O Império Macedônico uniu o Ocidente e o Oriente em um grande território envolvendo as terras palestinas e teve em Alexandre Magno, seu principal conquistador.
Na Antiguidade, os macedônios viviam da agricultura e do pastoreio e consideravam-se gregos, mas os gregos os consideravam bárbaros, isto é, estrangeiros, apesar de os dois povos possuírem língua e costumes comuns. Atualmente, o antigo Reino da Macedônia faz parte da Grécia.
Os reis macedônicos afirmavam serem descendentes de deuses gregos e as famílias nobres enviavam seus filhos para serem educados na Grécia em razão da proximidade geográfica.
Politicamente, a Macedônia estava unificada sob o comando de um rei, tendo a cidade de Pela como capital.
Filipe II e a formação do Império Macedônico
Como governante da Macedônia, Filipe II modernizou a região construindo estradas e fortalezas e incentivando o comércio.
Organizou um poderoso exército, transformando a infantaria numa mortífera máquina de guerra com lanças de 4 a 6 m de comprimento – as sarissas –, compondo as famosas falanges macedônicas, que foram brilhantemente aproveitadas por seu filho Alexandre.
As falanges eram formadas por homens que compunham um corpo compacto, mas flexível, que avançavam em formação cerrada de 16 fileiras, totalizando 256 homens (16×16). As cinco primeiras fileiras estendiam suas sarissas sobre os homens da frente, formando uma parede de pontas afiadas. Os soldados de trás mantinham as lanças para a frente e para o alto, formando um escudo contra as flechas.
A conquista da Grécia
Filipe II ambicionava conquistar os territórios da Grécia e o Império Persa, cuja amplidão territorial e opulência econômica o impressionavam
Para conquistar a península Balcânica, ele se aproveitou do enfraquecimento generalizado provocado pelas Guerras Médicas e do Peloponeso. Utilizou como pôde a diplomacia, estimulou rivalidades entre grupos e entre cidades, atacou navios prejudicando rotas comerciais, subornou líderes e exércitos etc.
A grande voz contrária a Filipe II foi a do orador ateniense Demóstenes, que pronunciava violentos discursos alertando o povo contra as intenções de Filipe II. Esses discursos ficaram conhecidos como As filípicas.
Em 338 a.C., as tropas macedônicas derrotaram os exércitos de Tebas e Atenas, aniquilando o Batalhão Sagrado, corpo de elite da infantaria tebana, na Batalha de Queroneia.
Em seguida, Filipe II organizou as cidades-Estado sob o seu comando e fundou a Liga de Corinto, cujo objetivo era manter a Grécia unida, sendo seu comandante para a guerra contra a Pérsia. Dois anos após sua vitória em Queroneia, ele foi assassinado por um oficial de sua guarda pessoal, Pausânias.
Seu filho, Alexandre, aos quase 20 anos de idade, herdou seu trono e seu sonho de conquistar a Ásia.
Alexandre, o grande e o auge do Império Macedônico
Alexandre Magno nasceu em Pela, na Macedônia, em 356 a.C. Desde criança, destacava-se em todos os jogos e era um grande cavaleiro. Seus atos de agilidade, coragem e força circulavam de boca a boca, e o povo o via como filho de Zeus. Sua mãe, Olímpia, afirmava que ele fora gerado por Aquiles.
Dos 13 aos 16 anos, Alexandre tornou-se aluno de Aristóteles, filósofo que lhe transmitiu o gosto pela mitologia, poesia e filosofia. Era apaixonado pela Ilíada, de Homero, e considerava a Guerra de Troia um modelo de estratégia militar.
Aproveitando-se da instabilidade macedônica, no período entre a morte de Filipe II e a consolidação de Alexandre, algumas cidades gregas se revoltaram e tentaram desfazer a Liga de Corinto.
Tebas liderou a revolta, mas Alexandre arrasou a cidade, poupando a casa do poeta Píndaro.
As demais cidades gregas acabaram se rendendo e deram ao jovem rei plenos poderes sobre seus exércitos, com exceção de Esparta, que já havia se recusado a participar da Liga de Corinto, promovida por Filipe II.
A partir daí, Alexandre passou a concretizar o sonho de seu pai: invadir a Pérsia.
A espinha dorsal de seu exército era a falange macedônica. Havia ainda a cavalaria, os arqueiros, os artilheiros, além de grupos treinados na construção de pontes, catapultas e barcos. Acompanhavam o exército cientistas, como geógrafos, botânicos, mineralogistas e meteorologistas.
Calcula-se que o exército de Alexandre era composto de 40 mil soldados, ao iniciar a campanha contra a Pérsia.
A conquista da Pérsia
O Império Persa era governado por Dario III, que confiava na superioridade numérica para enfrentar Alexandre. Os dois exércitos confrontaram-se às margens do rio Granico.
