Expressionismo
O primeiro movimento moderno começa na Alemanha, nos últimos anos do século XIX. Ganha mais consistência às vésperas da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), expressando a angústia desse período.
Forma-se a partir de dois grupos: Die Brucke (A ponte), de Dresden, e o Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul), de Munique. Os integrantes do primeiro grupo (Otto Muller, Kirschner, Emi Nolde, entre outros) eram agressivos e politizados; já os Cavaleiros Azuis (Kandinsky entre eles) tinham uma visão espiritualizada do universo, manifestando-se sobretudo através da cor.
Suas obras mostram figuras em sofrimento, numa dor que contamina toda a tela por meio do uso do mesmo ritmo de pinceladas na execução de cada parte.
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Fauvismo
Sob influência da pintura de Paul Gauguin, o fauvismo (de fauve, fera, em francês) surge em Paris em 1905, com Henri Matisse, Maurice Vlaminck, Raoul Dufy e André Derain. Com cores vivas, muitas vezes saídas diretamente dos tubos de tinta, e composições frenéticas, a pintura fauvista exalta o instinto em lugar da razão.
Henri Matisse (1869-1954), pintor e escultor francês. Nasce em Nice, estuda direito em Paris e começa a pintar só por volta de 1890. Seus primeiros trabalhos retratam interiores e naturezas-mortas; depois é influenciado pelos pós-impressionistas e adota o fauvismo.
Sua teoria artística se reflete no título de obras como Luxo, calma e voluptuosidade e Alegria de viver. O equilíbrio sereno entre forma e fundo evolui em seu contato com a arte decorativa do Oriente Médio, que o leva a trabalhar em recortes e colagens. De 1949 a 1951, trabalha na decoração da Capela de Vence, no sul da França, em que sua arte atinge extremo grau de simplicidade.
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Primitivismo
Com desenho ingênuo, deformações de perspectiva, temas alegres ou exóticos e repletos de detalhes engenhosos, o primitivismo contesta as regras de composição clássicas. Seus melhores representantes trazem um vigor inédito na pintura. Pintores como o autodidata Henri Rousseau (A encantadora de serpentes) o adotam integralmente; outros, como Picasso, Miró e Matisse fazem uso de parte de sua estética.
Cubismo
Em 1907, o espanhol Pablo Picasso pinta Les demoiselles d’Avignon (As senhoritas de Avignon). Como a Olympia, pintada por Manet cerca de 50 anos antes, revoluciona sua época e expõe uma mescla de desejo e insolência quase hostil. Essa agressividade perturbadora é atingida por Picasso com o uso da técnica simultaneísta, base do cubismo.
Simultaneísmo – O rosto das figuras exibe ao mesmo tempo o perfil e a frente – como nas máscaras africanas em que Picasso se inspirou – e o olhar delas ganha poderes hipnóticos. Com a disposição das figuras em planos – influenciado por Paul Cézanne –, mostra mais de um ângulo de visão. É como num cubo, do qual, vendo-se uma única face, vê-se o todo. Além de Picasso, o francês Georges Braque e o espanhol Juan Gris praticam o cubismo.
O estilo acaba por se diferenciar em duas vertentes: o cubismo analítico, que decupa a figura em diversas partes, e o sintético, que se divide da figuração imediata. Com o cubismo, inaugura-se também o uso da colagem (estampas e objetos são colados à tela em vez de copiados) e de referências à comunicação de massa (pedaços de jornais e fotos são agregados à tela).
Pablo Picasso (1881-1973), pintor e escultor espanhol. Nasce em Málaga, estuda em Barcelona, mas é em Paris que desenvolve sua carreira. Prodigioso desde menino, estuda os velhos mestres e se apaixona pela pintura de Cézanne. Por volta de 1906, conhece a arte primitiva e passa a experimentar novos conceitos de figuração e perspectiva.
