência ao longo dos rios intermitentes – possibilitando o uso da terra em suas largas calhas – e de seus parcos excedentes comercializa­dos em feiras. Trata-se principalmente de feijão, mandio­ca, milho – base alimentar – e produtos do pequeno co­mércio. As estiagens prolongadas e as consequentes secas afetam de maneira decisiva essa lavoura e determinam a oferta de alimentos.

No Sertão ainda subsistem produtos extrativistas e de cultivo localizados, como caroá, piaçava e sisal para produtos de fibras; maniçoba e mangabeira para produ­tos de goma; oiticica para produtos de óleo e carnaúba para a produção de cera. A fruticultura mais importante no Sertão é o caju, sobretudo no Ceará e Rio Grande do Norte.

No sertão baiano, nas terras que se estendem à mar­gem esquerda do rio São Francisco, encontram-se gran­des extensões de terras no cerrado que vêm sendo, nos últimos anos, ocupadas pelo cultivo da soja.

Mas no vale do rio São Francisco, muito aproveitado com a construção de barragens e usinas hidrelétricas do Centro-Sul ao Nordeste, a maior parte das várzeas ainda continua mal aproveitada. Nas últimas décadas, vêm sendo implantados, com sucesso, alguns projetos agropecuários que estão se destacando pela fruticultura irrigada, com produção intensiva de melões, mamões, cítricos e uvas, entre outros. Esses projetos são ainda exceção num vale marcado, no geral, pela estagnação econômica, pela miséria e abandono da maior parte da população.

Como em quase todo o Sertão, predominaram no vale do São Francisco muitos projetos de irrigação e desenvolvimento incompletos, inúteis e abandonados. Talvez em nenhuma região do Brasil o desperdício, a má utilização e o desvio de recursos públicos têm sido tão escandalosos e os responsáveis por isso, tão impunes.

Estiagem e seca

No Sertão, o regime climático, aliado às condições do relevo e hidrografia, cria um ambiente geográfico semiárido com regime de chuvas bastante incipientes e concentradas em apenas alguns meses do ano, e um longo período de estiagem, que pode durar de sete a dez meses, dependendo da posição geográfica.

Nessas áreas, o desenvolvimento de atividades agrícolas é bastante dificultado, pois, além da pobreza de nutrientes do solo, a escassez hídrica limita muito as espécies cultivadas. Assim, nesses locais são comuns as estiagens e também os períodos de seca.

Estiagem

A estiagem é caracterizada pela diminuição ou ausência das chuvas habituais em determinada temporada ou estação do ano, ocorrendo principalmente em virtude de dois fatores:

  • Atraso de pelo menos 15 dias no início da estação chuvosa.
  •  Índice médio de pluviosidade durante a estação chuvosa inferior a 60% das médias mensais.

As estiagens provocam a diminuição da disponibilidade hídrica na superfície e no subsolo, o que afeta o curso dos rios, que podem se tornar intermitentes, prejudicando a produção agrícola.

Seca

A seca, por sua vez, é caracterizada por estiagem prolongada, com duração superior a uma temporada ou estação do ano, podendo durar meses ou até mesmo anos. Durante a ocorrência da seca, há déficit hídrico, ou seja, o ambiente perde muito mais água do que recebe, prejudicando o desenvolvimento natural da vegetação.

As secas são extremamente prejudiciais às comunidades humanas afetadas por esse fenômeno climático, pois trazem prejuízos financeiros à produção agrícola e podem desencadear, inclusive, problemas de saúde à população exposta.

A indústria da seca

Em função das secas no sertão, formou-se a ideia de que a região era um problema nacional e que, para solucioná-lo, necessitava-se do envolvimento de todo o país. Tal preocupação, porém, tem uma história particular, marcada pelos interesses econômicos da elite nordestina.

Com o declínio na produção do Nordeste, no final do século XIX, as elites usaram a seca como desculpa para garantir a continuidade dos investimentos públicos e privados na região.

Habitação característica do sertão nordestino.

Saiba mais em: A Indústria da Seca.

Cultura

A região sertaneja também é muito rica e tradicional do ponto de vista cultural. Diversas festividades com forte tradição católica ocorrem no Sertão, como é o caso das festividades de santos, com destaque para as festas de São João no mês de junho.

Na produção artística, destacam-se composições sertanejas de músicas que narram o modo de vida local, como os chamados repentes, e a literatura de cordel, que apresenta tradicionalmente poesias e histórias associadas a figuras regionais e é impressa com a técnica de xilogravura, no formato de folhetos e pequenos livros.

Por: Renan Bardine

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