Alexandre desfechou um ataque surpresa contra os persas, o que lhe rendeu vantagem imediata, garantindo-lhe a vitória (334 a.C.).
De acordo com o historiador Bowra, da Universidade de Oxford, trezentas armaduras persas foram enviadas a Atenas, como oferenda à deusa Palas Atena, acompanhadas da seguinte mensagem: “Alexandre, filho de Filipe, e os gregos, com exceção dos espartanos, ganharam esses despojos dos bárbaros da Ásia”. Com esse gesto, Alexandre homenageava os gregos e, ao mesmo tempo, demonstrava seu desprezo pelos espartanos.
A vitória de Granico abriu as portas da Ásia. Em Issus, o exército de Dario III foi novamente derrotado.
Numa fuga precipitada, o rei persa abandonou seu exército e sua família, que foi capturada (333 a.C.).
Ao saber da captura da família real, Alexandre acolheu a esposa e as duas filhas de Dario III, em seu acampamento, e ordenou que recebessem o mesmo tratamento luxuoso a que estavam acostumadas.
Por terra e por mar, o Império Persa ia diminuindo de tamanho e passando para as mãos de Alexandre, que expulsou os persas do mar Mediterrâneo, controlando o tráfego marítimo de Chipre e Tiro. Anexou Damasco e Jerusalém, e seu imbatível exército seguia em frente.
Em 332 a.C., Alexandre chegou ao Egito, onde foi recebido como um libertador.
Para incentivar a fusão dos costumes gregos com os orientais, Alexandre visitou o Templo de Amon, no Oásis de Siwah, e lá foi honrado como “sucessor dos faraós”.
No Egito, fundou a cidade de Alexandria, que se tornou o principal foco de irradiação da cultura helenística na Antiguidade.
Em 331 a.C., o terceiro e último confronto com Dario III, na Batalha de Gaugamela, consolidou seu domínio sobre o Império Persa.
No outono de 331 a.C., ele entrou vitorioso na Babilônia, a capital de inverno dos imperadores persas.
Em seguida, conquistou Susa e Persépolis.
A conquista da Índia
Novas guerras e mais conquistas foram feitas por Alexandre, que partiu rumo à Índia. Entretanto, seu exército já não tinha o mesmo entusiasmo, por Alexandre, em razão dele, querer ser homenageado como um deus e pelo desejo de voltar para casa.
Em seguida, casou-se com a princesa Roxane, numa grande festa, na qual oficiais graduados se casaram com mulheres da nobreza persa, cujo objetivo era promover a união entre o Ocidente e o Oriente.
Alexandre penetrou no território indiano até o rio Hidaspes. Naquela região, em Jelum, ele enfrentou o príncipe Poro, cujo exército composto por elefantes de guerra amedrontava os cavalos, reduzindo o poder de ataque dos macedônios. Finalmente, após vários combates, Alexandre, utilizando-se do fator surpresa, derrotou o príncipe indiano. Lá, ele fundou Bucéfala, em homenagem ao seu cavalo que tombara na guerra.
O exército de Alexandre recusou-se a ir mais para o interior. Alguns oficiais e melhores amigos foram condenados à morte por traição e os ânimos exaltaram-se entre as tropas. Alexandre concordou em retornar e, após 11 anos de viagens e batalhas, finalmente o exército tomava o caminho de volta para casa.
Entre 336 a.C. e 323 a.C., Alexandre conquistou um imenso território, que abrangia terras no Ocidente e no Oriente, formando o maior império da História, até então.
A administração de seu gigantesco império foi realizada por meio de alianças com as lideranças políticas locais.
Alexandre permitiu que algumas instituições, religiões e costumes locais se mantivessem. Incorporou ao seu exército forças da cavalaria persa e permitiu que os soldados recebessem instrução de técnicas militares macedônicas. Entretanto, ele não teve tempo para montar um governo estável.
Morte de Alexandre e fragmentação do Império
Em 323 a.C., chegou à Babilônia e, em junho, uma febre o atacou, vitimando-o em 13 de junho de 323 a.C., semanas antes de completar 33 anos de idade.
Ao morrer, após 11 anos de guerra, em 323 a.C., seu vasto império foi disputado entre seus generais, que fragmentaram o território em três grandes reinos: o Egito ficou com Ptolomeu, a Macedônia com Antígono, e a Ásia com Seleuco, que acabaram se desmembrando em outros reinos menores.
Enquanto os generais disputavam a herança de Alexandre e, por esse motivo, enfraqueciam, uma nova potência estava se formando na península Itálica, Roma, que acabou por se tornar a “nova senhora” do mundo e dona de um território ainda maior que o de Alexandre.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
Bibliografia
- MELLO, L. I. A.; COSTA, L. C. A. História antiga e medieval: da comunidade primitiva ao Estado moderno. 2. ed. São Paulo: Scipione, 1994.
- DROYSEN, J. G. Alexandre: o Grande. Rio de Janeiro: Contraponto, 2010.