História

Primavera Árabe

A denominação Primavera Árabe referiu-se à eclosão de protestos e revoltas de cunho popular, sobretudo contra governos instalados em países do mundo árabe.

O movimento iniciou-se em dezembro de 2010, na Tunísia, e rapidamente se alastrou por Estados situados no norte da África e no Oriente Médio.

O estopim para a onda de manifestações e protestos que levaram à Primavera Árabe foi a autoimolação do vendedor ambulante tunisiano Mohammed Bouazizi, em 17 de dezembro de 2010.

Indignado com a apreensão de suas mercadorias (frutas) e com as negativas por parte das autoridades de fiscalização de revisão de seu caso, Bouazizi ateou fogo em seu corpo, vindo a falecer no dia 4 de janeiro de 2011.

O desenrolar da Primavera Árabe

A Primavera Árabe desenrolou-se, inicialmente, de maneira avassaladora. Em pouco tempo, ditaduras foram derrubadas na Tunísia, no Egito e na Líbia, países cujos governantes estavam no poder há, respectivamente, 23, 30 e 42 anos.

Em alguns países, governantes foram depostos (no caso da Líbia, deposição e assassinato de Muammar Kaddaffi). Em outros, houve muitas manifestações, mas sem alterar o governo estabelecido, caso da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Kuwait e do Bahrein.

Nesse último grupo de países, os governantes realizaram algumas medidas, políticas e econômicas, de baixa efetividade prática, com o intuito de arrefecer as manifestações populares. Mesmo assim, as revoltas geraram, em alguns países, situações de conflito entre revoltosos e forças ligadas aos governos.

A situação na região, já normalmente tensa por causa das questões étnico-político-religiosas, agravou-se ainda mais. A guerra civil na Síria, na qual grupos revoltosos tentam derrubar o governo de Bashar al-Assad, tem-se consistido num campo fértil para a ascensão do Estado Islâmico.

Inverno árabe?

Passados alguns anos da eclosão das manifestações po­pulares, as conquistas relacionadas à Primavera Árabe estão sendo amplamente discutidas.

Embora a derrubada de regimes autoritários tenha sido claramente um avanço e algumas medidas, como maior participação feminina na sociedade, também tenham alcançado algum êxito (por exemplo, mais mulheres em universidades), alguns retrocessos também ocorreram, levando ao surgimento do denominado “inverno árabe”.

No Egito, por exemplo, país que reuniu milhões em mani­festações no início do processo, o governo democraticamen­te eleito de Mohammed Mursi foi deposto pelos militares, em julho de 2013.

A Líbia, que após a deposição do ditador Muammar Khadaffi parecia ser o “exemplo a ser seguido”, vê-se, ao me­nos até os últimos meses, dividida entre dois governos: um aceito internacionalmente e outro que governa áreas do país de forma paralela.

Além disso, as manifestações causaram, durante algum tempo, a estagnação econômica de muitos países da região, levando a crises que resultaram em desemprego e aumento da miséria.

Assim, com o “inverno árabe” ainda em curso, a saída para que esses povos possam finalmente desfrutar de uma efetiva “primavera” deverá surgir apenas quando as circunstâncias permitirem que os árabes voltem a se organizar politicamente. Isso não é simples, tendo em vista que são sociedades dominadas muito tempo (décadas) por ditaduras e, por isso, sem tradição democrática.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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