História

Revolução Francesa

A Revolução Francesa não é um movimento isolado. Está inserida num quadro de revoluções que se iniciaram na América do Norte em 1770, difundindo-se em seguida. Atingiu a Inglaterra e Irlanda (1781-1782), Países Baixos (1783-1787), Bélgica (1787-1790) e Gênova (1782). Depois de iniciada na França (1789), atingiu a região renana da Alemanha, Países Baixos (1795), Norte da Itália (1796) e Suíça (1798).

A Revolução iniciada na França em 1789 consolidou-se em 1799, com Napoleão, que a difundiu para o restante da Europa. O fim do Império Napoleônico em 1815 não pôs fim à Revolução, que renasceu em 1830 e 1848 na França e em toda a Europa.

A Revolução Francesa foi, portanto, apenas um momento do amplo movimento revolucionário que assolou todo o Oci­dente, o qual podemos denominar Atlântico ou Ocidental, e que atingiu seu ponto máximo na França.

Quadro de Prieur retratando a tomada da Bastilha na Revolução Francesa

A cena acima é um clássico de Prieur e representa um dos momentos mais importantes da Revolução Francesa. Em 14 de Julho de 1789, o povo toma a Bastilha, a prisão-símbolo da opressão do Absolutismo dos Bourbons. Foi a Revolução Francesa um dos pontos culminantes das Revoluções Atlânticas, significando o mais duro golpe no Antigo Regime. Dez anos depois, ela terminaria nas mãos de um só homem: Napoleão Bonaparte.

Causas da Revolução Francesa

Os motivos que levaram a Revolução Francesa são idênticos aos fatores de todos os movimentos revolucionários ocorridos nos fins do século XVIII.

A população europeia crescera extraordinariamente durante o século XVII. Houve aumento do consumo de produtos e também do número de produtores. No campo, 155 novos métodos de cultivo da terra e, principalmente, no­vos produtos permitem maior engorda dos animais. Vê-se uma melhora no nível alimentar da população.

A Revolução Industrial aumentou a produção de arti­gos industriais, baixando os preços e estimulando o consumo.

Este desenvolvimento econômico deu poder à bur­guesia, que passou a pretender o poder político, monopolizado pela nobreza. Por outro lado, os camponeses que possuíam terra queriam libertar-se das obrigações feudais que deviam aos senhores.

A partir de 1770, há crises sucessivas. Faltam produ­tos agrícolas e os preços são exorbitantes, dando origem a revoltas.

Os filósofos aproveitam estes problemas sociais nas suas críticas. Apresentam soluções bem radicais, princi­palmente Rousseau, quando prega a soberania política do povo.

As ideias dos filósofos são difundidas pelas socieda­des culturais formadas na época: salas de leitura, lojas maçônicas, sociedades agrárias.

É duvidosa a possibilidade de uma eclosão revolu­cionária sem uma crise política. Assim, é preciso consi­derar que as guerras levam ao caos financeiro. Os sobe­ranos aumentam os impostos, taxando nobres e clérigos, até então isentos. Esta medida provocou revolta geral dos corpos privilegiados-

Na França, todos estes fatores são particularmente graves, o que explica o caráter violento que a Revolução adquiriu nesse país. A sua população era a maior da Eu­ropa e não podia ser sustentada adequadamente. A rica e progressista burguesia era excluída do poder político mais sistematicamente do que em ou­tro país da Europa. Os campone­ses estavam cada vez mais con­scientes da situação e menos dis­postos a arcar com as taxas feu­dais. Em nenhum lugar da Eu­ropa os filósofos foram tão lidos como na França. A participação da França nas guerras da Revo­lução Americana completou a ruína financeira do Estado.

Vários outros problemas se associam para tornar a crise ain­da mais aguda. O acordo feito em 1786, abrindo o comércio francês aos ingleses, levou à falência vá­rias indústrias por causa da con­corrência. A péssima colheita do ano de 1788 gerou a fome.

O inverno do ano de 1789 foi muito rigoroso. De tudo isso resultava uma massa de mendigos que percorria os campos, esfaimada. As revoltas se sucede­ram nas cidades.

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Fase pré-revolucionária da Revolução Francesa

Uma forma de tentar amenizar a situação de tensão que havia entre a burguesia e os aristocratas foi convocar a assembleia dos Estados Gerais, que não se reuniam desde 1614, com o objetivo de reavaliar a situação financeira e decidir sobre quem o aumento dos tributos seria maior.

