Lênin fora muito popular enquanto representante de um partido, de uma ideologia. Josef Stalin, seu sucessor, beneficiou-se do “culto à personalidade”, despertando no povo russo uma afeição cujo excesso marcou a história da URSS.
Filho de um simples artesão, Stalin nunca saiu da Rússia, nasceu em 1879, numa pequena cidade da Geórgia. Com 18 anos lançou-se na ação revolucionária, organizando reuniões e atentados e escrevendo artigos revolucionários em jornais clandestinos. Em 1917 era o exemplo perfeito de um militante revolucionário, tornando-se uma figura proeminente.
Suas ideias revolucionárias baseavam-se na descrença numa imediata eclosão revolucionária no mundo: a vitória do socialismo seria lenta e dependeria, inclusive, de recuos temporários, com características capitalistas, em sua progressão para o comunismo.
O governo de Stalin
Quando Stalin assumiu o poder em 1924, a Rússia atravessava um período de incertezas e conflitos internos, atenuados pelo entusiasmo que se criou em torno de obras econômicas favoráveis ao desenvolvimento. Por outro lado, a oposição foi reprimida. Os partidários de Trotsky foram fuzilados ou exilados. As minorias nacionais do país foram incorporadas à União.
Desenvolveu-se a indústria no Cáucaso; exploraram-se jazidas — particularmente de petróleo (Karaganda) — na Ásia Central; ergueram-se cidades na Sibéria. Entretanto ainda existiam dificuldades relacionadas ao caminho para a coletivização.
De 1928 a 1931, Stalin, com o apoio das massas, decidiu-se a quebrar a rigidez do “estilo revolucionário”, sem deixar de considerar o socialismo. Certos aspectos do antigo regime, como o respeito à hierarquia militar, reapareceram. A socialização integral da economia não era mais reclamada com tanto vigor, e surgiram novos tipos de propriedade privada. O regime de prisão dos oponentes políticos tornou-se violento; foi criada uma polícia especial do Estado.
Em 1936, elaborou-se uma constituição que mantinha os organismos governamentais mas proclamava novos princípios. Assim, estenderam-se a todos os soviéticos alguns direitos anteriormente reservados aos proletários — como a possibilidade de votar e a de receber educação. A liberdade de expressão, de pensamento e de reunião, a inviolabilidade de domicílio e de correspondência foram garantidas. A propriedade pessoal foi autorizada.
Essas medidas provocaram oposições pessoais a Stalin e algumas rivalidades políticas. A partir de 1934, aproveitando-se do assassinato de um importante chefe bolchevista (Kirov), Stalin desencadeou uma implacável onda de eliminação de seus adversários: a polícia fez prisões em massa, e uma série de processos permitiram o fuzilamento ou a deportação dos inimigos para as prisões no Norte da Sibéria.
A Economia Planificada
A NEP, que possibilitara a restauração da economia russa após a guerra civil, não teria utilidade na realização da meta de Stalin: o industrialismo. Então a URSS entrou na era dos planos quinquenais, com uma nova mentalidade: desenvolver sucessivamente a produção de energia, as grandes indústrias de base, as indústrias de transformação e a fabricação de bens de consumo.
O Primeiro Plano (de 1928 a 1932) visava sobretudo à transformação das condições da produção industrial. O setor privado desapareceu, em proveito do Estado. Um terço dos investimentos foram aplicados na eletrificação e no desenvolvimento da indústria pesada: em cinco anos, a produção de eletricidade deveria ser quintuplicada, e a metalúrgica, triplicada.
No setor agrícola, a planificação enfrentou algumas dificuldades: foi necessário, de início, regulamentar a propriedade do solo. A NEP permitia ao camponês a posse dos bens por ele produzidos, enquanto o plano de coletivização elaborado em 1929 propunha a formação de kolkhozes (fazendas coletivas) e de sovkhozes (fazendas do Estado, cultivadas com a orientação de técnicos). Também foi assegurada a mecanização da agricultura.
O Segundo Plano Quinquenal (de 1933 a 1937) era menos ambicioso que o primeiro: pretendia sobretudo desenvolver a indústria leve, a de bens de consumo. A URSS, desenvolvendo a metalurgia, lançou-se na fabricação sistemática de automóveis, ônibus, tratores e locomotivas. Nesse período surgiu o Movimento Stakhanovista, que consistiu no lançamento de campanhas publicitárias capazes de incutir nos trabalhadores o desejo obstinado de realizar os planos governamentais.
A economia planificada apresentou resultados excepcionais, e a URSS foi o único país do mundo que não sofreu a crise de 1929: fechada em si mesma, vivendo das trocas internas, não conheceu nem a superprodução, nem o desemprego.
A produtividade energética cresceu consideravelmente: a produção do carvão triplicou, atingindo 165 milhões de toneladas em 1940; o país tornou-se o segundo produtor mundial de petróleo. Na indústria metalúrgica, passou a ocupar a terceira posição do mundo, depois dos Estados Unidos e da Alemanha. Em onze meses, surgiram grandes usinas na estepe desértica, onde uma pequena vila se tornou um grande centro manufatureiro, recebendo o nome de Stalingrado.
A produção cerealista também se desenvolveu, contudo não cobriu as necessidades do país. Os transportes permaneciam um ponto fraco da economia soviética: as ferrovias foram aumentadas 35%, a navegação interior foi aperfeiçoada, mas as estradas eram insuficientes.
O terceiro Plano Quinquenal visava desenvolver a indústria química mas não foi executado devido à Segunda Guerra Mundial, quando a URSS entra no conflito contra os alemães, que romperam o pacto de Não-Agressão.
Conclusão
A guerra devastou a URSS, que em quatro anos conseguiu reestruturar sua economia.
Em 1953 morreu Stalin, deixando um Estado fortemente centralizado e extremamente poderoso em relação à sociedade.
Nikita Kruchev, o membro mais forte do Partido Comunista, assumiu o poder, iniciando o processo que ficou conhecido como desestalinização. A política e o sistema judiciário foram reformulados, os Soviets e os sindicatos, reabilitados, os oponentes de Stalin, anistiados, e os correligionário de Stalin, afastados do centro do poder.
Durante o XX Congresso do Partido Comunista em 1956, Kruchev fez uma série de denúncias contra Stalin, acusando-o de cometer abusos e arbitrariedades políticas que impediram o avanço do socialismo.
Por: Renan Bardine