O Estado Islâmico originalmente era uma ramificação da Al-Qaeda, organização terrorista fundada por Osama bin Laden. Atuava na região conhecida como Levante, na fronteira entre a Síria e o Iraque, e tinha o objetivo de conquistar o poder nesses dois países, após a deposição de Saddam Hussein pelos Estados Unidos. Logo se tornou independente da Al Qaeda.
Utilizando métodos extremamente violentos e aproveitando a fraqueza e o sectarismo do Estado iraquiano e a guerra civil síria, conseguiu tomar diversas cidades do Iraque e da Síria, proclamando, em 2014, um califado (regime político-religioso orientado pela Sharia) nessa região. Os Estados Unidos e seus aliados europeus, além da Turquia, buscam acabar com essa organização terrorista.
História
A origem do Estado Islâmico remonta ao ano de 2002, quando da criação do grupo fundamentalista Jama’at Al-Tawhid wa Al-Jihad, fundado por Musab Al-Zarqawi, em 2004.
Tudo começou quando Al-Zarqawi declara lealdade a Al Qaeda, originando a Al Qaeda do Iraque ou da Mesopotâmia, composta por sunitas, que representam a minoria da população iraquiana.
Os sunitas permaneceram representados no poder, durante a ditadura de Saddan Hussein, pelo Partido Baath. Os jihadistas sunitas insurgentes tornaram-se os principais combatentes à invasão norte-americana no Iraque.
Com a morte de Al-Zarqawi em 2006, a Al Qaeda do Iraque organizou a criação do “Estado Islâmico do Iraque – ISI, sigla em inglês para Islamic State in Iraq, o que já demonstrava a intenção de se distanciar da influência da Al Qaeda e de criar um território.
O grupo fundamentalista passou a ser combatido pelas tropas estrangeiras, pelo governo iraquiano e pelos sahwa, conselho de tribos sunitas que se posicionaram contra os métodos brutais do grupo. A participação das tribos sunitas ficou conhecida como o Despertar Sunita.
Em 2014, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ou da Síria) ou ISIS passou a se chamar Estado Islâmico – EI ou IS (em inglês, Islamic State). Também foi proclamado sobre os territórios controlados do Iraque e da Síria o califado, que representa um território sob a forma de um governo monárquico e totalitário, comandado pela Sharia e pelas tradições e pelos costumes dos primeiros séculos do Islã.
A adoção do nome Estado islâmico tem a ver com o abandono da geopolítica do grupo de ser apenas associado aos territórios da Síria e do Iraque. O intuito do EI é estabelecer o domínio de um grande território que inclua o mundo árabe muçulmano no Oriente Médio e no norte da África.
Características do EI
Apesar de não conseguir dominar Bagdá, o EI passou a controlar várias cidades ao norte do Iraque, perseguindo os infiéis, cristãos, xiitas, tribos sunitas do Despertar Sunita e os yazidis, que possuem entre 50 mil a 500 mil membros.
Por ser uma comunidade fechada étnico-religiosamente, fica difícil enumerar exatamente a população, é vista como herege pelos membros do EI, que assassinam os homens os quais recusam a conversão religiosa e levam as mulheres para serem noivas jihadistas, as quais acabam sofrendo violência sexual ou são vendidas como escravas.
Dentro do califado, as regras são rígidas e seguem a Sharia. Os combatentes, que são entre 30 mil a 50 mil, sendo 12 mil vindos de outros locais, Europa (França, Bélgica), África do Norte (Tunísia), América (Canadá, EUA), Ásia (Paquistão, Afeganistão, Arábia Saudita), recebem salários, o que é uma grande inovação perante outros grupos fundamentalistas, como a Al Qaeda, o que ajuda o grupo a conseguir mais combatentes jihadistas.
O petróleo é a principal fonte de recursos econômicos, pois, segundo a Organização Council on Foreign Relations (CFR, sediada em Nova York, EUA, voltada para a política internacional), o EI consegue comercializar 48 mil barris por dia (44 mil dos campos sírios e 4 mil dos iraquianos), além do gás natural.
Outras fontes de renda correspondem à retirada de dinheiro dos bancos nas cidades que são ocupadas, da pilhagem, da extorsão e da cobrança de impostos nas regiões que controla na Síria e no Iraque. Há suspeitas sobre a contribuição de pessoas da Arábia Saudita e do Catar para financiar o EI, inimigo dos xiitas.
O Estado Islâmico utiliza a internet para divulgar suas ações, difundir suas propostas e fazer recrutamentos, conseguindo assim aliciar mais simpatizantes para sua causa.
Últimos acontecimentos
No início de 2014, Barack Obama anunciou a formação de uma coalizão de aproximadamente 50 países, envolvendo principalmente nações do Ocidente e do Oriente Médio, que passou a realizar ações militares em bombardeios contra posições do EI na Síria e no Iraque.
Em 2016, importantes ações militares realizadas principalmente pela Rússia, EUA e França provocaram ao EI a perda de controle sobre territórios e cidades.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
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