História do Brasil

Construção de Brasília

A construção de Brasilia envolveu organização e arrojo por parte de JK. A nova capital tornou-se símbolo de modernidade, embora fosse cercada pela miséria: as famílias de “candangos” que a construíram não tinham condições de morar nela.

Povoando o planalto Central

A construção de uma nova capital no planalto Central era um tópico que já constava da Constituição de 1891. A ideia era de que a sede do governo ficasse longe do litoral e próximo ao centro geográfico do país, visando não só protegê-la mas também incentivar a ocupação do grande vazio demográfico que era o interior da nação.

Getúlio Vargas, em sua Marcha para o Oeste, tentou contribuir para o último aspecto com a edificação da cidade de Goiânia, capital de Goiás. Embora tal medida procurasse incentivar a agricultura que se expandia pela região, não chegou a ser um êxito total, já que a cidade não conseguiu atrair os migrantes esperados.

Juscelino tomou para si o dever de edificar a capital, que corresponderia à realização máxima do desenvolvimentismo e dos novos tempos em que o Brasil estava ingressando. Brasilia era o grande objetivo do Plano de Metas, daí o dinamismo da obra e a projeção de uma cidade futurista que incorporasse as mais modernas técnicas de arquitetura e urbanismo, tomando-se uma referência para o resto do mundo, que a observava com curiosidade.

O início do projeto de Brasília

Inicialmente, a criação do “Brasil moderno” enfrentou algumas dificuldades. Foi realizado um concurso nacional para escolher os responsáveis pela elaboração do plano piloto da cidade. Os vitoriosos foram o urbanista Lúcio Costa (1902-1998) e o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), que já haviam realizado outras obras para Juscelino quando ele governava Minas Gerais.

No tocante ao transporte do material de construção, erguer uma cidade no meio do nada era um grande desafio. No caso de Brasilia, como não havia nem rodovias nem estradas de ferro, a solução foi transportar todos os itens por via aérea.

O deslocamento da mão-de-obra também foi espantoso. Em 1957, quando a obra teve início, havia no local cerca de 12 mil pessoas; em 1960, quando a cidade foi fundada, a população já era de 120 mil habitantes, a maioria trabalhadores da construção civil, grande parte deles vinda do Nordeste, que enfrentara uma seca terrível em 1958.

Para cuidar da logística da obra foi criada a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), empresa que exercia controle sobre os trabalhadores, os quais desempenhavam suas funções sem a proteção e os benefícios da legislação trabalhista Esses trabalhadores alojavam-se em abrigos provisórios e eram conhecidos como candangos.

Seu esforço na construção de Brasilia foi muitas vezes comparado por Juscelino com a bravura e a coragem dos bandeirantes ao desbravar o interior do Brasil. Entretanto, após a construção da capital, eles foram transferidos para as cidades-satélite, sendo privados de desfrutar o sonho de igualdade idealizado por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer.

O significado de Brasília

Quando Brasília foi projetada, representava o desejo de futuro do país. Esse foi o motivo que levou Lúcio Costa a imaginar a planta da cidade com o formato de um avião, simbolizando o progresso. Todos os prédios da Esplanada dos Ministérios projetados por Oscar Niemeyer eram iguais, com o que se esperava dar à cidade um ar de igualdade.

Havia, contudo, aqueles que não apoiavam a ideia. Os políticos ligados ao Rio de Janeiro – antiga capital do Brasil, que sentia a perda da importância política – criticavam a fundação da cidade. Eles apontavam a megalomania econômica que a obra representava e a distância entre a nova capital e o povo, como que para isolá-lo das decisões políticas. Além disso, a obra era uma formidável “sangria” nos cofres públicos. Tanto que, para financiar o término da obra, Juscelino autorizou a produção de papel-moeda sem lastro (sem o equivalente em ouro mantido pelo governo), agravando o problema inflacionário do país.

Juscelino Kubitschek na construção de Brasília
JK acompanhando as obras de construção de Brasília.

Entretanto, nem mesmo as dificuldades impediram que, três anos após o início das obras, em 21 de abril de 1960, Brasília fosse inaugurada pelo presidente. O evento ganhou importância internacional, contando com a presença de vários repórteres para documentar a cerimônia de inauguração.

A data do acontecimento não foi obra do acaso. Juscelino associou a fundação da cidade à data da morte de Tiradentes, herói nacional cuja bandeira sempre foi a liberdade e a justiça. A partir daquele momento, Brasilia se tomaria o novo símbolo do país, dinâmico e avançado.

Os maiores legados de Brasilia foram, porém, um enorme rombo financeiro e o descontrole das contas públicas. Além de desestabilizar os governos de Jânio Quadros e de João Goulart, esses problemas foram indiretamente responsáveis pela intervenção dos militares em março de 1964, quando se encerrou a experiência democrática representada pela República Liberal.

Plano piloto de Brasília, projetado por Lúcio Costa com o formato de um avião. Nas asas ficam as áreas residencial e comercial e, no corpo do avião, os ministérios e a Praça dos Três Poderes.

Para os criadores de Brasília, a importância da cidade deveria ser não apenas política, mas também social. Lúcio Costa e Oscar Niemeyer eram adeptos das teorias urbanísticas de Le Corbusier, incorporando princípios socialistas às obras urbanística e arquitetônica.

Bibliografia:

“Brasília” (Jornal da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil), 1963. In: Américo Freire et al. História em curso. São Paulo: Editora do Brasil, 2000.

Autoria: José B. de Aguiar Santos Jr

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