A ilha de Taiwan ou Formosa (nome dado pelos portugueses) está localizada em um arquipélago vulcânico. As montanhas cobertas de florestas estendem-se de norte a sul na parte central da ilha. Na porção ocidental, a estreita planície litorânea é ocupada pela agricultura de arroz, chá, cana-de-açúcar, banana e tabaco.
Seu clima é bastante úmido e quente (é cortada ao sul pelo Trópico de Câncer), o que explica a predominância das culturas tropicais. Das florestas, extrai-se a cânfora.
A população é de 22 milhões de habitantes e tem elevada densidade demográfica (610 hab./km2). A maioria da população é de origem chinesa, pratica o budismo (50,9%) e apresenta excelentes indicadores sociais.
Formosa era parte integrante da China até o término da Revolução Chinesa e a vitória de Mao Tsé-tung diante de Chiang Kai-chek, que, derrotado, fugiu com membros do Partido Kuomintang para Taiwan, fundando a República Nacionalista da China – capitalista e aliada dos EUA. O país passou a receber importantes levas de migrantes provenientes da China continental, até mesmo a elite econômica e intelectual.
A notável campanha de industrialização teve início da década de 1960, quando os tecnocratas do Banco Mundial e dos EUA, colaborando com o governo do Kuomintang, começaram a aplicar uma estratégia de desenvolvimento voltada para as exportações.
Fatores do desenvolvimento de Taiwan
O crescimento taiwanês em grande parte foi conquistado com produtividade e competitividade, geradas por um sistema de produção flexível.
Em Taiwan há duas características cruciais para o entendimento do processo:
- o Estado do Kuomintang (KMT) ocupava o centro da estrutura;
- a estrutura é uma rede formada por relações entre as empresas, entre as empresas e o Estado e entre as empresas e o mercado mundial por intermédio de companhias trading (sobretudo japonesas) e intermediários comerciais de todo o mundo.
Durante a década de 1950, a produtividade agrícola foi a primeira fonte de acúmulo de superávit. Gerou capital para investimentos e liberou mão-de-obra para o trabalho no setor industrial urbano.
Em 1960, o “Programa de Reforma Econômica e Financeira”, de 19 itens, liberou os controles do comércio, estimulou as exportações e elaborou uma estratégia para atrair investimento estrangeiro. Taiwan foi o primeiro país a criar uma Zona de Processamento de Exportação, em Kaoshiung.
Empresas japonesas de porte médio logo se movimentaram para beneficiar-se de baixos salários, ausência de controles ambientais, mão-de-obra instruída e apoio governamental. Contudo, o núcleo da estrutura industrial taiwanesa era do próprio país. Era constituído de grande número de empresas de pequeno e médio porte, fundadas com poupança familiar e redes cooperativas de poupança (as famosas huis) e ajudadas, quando necessário, com créditos dos bancos públicos.
Mas a maior parte do desenvolvimento de Taiwan foi possibilitada por uma combinação flexível de redes descentralizadas de empresas familiares taiwanesas, atuando como subcontratadas para fabricantes estrangeiros localizados em Taiwan e como fornecedoras de redes comerciais internacionais, em geral conectadas por intermediários. Foi assim que o produto Made in Taiwan penetrou toda a esfera de nossa vida diária.
Um fator crucial no aumento da produtividade econômica foi o grande rendimento da mão-de-obra mediante uma combinação de salários baixos, educação decente, trabalho árduo e paz social.
De meados da década de 1970 em diante, o Estado do Kuomintang empenhou-se em um processo de melhoria e modernização da indústria, sobretudo nos setores de alta tecnologia. Esse esforço incluiu o lançamento do computador pessoal, da indústria de periféricos para computadores e da microeletrônica taiwanesa, assim como a construção de um dos parques tecnológicos mais bem sucedidos da Ásia: Hsinchu, perto de Taipei.
Outros setores industriais, tais como de vestuário (têxtil), foram aconselhados pelo governo a melhorar a qualidade e o valor de seus produtos para driblar as quotas de restrição de importação nos mercados externos, geralmente calculadas por volume.
Taiwan é o maior exportador mundial de calçados na atualidade, mas grande parte ia produção de suas empresas, na verdade, ocorre na China.
Taiwan cresceu no extraordinário ritmo anual de 8,6% (entre 1953 e 1985) e alcançou alto nível de desenvolvimento na produção de plásticos, produtos químicos, construção naval, indústrias de vestuário e eletrônica.
A economia de Taiwan superou rapidamente os efeitos da crise asiática de 1997.
As exportações taiwanesas obteve forte expansão em 2000, graças à desvalorização da moeda. O P113 cresceu a uma taxa de 6,3%. Em 2001, sofre os efeitos da desaceleração da economia norte-americana e da queda da demanda internacional por produtos eletrônicos e de alta tecnologia. Taiwan produz metade das placas de circuitos de computador pessoal do mundo.
Política externa e independência
O problema de Taiwan está relacionado à política externa, pois a China não a reconhece como independente, considerando-a parte integrante de seu território, como é expresso no discurso de “Uma só China”; não chega a se omitir sobre a possibilidade de intervenção militar sobre a ilha, mesmo sabendo que isso traria problemas com os EUA, aliado de Taiwan desde o seu surgimento.
O governo de Taipé descarta declarar independência unilateral desde que Pequim não use a força militar para reunificar as duas Chinas. Desde 2008, China e Taiwan mantêm um acordo de livre-comércio.
Em 2016, as tensões entre Pequim e Taipé subiram de patamar com a vitória de Tsai Ing-wen para presidente de Taiwan. Com um discurso independentista, contando com maioria absoluta no Parlamento, a presidente afirmou que irá garantir a democracia e, principalmente, a vontade popular e a liberdade de escolha da população em relação a Pequim, ao contrário da postura de seu antecessor Ma Ying-jeou.
No entanto, os acordos político-comerciais existentes serão respeitados, afirmou o novo governo, que também garantiu a manutenção da paz e estabilidade política com a China.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