Esta era composta pelos três estados: o primeiro e mais importante (mesmo que minoria), o alto e baixo clero; o segundo também importante, a nobreza de sangue e a toga, e finalmente o povo, incluindo os burgueses.

É claro que havia muito mais representantes do povo e o normal seria que a opinião deles prevalecesse, levando, assim, o clero e a nobreza a pagarem impostos mais altos. O que eles não esperavam é que a votação fosse por estados (três votos), o que os levou a derrota, e mais uma vez ao aumento dos impostos.

A tomada da Bastilha:

Depois de invadirem a sala do jogo da péla e exigirem uma constituição à França, declaram formada uma Assembleia Nacional Constituinte, o povo e a burguesia ganhavam cada vez mais apoio. Tinham o exército como seu aliado, o que lhes fornecia armas, e um novo exército formado pelo povo.

E no dia 14 de julho, a rebelião consumava-se. A fortaleza da Bastilha foi tomada. Lá, conseguiram mais armas e libertaram muitos presos. Depois disso, a desordem tomou conta de todo o território Francês. Saques ocorreram nos grandes castelos feudais e mercados, e junto a isso, as pessoas sentiam mais medo.

Fase revolucionária

Assembleia Nacional Constituinte:

Os direitos dos trabalhadores foram restabelecidos, abolindo os privilégios garantidos aos senhores feudais. Forcado pelos revolucionários, Luís XVI assinou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Dentro dos princípios do liberalismo defendidos pela burguesia, a Constituinte eliminou a monarquia absolutista, os Estados Gerais, as ordens, os privilégios, o feudalismo. Em seu lugar instituiu a monarquia constitucional, a soberania da nação encarnada pela Assembleia, igualdade de todos perante a lei, a cidadania e a divisão dos poderes.

Agora, com os três poderes com suas devidas funções e as injustas leis sendo revogadas, a briga tornou-se pelo poder na Assembleia Nacional, agora Legislativa, com o voto censitário. Eram principalmente dois grupos políticos: os girondinos e os jacobinos. Os últimos era donos das propostas muito radicais, como nada de guerras enquanto não se resolvesse os problemas internos, entretanto, eram minoria na Assembleia.

Os conflitos externos da época eram contra as monarquias absolutistas vizinhas à França, que ameaçavam-na de invasão para impedir as medidas liberalizantes. Eles temiam que as ideias iluministas e da Revolução Francesa se irradiassem pelos seus países e, na declaração de Pillnitz, resolveram pôr suas ideias em prática.

Dentro do país, a situação fugia do controle dos girondinos. A crise financeira aumentou, assim como a inflação. Ao mesmo tempo, havia um exército formado também pelos nobres emigrados marchando pela França. Tudo isso incentivou os jacobinos a levarem armas às mãos do povo e declarar a “pátria em perigo”.

Travou-se uma guerra entre o exército dos emigrados e o exército popular. O primeiro foi vencido quando estava às portas de Paris, e logo o rei foi acusado de traição por agir contra seu próprio país e foi declarada a República. O rei e a família real foram feitos prisioneiros.

A Convenção Nacional: Terror Jacobino

Os “sans-culottes” tomaram a Comuna de Paris (isto é, a prefeitura) e ali instalaram uma “Comuna Insurrecional”, expulsando as autoridades legais e enfrentando a Assembleia Legislativa. Centenas de “suspeitos” foram aprisionados. A partir de 2 de setembro, grupos de revolucionários “sans-culottes” invadiram as celas e mataram sumariamente os presos. Em quatro dias, 1300 pessoas foram mortas, nos massacres que ficaram conhecidos como o primeiro “terror”.

Os jacobinos continuavam sendo minoria nas reuniões, mas a partir de agora constituíam a “montanha”, por sentarem-se na parte mais alta do edifício. Eles agora exigiam a decapitação do rei, como símbolo do fim da supremacia girondina na Revolução Francesa.

No dia 21 de Janeiro de 1793, Luís XVI “perdeu a cabeça”, no sentido literal da palavra. Isso levou a formação da Primeira Coligação, de vários países europeus, preocupados com o seu futuro com a ascensão burguesa da França, e sua respectiva concorrência. Com o apoio das classes populares, o Comitê de Salvação Pública mobilizou todos os recursos da nação para vencer a forte coligação que lutava contra a França (Inglaterra, Áustria, Prússia, Rússia, Holanda, Espanha, Portugal, estados alemães e estados italianos), estabelecendo racionamento de alimentos e a convocação em massa da população para a guerra.

