Os Tigres Asiáticos correspondem à Coreia do Sul, a Taiwan, Cingapura e Hong Kong (ex-território inglês e atual Região Administrativa Especial da China) que vivenciaram um rápido processo industrial, recebendo a denominação de NICs (Newly Industrialized Countries – Novos Países Industrializados).
A expansão da atividade industrial após a Segunda Guerra Mundial atingiu o sudeste e leste da Ásia, regiões que sempre tiveram destaque agrícola, com as produções de arroz no sistema de jardinagem ou na produção por sistema de plantation, com café, seringueira, cana-de-açúcar etc.
A geopolítica na origem dos Tigres Asiáticos
Até a Segunda Guerra Mundial, esse grupo de países apresentou pequeno desenvolvimento econômico, destacando-se o setor agrícola, com a produção de arroz, principalmente na Coreia do Sul e em Taiwan.
A população ocupava predominantemente o meio rural, com graves problemas socioeconômicos: elevado índice de analfabetismo, de mortalidade infantil e de baixa expectativa de vida.
A mudança na estrutura econômica e, consequentemente, na estrutura social veio a partir das décadas de 1960 e de 1970, com o rápido processo industrial decorrente do período geopolítico da Guerra Fria.
O modelo industrial desses países foi caracterizado como IOE (industrialização orientada para a exportação), ficando conhecido como plataformas de exportação ao promover a industrialização destinada ao mercado externo, principalmente norte-americano, europeu e asiático.
Ocorreu a criação de zonas de processamento de exportações (ZPE), com doações de terrenos e isenção de impostos pelo estado, atraindo empresas norte-americanas e japonesas, que dominaram os investimentos.
O crescimento econômico dos Tigres Asiáticos também serviu como uma imposição da presença dos EUA ao avanço do socialismo na Ásia, no período da Guerra Fria, em uma região próxima à China e à Coreia do Norte.
Por parte do Japão, o crescimento do país com ajuda financeira dos EUA, no pós-guerra, resultou em crescimento econômico-industrial (ex.: setor tecnológico) e seu deslocamento para fora do território em busca de mercados atrativos.
Crises econômicas
Na década de 1990, mais precisamente, em 1997, os Tigres Asiáticos experimentaram uma forte crise econômica e financeira. Os salários pagos na China tornaram-se competitivos para as economias que se acostumaram a atrair empresas usando esse artifício e que ganhavam uma concorrente à altura.
Os salários dos Tigres haviam se elevado com o passar das décadas, afetando a competitividade com os chineses, os quais abocanhavam boa parte dos investimentos externos que antes fluíam facilmente para esse grupo de países que viu suas exportações despencarem.
A globalização gerou forte concorrência internacional e essa região acabou sofrendo crescentes déficits comerciais com a queda das exportações e a saída de capitais: a bolsa de valores de Hong Kong chegou a sofrer desvalorização de 4,1% em um dia.
A especulação financeira cresceu a ponto de balançar o sistema bancário, afetando a estabilidade econômica, que acabou forçando os governos a desvalorizarem suas moedas. Taiwan e Coreia do Sul precisaram ser socorridas pelo FMI.
Após 2008, os Tigres Asiáticos sofreram outro abalo econômico-financeiro, em razão da crise nos EUA, que afetou as economias voltadas para exportação, provocada pela desvalorização do dólar e retração do mercado consumidor. Cingapura, Taiwan e Coreia do Sul foram os Tigres mais afetados.
Novos Tigres Asiáticos
Tailândia, Indonésia, Malásia e, em seguida, Filipinas e Vietnã são considerados os Novos Tigres Asiáticos ou Tigres da Segunda Geração. Esses países passaram por considerável desenvolvimento industrial a partir da década de 1990, atraindo capital externo.
Destacaram-se os setores têxtil, alimentício, de calçados, brinquedos e eletroeletrônicos, seduzidos pelos baixos custos de produção com a oferta de mão de obra, com precários direitos trabalhistas e com baixa remuneração, porém menos qualificada em relação à mão de obra dos Tigres Asiáticos.
O processo industrial impulsionou a urbanização e a expansão do setor terciário, no entanto há dois importantes desafios: crescer economicamente e, ao mesmo tempo, melhorar a situação social e condição de vida da maioria da população, além de promover o fortalecimento de empresas locais.
Por: Wilson Teixeira Moutinho