Paralelamente à produção dos autores da geração modernista de 1945, surgiu um estilo poético que se distanciou mais ainda das premissas da geração modernista de 1922. Esse estilo radicalmente inovador foi chamado de Concretismo.
É uma poesia preocupada com a palavra, o som e a imagem, na qual tudo se une formando uma nova visão de poesia gráfica, com mobilidade e inovação.
De acordo com propostas dos poetas de 1945, a poesia deveria seguir um modelo mais formal, de cunho neoparnasiano ou neossimbolista, com versificação mais regrada, maior erudição com relação às palavras e uso de temas mais universais.
O Concretismo, no entanto, contrapôs-se a toda essa busca pelos padrões clássicos.
Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos, criadores do Concretismo, entendiam que a arte tinha de ser mais condizente com a rapidez e a agilidade da sociedade moderna e, ao colocarem em prática suas teorias, fizeram com que o Concretismo fosse além de tudo o que o Modernismo conquistara até então.
Veja alguns aspectos da poesia concreta: fim do verso, do lirismo e do tema; atribuição de significado e integração do espaço em branco ao poema, e decomposição e montagem de palavras, com seus vários sentidos e correlações com outras palavras.
O poema concreto, muitas vezes, lembra um cartaz publicitário, que se evidencia pelo apelo visual e permite várias leituras. A partir dessas nuanças, a crítica passou a identificar o Concretismo como uma arte que se fundamentava no conjunto verbivocovisual.
Os poetas concretistas buscavam utilizar a imagem na folha de papel, a fim de sair do simples poema escrito com palavras, para chegar ao poema gráfico, em que a forma disposta na folha fosse o mais importante.
Não só o Concretismo, mas outras tendências menos importantes que se seguiram a ele buscaram cada vez mais intertextualidade com outros meios de expressão, o que levou a mudanças rápidas quanto à linguagem empregada, cada vez mais fragmentada e ágil, afastando a poesia da possibilidade de um reencontro com os padrões clássicos. Outra característica relevante que contribuiu para a difusão da poesia foi seu “casamento” com a música popular, com o crescimento dos meios de comunicação de massa e a produção mais industrializada da literatura.
Além dos paulistas Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos, cujas propostas fundamentaram o movimento concretista, podem ser acrescentados outros representantes dessa estética: o também paulista José Paulo Paes, os cariocas Ronaldo Azevedo, Wladimir Dias-Pino e José Lino Grünewald, o alagoano Edgard Braga e o pernambucano Pedro Xisto. As procedências regionais mostram o alcance da poesia concreta.
Os principais autores concretistas mantiveram-se em plena atividade artística nos anos 1990 e exerceram nítida in fluência sobre os artistas mais jovens. A poesia concreta é, portanto, um dado importante da arte relativamente atual.
Por: Wilson Teixeira Moutinho