O Império Romano, já na época de Augusto, abrangia a maior parte do mundo então conhecido. Suas legiões garantiam a dominação das províncias, fornecedoras de riquezas que fizeram a grandeza de Roma.
O Alto Império Romano
O Império se estabeleceu de fato em Roma quando Caio Otávio retornou do Egito com seu numeroso exército. O Senado concedeu-lhe vários títulos que legalizaram seu poder absoluto: cônsul vitalício, censor, imperador, príncipe do Senado e, finalmente, Augusto (título até então só atribuído aos deuses e que permitia a Otávio escolher seu sucessor).
Embora Otávio Augusto conservasse durante seu reinado as aparências republicanas, seu poder apoiava-se efetivamente no imperium (comando do Exército), no poder proconsular (direito de indicar os governadores das províncias) e no poder tribunício (poder de representar a plebe).
Augusto reorganizou as províncias, dividindo-as em imperiais (militares) e senatoriais (civis). Indicava os governadores e os controlava através de inspeções diretas e relatórios anuais feitos pelos sucessores dos mesmos. Criou o sistema estatal de cobrança de impostos, acabando com a concessão da arrecadação a particulares (publicanos).
No plano social, acabou com a tradicional superioridade do patriciado e criou um sistema censitário baseado na renda anual de cada um. Os mais ricos, acima de 1 milhão de sestércios (moeda de prata cunhada em Roma), pertenciam à Ordem Senatorial, que tinha todos os privilégios políticos e se distinguia pelo uso da cor púrpura. A renda acima de 400 mil sestércios indicava o homem da Ordem Equestre, com menos direitos e a cor distintiva azul. Abaixo desse índice monetário ninguém tinha direitos políticos, era a Ordem Inferior.
Augusto procurou conter a influência da cultura oriental e grega (helenística), que dominava Roma e estimulava a busca do prazer (hedonismo) e o culto aos deuses místicos orientais. Tentou reavivar os valores morais do passado agrário de Roma, sem muito êxito. Para defender suas ideias, trouxe para a corte literatos como Tito Lívio, Virgílio, Ovídio e Horácio.
Não tendo herdeiros diretos, Augusto indicou como sucessor seu genro, Tibério. Não obstante, as indicações seguintes seriam em geral feitas pelos militares, notadamente da Guarda Pretoriana.
Com Augusto começou a dinastia Júlio-Claudiana do Império Romano, a qual seria continuada pelos Flávios até 96 d.C., quando terminaram os chamados Doze Césares. Em seguida viriam os Antoninos e mais tarde os Severos, já no século III.
O Baixo Império Romano e a crise
No século III tem início a crise do Império, abalado por problemas econômicos, militares, políticos e religiosos. A crise econômica tinha suas origens na cessação das guerras de conquista e na consequente redução do número de escravos. O déficit orçamentário, resultante do aumento das despesas, levou o poder político a aumentar excessivamente os impostos. Os preços se elevaram, os mercados se retraíram e a produção declinou.
O Império Romano, já na época de Augusto, abrangia a maior pane do mundo então conhecido. Suas legiões garantiam a dominação das províncias, fornecedoras de riquesas que fizeram a grandeza de Roma.
Começou o êxodo urbano, a concentração da vida no campo em propriedades autossuficientes, chamadas vilas, precursoras dos feudos medievais. Caracterizavam-se pela economia agrária de consumo, com o trabalho exercido em termos de meação. Os clientes (romanos) e os colonos (germânicos) cultivavam a terra, entregando metade da produção ao dono da mesma. Os pequenos proprietários endividados (precários) tinham o mesmo estatuto, sendo porém livres, ao passo que clientes e colonos viam-se presos à área em que trabalhavam.
Caio Otávio, sobrinho de Júlio césar e membro do Segundo Triunvirato, passou a ser o homem mais poderoso de Roma, tornou-se o primeiro imperador de Roma, com o nome de Augusto, até então reservado aos deuses. Seu brilhante governo mereceu da posteridade o nome de “Século de Augusto”.
