Mitologia

Rômulo e Remo

Como quase todos os povos da história, os romanos buscam explicar suas origens por meio de mitos e lendas. Segundo a lenda mais famosa, a cidade de Roma foi fundada por Rômulo e Remo, irmãos gêmeos descendentes de Enéas, herói troiano, e de Marte, deus da guerra para os romanos.

…certo dia Amulio expulsou seu irmão afim de reinar só e matou lhe todos os filhos com exceção de uma menina Réia Sílvia. Porém, para evitar que esta desse ao mundo algum filho, ao qual pudesse vir a ideia, mais tarde, de vingar o próprio avô, ele obrigou-a a tornar-se sacerdotisa da deusa Vesta., isto é, religiosa.

Certa vez, Réia, que fizera votos de não se casar mas que mal se resignava com a ideia de não fazê-lo, aproveitava da fresca à beira do rio, porque o verão estava terrivelmente cálido. Adormeceu. Eis que, por acaso, passava por essas paragens o deus Marte, que descia à terra com frequência, seja para efetuar qualquer guerrilha, como era de seu mister habitual, seja para conquistar donzelas – sua paixão favorita. Viu Réia Sílvia e por ela se encantou. Sem despertá-la, engravidou-a.

Quando Amúlio soube disso, ficou muito encolerizado, mas não a matou. Esperou que desse à luz não somente um, mas dois meninos gêmeos. Depois, fez colocarem os dois bebês num cesto microscópico, que deixou à mercê do rio para que, seguindo a correnteza, fosse o cesto até o mar e os afogasse. Contudo, não pensou no vento, que soprava mito forte naquele dia e fez com que a frágil embarcação encalhasse a pequena distância dali, em pleno campo.

Os dois abandonados, que choravam ruidosamente, atraíram a atenção de uma loba, que acorreu para amamentá-los. Esse é o motivo de ter-se tornado essa fera o símbolo de Roma, fundada mais tarde pelos dois gêmeos.

Rômulo e Remo e a loba
Loba Capitolina amamentando Rômulo e Remo, escultura de bronze feita pelos etruscos.

Dizem os maldosos que essa loba não era de modo algum uma loba, mas uma mulher “de verdade“, Aca Larência (Acca Larentia), que apelidavam a “Loba“, por causa do caráter selvagem e das numerosas infidelidades com que cumulava o marido, um pobre pastor, pois se entregava ao amor nos bosques, com todos os rapazes da vizinhança. Porém, talvez tudo isso não passe de mexericos de comadres.

Os dois gêmeos receberam os nomes de Remo e de Rômulo, cresceram e acabaram por vir a conhecer sua história. Aos dezoito anos decidiram fundar uma cidade, Roma, escolhendo para seu estabelecimento o lugar em que haviam sido salvos.

Entretanto, como cada um tinha suas preferências e havia imaginado a cidade à sua maneira, eles resolveram consultar os deuses para saber quem decidiria. Subiram então ao monte Palatino, onde Rômulo viu passar sete abutres e Remo, doze. Como Rômulo os havia visto primeiro, traçou o primeiro perímetro da cidade com um arado puxado por bois, jurando que mataria aquele que o atravessasse. Remo, aborrecido, penetrou no espaço de seu irmão, que, sem hesitar, lhe cravou sua espada. A data legendária da fundação de Roma situa-se em 21 de abril de 753 a.C.

Após sua fundação, Roma se constituiu como uma Monarquia, tendo Rômulo como seu primeiro rei. A lenda conta ainda que começaram a chegar a Roma desterrados, assassinos, escravos e fugitivos, que vinham sem mulheres. No dia 21 de agosto, organizaram-se na cidade festividades em honra aos latinos e a seus vizinhos, os sabinos. A uma ordem de Rômulo, todos os seus companheiros se apoderaram das mulheres sabinas. A lenda conta que o reinado de Rômulo durou 33 anos e fez prosperar a jovem cidade. Um dia, enquanto ele passava suas tropas em revista, caiu uma tempestade e escureceu – era um eclipse. Rômulo desapareceu e nunca mais se soube dele, embora haja rumores de que tenha sido assassinado por seus senadores.

Bibliografia: M., Indro, História de Roma. São Paulo, Ibrasa, 1966. p. 14-15.

Por: Renan Bardine

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