Com a morte de Lênin, em 1924, desencadeou-se uma luta pela sucessão no poder da Rússia. Os protagonistas dessa disputa foram Trótski e Stálin. Vitorioso, Stálin implantou um dos mais monstruosos totalitarismos da História.
O Stalinismo político
Havia grandes divergências entre Leon Trótski e Joseph Stálin, secretário-geral do Partido Comunista: o primeiro era partidário da internacionalização da revolução; o segundo, ao contrário, pretendia consolidar antes o comunismo na URSS, por acreditar que as condições da política internacional não permitiam a exportação da revolução – o que importava era fortalecê-la na União Soviética.
Devido à sua oposição a Stálin, Trótski foi expulso da URSS em 1929. Stálin assumiu o poder, iniciando uma ditadura caracterizada por um sistema político totalitário. O Partido Comunista controlava todos os aspectos do Estado e da sociedade, destruindo, assim, as liberdades civis.
O Partido foi submetido à vontade do Comitê Central, também controlado por Stálin. Mediante o culto à personalidade e a eliminação sistemática de seus adversários, o ditador tomou-se senhor absoluto da URSS. A identificação entre o Partido Comunista e o Estado soviético adquiriu estatuto legal na Constituição de 1936, que legitimou a ditadura pessoal de Stálin, a qual duraria até 1953.
Dentro da férrea política russa, reprimiu-se qualquer vislumbre de nacionalismo e autonomia nas repúblicas soviéticas.
O terror
Stálin instaurou um regime de terror: dentro do Partido o controle era obtido pela submissão das elites e do assassinato dos adversários. Milhões de pessoas foram deportadas com suas famílias para campos de trabalho forçado ou eliminadas, enquanto milhões de camponeses foram exterminados por não concordarem com a coletivização das terras. Calcula-se que Stálin tenha sido responsável pela morte de cerca de 12 milhões de pessoas que se opunham ao seu poder.
A aplicação sistemática desses procedimentos foram os expurgos, que alcançaram sua maior brutalidade entre 1935 e 1939. A polícia política NKVD (Comissariado Popular de Assuntos Internos) foi o instrumento de terror responsável pelas práticas de repressão. A delação e a suspeita eram estimuladas, razão pela qual surgiram numerosos cúmplices e delatores.
A política stalinista
A generosidade para com os vencidos é perigosa: o inimigo nunca crê nessa bondade, considerando-a uma manobra política e, na primeira oportunidade, se lança ao ataque. Somente um homem ingênuo poderia raciocinar de outra maneira. (…). Os sofrimentos potencializam a energia popular, que pode ser orientada para a destruição ou para a criação (…).
0 povo deveria, naturalmente, ser persuadido de que seus padecimentos eram temporários, de que serviam para alcançar um objetivo maior, de que o poder supremo conhecia suas necessidades, se preocupava por ele e o defendia dos burocratas que haviam ocupado o lugar em que estavam. Que o poder supremo era onisciente e onipotente.
Adaptado de ANATOLI RIBA-COV, Os filhos da rua Arbat.
O stalinismo econômico
A planificação da economia pelo Estado foi uma das características da época stalinista. Stálin lançou os Planos Quinquenais, cujos objetivos eram:
- industrializar a União Soviética rapidamente;
- implantar uma economia socialista.
A propriedade privada da terra foi proibida, e executou-se a coletivização forçada da agricultura, que se sustentou sobre duas formas de propriedade: o sovkhoze, ou fazenda estatal, e o kolkhoze, fazenda coletiva controlada pelo Estado.
O resultado foi uma rápida industrialização, embora a agricultura tenha sofrido um considerável atraso por sua subordinação à indústria. Ao custo de muitas centenas de milhares de vidas, a industrialização acelerada colocou a URSS entre as grandes potências mundiais.
Por: Roberto Braga Garcia