Com o apoio das classes populares, o Comitê de Salvação Pública mobilizou todos os recursos da nação para vencer a forte coligação que lutava contra a França (Inglaterra, Áustria, Prússia, Rússia, Holanda, Espanha, Portugal, estados alemães e estados italianos), estabelecendo racionamento de alimentos e a convocação em massa da população para a guerra.

Pressionada pela agitação dos sans-culottes, que numa nova jornada popular cercavam a Convenção exigindo pão e guilhotina para os traidores, o Comitê de Salvação Pública criou um exército revolucionário no interior para acabar com os especuladores de mercadorias, reorganizou o Tribunal Revolucionário para aumentar sua eficácia e estabeleceu o “maximum” geral, legislação que regulamentava a taxação geral dos preços e dos salários. No campo, os vestígios do feudalismo foram abolidos sem indenização e as propriedades dos nobres emigrados divididas em parcelas e vendidas aos camponeses. Essas medidas contrariavam as ideias dos líderes da Revolução Francesa que em matéria econômica eram liberais, mesmo os montanheses.

No início de 1794, debelada a revolta da Vendeia e afastado o perigo de invasão da França pela coligação das monarquias europeias, o Terror voltou-se contra as facções existentes entre os próprios montanheses. Assim, foram conduzidos à guilhotina o moderado Danton e seus seguidores, os radicais chefiados por Hébert, permanecendo o grupo ligado a Robespierre. Apoiado por Saint Just e por Couthon, Robespierre procurou redistribuir as propriedades e criar uma nova religião, o culto ao “Ser Supremo”. À frente da Convenção, Robespierre não hesitou em utilizar-se do Terror e da Ditadura para ganhar a guerra externa e vencer os inimigos internos da Revolução Francesa.

O governo montanhês adotou medidas que favoreciam à população, como a lei do preço máximo, que tabelava vários produtos, e a abolição da escravidão nas colônias. Também preocupou-se em acabar com a supremacia do religião católica .

O problema de brigas entre os revolucionários foi resolvido por Robespierre de uma maneira bem prática: ele ordenou a execução de ambos líderes, tanto o radical, Hébert, como o indulgente, Danton. A execução de Danton, de Hébert e de milhares de outros fizeram com que Robespierre perdesse o apoio dos sans-culottes e de grande parte dos deputados da Convenção, descontentes com a radicalização de sua política. numa rápida manobra, os deputados da planície, derrubaram Robespierre e seus seguidores, executando-os no dia seguinte.

O diretório:

Foi caracterizado pela supremacia girondina, que sofreu com ameaças dos países europeus, da oposição dos jacobinos, à esquerda, e dos realistas. Em 1796,o jornalista Graco Babeuf organizou a “Conspiração dos Iguais” pretendendo criar uma República igualitária, extinguindo a propriedade individual, mas foi preso e fuzilado. Do ponto de vista econômico, a França encontrava-se em estado calamitoso: inflação alta, portos e estradas destruídos, serviço público desorganizado e indústrias arruinadas.

No plano externo, formou-se a 2a. Coligação contra a França (Inglaterra, Áustria, Rússia, Sardenha, reino de Nápoles e Turquia). 0 Diretório passou a depender cada vez mais de seu exército, onde se desta cava um jovem e ambicioso general – Napoleão Bonaparte – já testado nas guerras do “governo revolucionário”.

Mais tarde, os girondinos desfecharam um golpe contra o Diretório, com Bonaparte à frente, no chamado golpe do18 brumário. Seguiu-se a formação de uma nova forma de governo, o Consulado, constituído por três representantes, mas com o poder concentrado nas mãos de Napoleão.

Conclusão:    

No final da Revolução Francesa, nota-se uma mudança no ponto de vista dos nobres e representantes do clero. Os franceses mais pobres passaram por situações tristes e apavorantes, mas buscaram seus direitos e conseguiram serem vistos como quem realmente eram: pessoas como quaisquer outras, que mereciam o devido respeito e direitos dados pelas leis nacionais.

Por: Emanuel Lima

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