Você já pensou em como seria a vida se houvesse algo, como o governo, ditando tudo o que você pode ou não fazer: livros que pode ler, filmes a que pode assistir, até o que pode dizer? Impossível? Enganou-se. Não é ficção científica. Situação assim, que ficou conhecida por regime totalitário, existiu em países europeus a partir de 1920.
Os regimes totalitários mais característicos são o Nazismo e o Fascismo. Além de o governo impor tudo o que a pessoa poderia ou deveria fazer, também incentivava a denúncia de quem tentasse pensar por conta própria. Isso fez até filhos denunciarem pais e vizinhos se acusarem uns aos outros. Não se podia confiar em ninguém.
O surgimento desses regimes na Europa
A crise que atingiu a Europa e o sucesso soviético diante da Crise de 1929 favoreceram o fortalecimento de partidos ligados ao comunismo. Amedrontados com o crescimento da esquerda, os capitalistas trataram de apoiar partidos radicais conservadores de direita, que prometiam impedir o avanço da esquerda. Esses partidos fortaleceram-se a ponto de assumir o governo de alguns países.
Dessa forma, a figura de um líder carismático, com poder de persuasão, parecia ser a solução. Os democráticos, como a Grã-Bretanha e a França, queriam evitar uma nova guerra, postura a que se deu o nome de “política do apaziguamento”. Assim, na ausência de oposição, Benito Mussolini, na Itália, e Adolf Hitler, na Alemanha, ficaram praticamente livres para agir.
O totalitarismo
A palavra totalitarismo foi empregada por Mussolini e pelos fascistas italianos para exaltar seu regime. Posteriormente, historiadores e sociólogos a adotaram em referência aos regimes não democráticos, em que o Estado controla a população em todos os aspectos.
O termo “totalitarismo” refere-se a uma concepção política que exalta o Estado, a nação ou uma classe social, às quais o indivíduo deve estar totalmente submetido. A todos os aspectos de sua vida privada passam para um segundo plano, imolando-se o indivíduo no altar do coletivismo grosseiro. Daí o argumento de Adolf Hitler, inspirador do totalitarismo nazista: “… a missão principal dos Estados Germânicos é cuidar e pôr um paradeiro a uma progressiva mistura de raças”.
O totalitarismo e a ditadura têm poucas diferenças, assim como o socialismo e o comunismo. O fascismo é totalitário, e o Estado fascista; síntese e unidade de todo valor interpreta, movimenta e domina toda a vida do povo.
Características dos regimes totalitários
No regime totalitário, todos os poderes do Estado se concentram em uma só pessoa. O chefe totalitário personifica o próprio Estado, isto é, suas vontades são as do país. Nas festas nacionais, por exemplo, costuma-se colocar enorme retrato do dirigente junto à bandeira nacional. Doutrinam-se as crianças na obediência e no respeito ao governante, que exerce zelosa proteção a elas.
Os defensores do totalitarismo condenam a democracia porque consideram que ela divide a sociedade e estimula as diferenças. Para eles, a sociedade deve estar unida em torno dos mesmos pensamentos e interesses impostos pelo Estado. Nesses regimes, tudo o que divide e diferencia as pessoas se torna proibido.
Não existe liberdade de expressão nem de pensamento. A censura aos meios de comunicação é intensa. Há estímulo à denúncia de todos que são (ou aparentam ser) contra o regime.
O pensamento crítico e o racionalismo, valorizados pela democracia, são condenados pelo totalitarismo, que substitui a reflexão e o debate pelas atividades físicas — treinamento militar, trabalho disciplinado, ginástica etc.
No lugar da razão, apela-se à emoção, por meio de slogans, saudações, rituais e solenidades grandiosas — “Obedeça cegamente ao chefe”; “Discordar é ser antipatriótico”; “Não pense, marche”; “Questionar é traição”. Esse tipo de regime coloca o governo acima do cidadão.
Manifestações como as da foto eram exemplos típicos do ducismo, como Mussolini denominava o culto à sua personalidade. Os professores primários recebiam ordens de aconselhar seus alunos a seguir o exemplo do Duce, enfatizando sua coragem e seu brilho intelectual, que faziam dele, segundo afirmavam seus ajudantes fascistas, uma figura maior que as de Dante e Michelangelo, comparável, se não superior, às de Aristóteles e Napoleão.
Por: Wilson Teixeira Moutinho