Em 1907, pinta Les demoiselles d’Avignon, marco artístico do século. Nessa tela, já começa a desenvolver o estilo que depois seria batizado de cubismo. Depois de uma fase clássica (1919-1925), abandona a sintaxe cubista e experimenta diversas técnicas, em obras de grande poder inventivo. Em 1937 pinta a célebre Guernica, retratando os horrores da Guerra Civil Espanhola.
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Futurismo
Fundado em 1909 pelo poeta italiano Filippo Marinetti, o futurismo celebra os signos do novo mundo: a velocidade, a comunicação de massa, a industrialização. Sua ideia é a de que a arte deve lidar com a realidade contextual de maneira radical, recriando-a em termos formais. Se o mundo atual é dinâmico e imediatista, cabe à arte sê-lo também.
Os italianos Umberto Boccioni e Giacomo Balla e o francês Fernand Léger fazem arte futurista. Mais tarde, suas inovações quanto ao dinamismo da obra de arte levam à criação da arte cinética de Naum Gabo, Anton Pevsner, Laszlo Moholy-Nagi e outros, que usam a sucessão de linhas e planos paralelos para dar a ideia de movimento.
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Dadaísmo
O inconformismo de cubistas e futuristas diante de um mundo em que a máquina pode produzir a beleza e o artesanato quase não existe é radicalizado pelo dadaísmo. Fundado em Zurique, em 1915, pelo poeta Tristan Tzara, defende a ideia de que qualquer combinação inusitada promove o efeito estético.
Como crítica ao encerramento da arte em museus e galerias, o francês Marcel Duchamp, em 1912, coloca uma roda de bicicleta sobre um banquinho de madeira, inventando o ready-made (arte que subverte a utilidade de materiais existentes). Outros artistas dadaístas são Max Ernst e Francis Picabia.
Marcel Duchamp (1887-1968), artista francês. Nasceu em Paris. Sua obra inicial tem influência do cubismo, do futurismo e do surrealismo, mas abandona a pintura na década de 20. Em 1912, inventa o ready-made com Roda de bicicleta. Em 1917, manda um urinol invertido, batizado de Fonte, para uma exposição. Em seguida, se torna um dos líderes do movimento dadaísta. De 1946 a 1966 supostamente deixa a arte pelo xadrez, mas na verdade trabalha em Etant Donnés, uma obra tridimensional, com técnicas mistas, que é vista através de dois postigos num sobrado espanhol; a cena revelada é a de uma paisagem ensolarada, com cascata, e em primeiro plano uma mulher nua de pernas abertas.
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Surrealismo
O surrealismo surge na França em 1924, liderado pelo poeta e crítico André Breton, sob influência das teorias de Sigmund Freud sobre o inconsciente e a sexualidade. Pintores como o espanhol Salvador Dalí, o russo Marc Chagall e os belgas René Magritte e Paul Delvaux buscam uma linguagem onírica, repleta de simbologia e da forma narrativa dos sonhos.
Rompem o eixo tradicional do figurativismo: as figuras saem da vertical (um casal flutua), perdem a proporcionalidade (um homem pode ser maior que uma casa) e sofrem alterações inverossímeis (relógio derrete). Giorgio de Chirico, Carlo Carrà, Giorgio Morandi e Alberto Giacometti praticam o surrealismo na Itália; Yves Tanguy e Robert Delaunay, na França.
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Abstracionismo
Em 1910, o pintor russo Vassily Kandinsky pinta a primeira obra abstrata – ou seja, em que não existe uma referência real, ou em que, se existe, essa referência é secundária. O que importa essencialmente são as formas e cores da composição.
O abstracionismo pode ser dividido em informal ou geométrico. Alguns, como o holandês Piet Mondrian, o romeno Constantin Brancusi e o norte-americano Alexander Calder, não podem ser encaixados em nenhuma das duas vertentes, embora tendam mais para a segunda. Fazem um abstracionismo de princípios geométricos mas procuram sobretudo dar musicalidade às formas, que adquirem expressividade. Esta linha irá influenciar o minimalismo.
