O período entreguerras, caracterizado pela crise do modelo liberal na política e na economia, influenciou a ascensão de regimes antidemocráticos na Europa, como o nazismo e o fascismo.
É possível afirmar que a crise e os ressentimentos derivados da Primeira Guerra Mundial, a Crise econômica de 1929 e a Grande Depressão que se seguiu formam os principais elementos que explicam o surgimento desses regimes e a sua afirmação.
O Nazismo na Alemanha
Regime político de caráter autoritário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises da República de Weimar (1919-1933).
O Nazismo baseia-se na doutrina do nacional-socialismo, formulada por Adolf Hitler (1889-1945), que orienta o programa do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP).
A essência da ideologia nazista encontra-se no livro de Hitler, Minha Luta (Mein Kampf). Nacionalista, defende o racismo e a superioridade da raça ariana; nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista; apoia o campesinato e o totalitarismo; e luta pelo expansionismo alemão.
Causas
Ao final da 1ª Guerra Mundial, além de perder territórios para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães são obrigados pelo Tratado de Versalhes a pagar pesadas indenizações aos países vencedores. Essa penalidade faz crescer a dívida externa e compromete os investimentos internos, gerando falências, inflação e desemprego em massa.
As tentativas frustradas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as sucessivas quedas de gabinetes de orientação social-democrata criam condições favoráveis ao surgimento e à expansão do nazismo no país.
Surgimento
Utilizando-se de espetáculos de massa (comícios e desfiles) e dos meios de comunicação (jornais, revistas, rádio e cinema), o partido nazista consegue mobilizar a população por meio do apelo à ordem e ao revanchismo.
Em 1933, Hitler chega ao poder pela via eleitoral, sendo nomeado primeiro-ministro com o apoio de nacionalistas, católicos e setores independentes. Com a morte do presidente Hindenburg (1934), Hitler torna-se chefe de governo (chanceler) e chefe de Estado (presidente). Interpreta o papel de fuhrer, o guia do povo alemão, criando o 3º Reich (Terceiro Império).
Ações do regime nazista
Com poderes excepcionais, Hitler suprime todos os partidos políticos, exceto o nazista; dissolve os sindicatos; cassa o direito de greve; fecha os jornais de oposição e estabelece a censura à imprensa ; e, apoiando-se em organizações paramilitares, SA (guarda do Exército), SS (guarda especial) e Gestapo (polícia política), implanta o terror com a perseguição aos judeus, dos sindicatos e dos políticos comunistas, socialistas e de outros partidos.
O intervencionismo e a planificação econômica adotados por Hitler eliminam, no entanto, o desemprego e provocam o rápido desenvolvimento industrial, estimulando a indústria bélica e a edificação de obras públicas, além de impedir a retirada do capital estrangeiro do país. Esse crescimento deve-se em grande parte ao apoio dos grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e Bayer, a Adolf Hitler.
Desrespeitando o Tratado de Versalhes, Hitler reinstitui o serviço militar obrigatório (1935), remilitariza o país e envia tanques e aviões para amparar as forças conservadoras do general Franco na Espanha, em 1936.
Nesse mesmo ano, cria o Serviço para a Solução do Problema Judeu, sob a supervisão das SS, que se dedica ao extermínio sistemático dos judeus por meio da deportação para guetos ou campos de concentração. Anexa a Áustria (operação chamada, em alemão, de Anschluss) e a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia (1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá início à 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
- Aprenda mais: O Nazismo na Alemanha
O Fascismo na Itália
Regime político de caráter autoritário que surge na Europa no período entreguerras (1919-1939). Originalmente é empregado para denominar o regime político implantado pelo italiano Benito Mussolini, no período de 1919 a 1943.
Suas principais características são o totalitarismo, que subordina os interesses do indivíduo ao Estado; o nacionalismo, que tem a nação como forma suprema de desenvolvimento; e o corporativismo, em que os sindicatos patronais e trabalhistas são os mediadores das relações entre o capital e o trabalho.
O fascio (plural, fasci) era um instrumento da autoridade real nos primórdios da história de Roma. Os litores abriam caminho para a passagem do rei apresentando um feixe de varas de avelã amarradas e com um machado à frente, daí o nome fascio – feixe. A ideia básica era de que a “união faz a força”, pois uma vara de avelã separada das outra quebrava com facilidade, mas, no conjunto, era muito poderosa. Mussolini se inspirou nesse princípio para organizar o regime fascista.
Causas
Entender a ascensão do fascismo na Itália exige conhecimento da situação do país após o fim da Primeira Guerra Mundial. Embora estivesse ao lado dos vitoriosos, as dificuldades que o país enfrentava eram enormes.
Em primeiro lugar, a guerra foi desgastante e as compensações econômicas prometidas não vieram.
Em segundo lugar, o sistema político estava enfraquecido, pois não havia um partido que conseguisse a maioria no Parlamento, e as discussões sobre medidas a serem tomadas se arrastavam, gerando descrédito à organização parlamentar.
Por fim, os comunistas italianos comparavam a situação italiana à russa às vésperas da Revolução Bolchevique e imaginavam que poderiam chegar ao poder promovendo greves pelo país
Surgimento
O fascismo nasce oficialmente em 1919, quando Mussolini funda, em Milão, o movimento intitulado Fascio de Combatimento, cujos integrantes, os camisas negras (camicie nere), opõem-se à classe liberal.
Em 1922, as milícias fascistas desfilam na Marcha sobre Roma, e Mussolini é convocado pelo rei para chefiar o governo em uma Itália que atravessa profunda crise econômica, agravada por greves e manifestações de trabalhadores urbanos e rurais.
Ações do regime fascista
Em 1929 há um endurecimento do regime, que significa cerceamento à liberdade civil e política, derrota dos movimentos de esquerda, limitações ao direito dos empresários de administrar sua força de trabalho e unipartidarismo.
A política adotada, entretanto, é eficiente na modernização da economia industrial italiana e na diminuição do desemprego.
- Aprenda mais: O Fascismo na Itália
Autoria: Mirelly