Entende-se por espaço geográfico aquele alterado pelo ser humano para sua sobrevivência material e cultural, para satisfazer suas necessidades de trabalho e suas expectativas de vida e crescimento. Não se refere, portanto, somente ao espaço bruto, da natureza virgem, mas também ao espaço ocupado e modificado pelo ser humano segundo suas necessidades e desejos.
Esse conceito é fundamental para a geopolítica porque a nação, fundamento da organização do poder político, ocupa determinado espaço físico e sobre ele exerce soberania, estabelece organização peculiar, impõe hierarquia, determina a ocupação do solo e sua utilização, a extração de recursos e as prioridades políticas.
O ser humano vive num espaço natural que, uma vez modificado, se torna geográfico, alvo de estudo tanto da geopolítica quanto da Geografia, História, Sociologia, Filosofia e de tantas outras ciências em seus aspectos culturais e humanos, assim como também da Física, Química, Matemática e Biologia em seus aspectos exatos, quantificáveis e objetivos.
A síntese das motivações políticas de uma nação e sua relação com as nações vizinhas compõe o campo básico das relações internacionais, que produzem fenômenos de interesse para a geopolítica.
Conclui-se que, se a geopolítica busca compreender as relações recíprocas entre o poder político nacional e o espaço geográfico, o perfeito domínio dos conceitos envolvidos é, como se quis demonstrar, condição fundamental para sua exata compreensão. A contribuição das demais disciplinas para a adequada assimilação da geopolítica é igualmente primordial.
A importância do espaço geográfico
A construção de um determinado espaço geográfico é algo extremamente complexo, resultado de um somatório de ações ao longo de um extenso período de tempo, ações estas executadas pelos seres humanos habitantes desses espaços diretamente na paisagem natural.
O que devemos buscar entender é que o intenso movimento da sociedade ao longo do tempo, suas inovações e intervenções, mesmo que lentamente, alteram as formas do espaço geográfico, gerando profundas transformações e, muitas vezes, deixando-o irreconhecível.
Com isso, é importante conhecermos a história do espaço geográfico ao qual vamos nos dedicar ao estudo, pois só assim podemos captar a real mudança impressa ali pelo ser humano, avaliando se esse impacto foi positivo ou negativo.
Observe as imagens abaixo e note as profundas diferenças entre os dois espaços geográficos.
Atualmente, uma das grandes questões mundiais está relacionada à forma com a qual o ser humano está alterando o espaço geográfico em nível mundial; mesmo em países muito distantes do Brasil, por exemplo, em Bangladesh, na Ásia, a ocupação das áreas próximas aos rios sempre ocasiona perdas humanas e materiais, visto que, durantes as intensas chuvas no verão, os rios transbordam em seu processo natural, mas, como suas áreas de alagamento estão habitadas, a destruição ocorre em larga escala.
As alterações do homem no espaço geográfico
O espaço geográfico é formado por várias paisagens, que são a mescla dos elementos naturais e daqueles inseridos pelo homem.
Portanto, podemos dizer que existem dois tipos de paisagem: a natural e a antrópica ou humanizada. É fundamental para a compreensão do espaço geográfico o conhecimento dessas duas formas de paisagem.
Paisagem natural é aquela na qual a natureza se mostra de forma mais presente, com ligação entre seus vários elementos, como hidrografia, vegetação, solo, relevo, biodiversidade, entre outros.
Em cada região do espaço geográfico mundial, as paisagens naturais foram sendo formadas de maneiras diferentes, devido às variadas formas como seus elementos se combinam.
Nos últimos séculos, as paisagens naturais vêm se tornando cada vez mais raras, já que em praticamente todos os rincões do planeta existe a presença humana, que, mesmo indiretamente, pode estar alterando uma paisagem até então intacta: intervenção antrópica (humana).
Um exemplo disso é o fato de as regiões polares e pouco povoadas de países como Noruega e Finlândia apresentarem sinais de poluição atmosférica, devido aos ventos que se deslocam de outras regiões da Europa (por exemplo, da Alemanha) e levam consigo partículas de poluição.
Paisagem humanizada ou antrópica é aquela que foi alterada pela ação humana, geralmente com velocidade de transformação muito mais rápida que as paisagens naturais. É muito difícil, hoje em dia, encontrar áreas sem algum tipo de alteração provocada pelo ser humano.
Certamente, as áreas urbanas do espaço geográfico são as que apresentam maior presença de paisagens humanizadas. As variadas formas de construção humanas, como pontes, ruas, habitações (prédios, casas, condomínios fechados e outras formas de moradia) e mesmo áreas aparentemente naturais, como parques, são apenas alguns dos exemplos desse tipo de ação.
Não devemos nos esquecer de que, em áreas rurais, as paisagens naturais também foram sendo transformadas em paisagens humanizadas. Um campo semeado, adubado, com máquinas dos mais variados tipos, as sedes, entre outros, são claros exemplos da “mão” humana na paisagem.
Assim, devemos ter consciência de que, quanto mais avança o desenvolvimento tecnológico, mais ferramentas de intervenção na paisagem se oferecem ao homem. Entretanto, devemos lembrar que essas ferramentas representam uma via bifurcada, pois tanto podem mostrar caminhos e apontar soluções para a resolução dos problemas gerados pela humanização das paisagens (lixo, esgoto não tratado, enchentes, trânsito caótico, entre outros), como podem acelerar a degradação das paisagens naturais (desmatamento para a expansão agrícola, construções localizadas em áreas de mananciais de água ou de grande biodiversidade, alagamento de grandes áreas de florestas para a construção de hidrelétricas, entre outros).
Daí a fundamental importância de se aliar desenvolvimento e equilíbrio natural.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
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