A formação de Portugal está intimamente ligada às invasões árabes do séc. VIII. Os muçulmanos, liderados por Tarique, atravessaram o estreito de Gibraltar e ocuparam a maior parte da península Ibérica em nome de Alá e Maomé.
Os visigodos, que haviam instalado o reino visigodo durante as invasões bárbaras do séc. V, se refugiaram nas montanhas Astúrias e lá formaram quatro reinos cristãos, Leão, Castela, Navarra e Aragão, e iniciaram o movimento de expulsão árabe.
A disputa da península Ibérica por árabes e cristãos deu origem à Guerra de Reconquista e tomou feições religiosas, assumindo o caráter de Guerra Santa. As cruzadas cristãs contra os árabes islâmicos receberam apoio de vários nobres europeus.
Não podemos nos esquecer de que, na Idade Média, todo nobre era recompensado com um feudo pelos auxílios prestados.
Entre os nobres franceses, destacou-se Henrique, de Borgonha, que recebeu do rei Afonso VI, de Leão, a mão de uma princesa e um feudo: o Condado Portucalense.
Com a sua morte, o Condado passou para seu filho Afonso Henriques, que, em 1139, proclamou a independência em relação a Castela e Leão, centralizando o poder político em suas mãos. Isso significou que, no séc. XII, enquanto a Europa se subdividia em vários feudos, Portugal tornava-se uma monarquia nacional em torno de Afonso Henriques.
Para unificar a nobreza portuguesa em torno de um objetivo comum, Afonso Henriques empreendeu uma guerra contra os invasores árabes ao sul de Portugal, em Algarves.
Enquanto isso, a Espanha, sob o comando geral de Castela, obtinha vitórias sobre os árabes. Em 1492, no mesmo ano em que Colombo chegou à América, o último reduto árabe, Granada, foi reconquistado.
A dinastia de Borgonha e a monarquia precoce de Portugal
A independência portuguesa, proclamada por D. Afonso Henriques em 1139 e reconhecida pela Espanha em 1143, deu origem à primeira dinastia portuguesa, a de Borgonha, que recebeu apoio da nobreza interessada em um poder centralizado para combater os árabes que controlavam a região de Algarves, de onde foram expulsos em 1249.
A monarquia nacional portuguesa foi consolidada no reinado de D. Dinis, que oficializou a língua portuguesa, fundou a Universidade de Lisboa (1290) e orientou a economia para atividades mercantis.
A atividade mercantil portuguesa foi também estimulada por conflitos externos que ocorriam por toda a Europa devido à superexploração dos servos, às constantes rivalidades entre os senhores feudais e à fome, que provocavam revoltas camponesas pelo interior europeu. A Guerra dos Cem Anos, no século XIV, dificultou ainda mais o comércio pelas estradas do interior.
Como alternativa, os mercadores italianos e flamengos passaram a utilizar o trajeto marítimo via Atlântico, ligando as cidades italianas às cidades do mar do Norte, e utilizavam como parada obrigatória os portos portugueses, o que fortalecia a burguesia mercantil, que, ligada à navegação, acabou por se tornar um dos mais importantes pontos de apoio do rei.
Por: Paulo Magno da Costa Torres