Nessa mesma época, agravou-se a crise religiosa. O Cristianismo começou a se difundir pelo Império logo após o martírio de Cristo. Ao mesmo tempo em que enfraquecia o poder imperial, o Cristianismo tomava-se a própria base legal do poder no fim do Império.
Mas a situação se agravava. A crise política estava intimamente relacionada com os problemas militares, pois o Exército conturbava a ordem nas épocas de sucessão imperial. Já na última fase do Império, Diocleciano (284- 304) tentou contornar o problema dividindo-o em quatro partes (tetrarquia). Depois de sua morte, as disputas sucessórias renasceram, pois Constantino reunificou o Império.
Outras divisões se verificaram, até à última, determinada por Teodósio, em 395, que criou o Império Romano do Ocidente (Roma) e o império Romano do Oriente (Constantinopla). Depois dessa divisão nunca mais o Império se reunificou em sua integridade, pois os bárbaros ocuparam a parte ocidental, enquanto o Império Oriental sobreviveu até a conquista muçulmana de Constantinopla, em 1453.
Fim do Império Romano
O golpe final no Império Romano do Ocidente foi desfechado pelos bárbaros germânicos, que começaram a se infiltrar militarmente em fins do século IV. Mas as chamadas “Grandes Invasões” começaram em 406.
Primeiro vieram os visigodos: liderados por Alanco, saquearam Roma e se fixaram na península Ibérica e sul da Gália, constituindo o primeiro reino germânico dentro das fronteiras do Império. Os vândalos seguiram-lhes o exemplo, saindo do Danúbio, cruzando a Gália e Espanha e se estabelecendo na África do Norte. Os francos ocuparam o norte da Gália. Os anglos e saxões invadiram a Bnitânia (Inglaterra), ocupando as terras baixas.
Com o Império em acelerada decadência, os bárbaros germânicos lançaram-se sobre aquilo que restava do esplendoroso mundo romano.
Em 476, o Império do Ocidente reduzia-se ao território da Itália. O imperador Júlio Nepos foi deposto por Orestes, chefe do Exército, que colocou seu filho de 6 anos no trono com o nome de Rômulo Augústulo. Odoacro (rei dos hérulos), chefe bárbaro aliado a Júlio Nepos, deu um contragolpe: afastou Orestes e Rômulo Augústulo, assumindo o título de “rei da Itália”.
As insígnias imperiais foram enviadas para Constantinopla, o que significava, ao menos tecnicamente. a reunificação do Império sob o domínio de Constantinopla. Mais tarde, o imperador do Oriente, Zenon, pretendendo livrar-se dos ostrogodos, que lhe causavam problemas, concedeu-lhes a Itália. Chefiados por Teodorico, esses bárbaros formaram o último reino germânico no Ocidente: o Reino Ostrogótico da Itália.
Conclusão
Quanto à crise do Império romano, vimos que, essencialmente, os problemas começaram no nível econômico e foram completados pelos aspectos político-militares. A crise do escravismo provocou a retração da produção. O déficit orçamentário gerou a política fiscalista que levou à estagnação do comércio e à ruralização. O corte das despesas militares foi fatal. Aproveitando-se da fraqueza do Império, os bárbaros começaram a se infiltrar nas fronteiras, primeiro pacificamente, depois pela força.
O Cristianismo, no início de sua propagação, constituiu um elemento desintegrador na medida em que a política do culto imperial atribuía ao imperador origem divina. No período de crise do Baixo Império, entretanto, o Cristianismo se transformou em um fator de sustentação do Império, que aliás subsistiu formalmente durante toda a Idade Média, sustentado pela Igreja.
A cultura romana pouco teve de original, uma vez que as conquistas provocaram um sincretismo cultural, no qual os valores romanos foram substituídos ou modificados. Mas o Direito Romano e a língua latina permanecem como as grandes contribuições de Roma para a civilização ocidental.
Veja também:
- Realeza Romana
- República Romana
- Invasão do Império Romano
- Civilização Romana
- Roma e Grécia Antiga
- Deuses Romanos
- Guerras Púnicas
- Império Sassânida
- Império Carolíngio