Abstracionismo informal – Defende as formas livres e busca o lirismo no ritmo estabelecido pelo jogo cromático e espacial. Kandinsky, Paul Klee, depois Nicholas de Staël e Richard Diebenkorn são alguns dos abstracionistas informais, que vão mais tarde influenciar o expressionismo abstrato.
Abstracionismo geométrico – As formas são obtidas mediante um sistema rigoroso – com base, por exemplo, em formas geométricas como quadrados, triângulos ou círculos – e não há a intenção de expressar algum sentimento ou ideia. Artistas como Kasimir Malevitch, os construtivistas russos (Rodchenko, Tatlin, Lissitsky) e os seguidores da escola alemã Bauhaus (os arquitetos Walter Gropius e Mies Van Der Rohe), que enfatiza a funcionalidade na nova arte, adotam os princípios desse abstracionismo, que mais tarde vai influenciar o concretismo.
Piet Mondrian (1872-1944), pintor holandês. Nasce e estuda pintura em Amsterdã. Pinta paisagens, passa ao cubismo e, a partir de 1912, abandona sua tendência expressiva e colorista. A relação de linhas e planos, como estruturação de áreas de cor, passa a ser sua única preocupação artística. Entre 1914 e 1917, faz a série Composições, em que abole a representação. A partir daí, aperfeiçoa crescentemente seu estilo: utiliza apenas cores primárias e quadriláteros. Em 1942 e 1943, faz a série Broadway Boogie-Woogie, em que dá ritmo e expressividade à sucessão de pequenos planos coloridos.
Expressionismo abstrato
Utilizando o nome inventado para descrever a obra de Kandinsky, o expressionismo abstrato predomina nos EUA, nos anos 40. Artistas como Jackson Pollock, Willem De Kooning e outros postulam uma pintura em que o essencial está na expressão da individualidade, da subjetividade do pintor. Para eles, essa manifestação só poderia ser exclusivamente individual se o autor o fizesse de maneira livre, gestual, sem projeto prévio.
O francês Georges Mathieu (sob o nome de tachismo), o holandês Karel Appel e a portuguesa Maria Helena Vieira da Silva fazem o mesmo. Nos anos 60, essa abstração gestual dará lugar à color-field painting (pintura de campos de cor), praticada nos EUA por Kenneth Noland, Barnett Newman, Frank Stella, Mark Rothko e Morris Louis. A color-field painting usa áreas geométricas extensas e monocromáticas que convidam, pela própria vibração e harmonia entre si, à contemplação do observador.
Concretismo
Nos anos 50 surge o concretismo. A expressão “arte concreta” já havia sido criada pelo holandês Theo Van Doesburg, em 1930. O movimento concretista surge, em 1955, na Escola Superior da Forma, em Ulm (Alemanha), baseado na teoria elaborada pelo suíço Max Bill.
Os concretistas rejeitam a abstração e a expressividade, seja a lírica de um Kandinsky ou Mondrian, seja a religiosa de um Malevitch ou Rothko. Sua ambição é liquidar a sintaxe tradicional, que faz distinções entre forma e conteúdo, entre figura e fundo, entre sujeito e objeto, e estabelecer uma nova linguagem, que para eles é o design.
Mais tarde, nos anos 60, essas ideias vão fazer surgir a op art (arte óptica), que busca estimular o observador por meio de efeitos ópticos que fazem alternar e confundir forma e fundo, colocando em questão o senso de profundidade.
Referências bibliográficas
- ANDRADE, Mário de. Aspectos das artes plásticas no Brasil. São Paulo: Martins, 1965.
- SOUZA, Alcídio Mafra de. Artes plásticas na escola. 5.ed. Rio de Janeiro: Bloch, 1974.
- SANTOS, João Carlos Lopes dos. O manual do mercado de arte: uma visão profissional das artes plásticas e seus fundamentos práticos. São Paulo: Julio Louzada, 1999
- PIJOAN, Jose. História da arte. (Rio de Janeiro): Salvat, c1978.
- CAVALCANTI, Carlos. História das artes: curso elementar. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
- BARRAL I ALTET, Xavier. História da arte. Campinas, SP: Papirus, 1990