A palavra estilística, como ciência que estuda a linguagem na sua função expressiva. Para os estudiosos atuais, pode-se dizer que estilo é o trabalho de escrever com traços individuais bem característicos, ou seja, o exercício de composição próprio de cada escritor.
Esses exercícios de composição muitas vezes envolve o uso de recursos considerados “desvios” em relação ao que é visto como usual ou comum. Qualquer desvio de linguagem, como as figuras de linguagem e os vícios de linguagem, é objeto de estudo da estilística.
Estilística e Gramática
A primeira observação é que Estilística e Gramática não podem ser confundidas, apesar de estarem muito próximas por atuarem no mesmo espaço. A diferença é que o objeto de estudo da Estilística é a língua, quando aplicada afetivamente, emocionalmente, seja em texto artístico, seja na forma de uma fala comum, enquanto que a Gramática envolve-se com a língua realizada de maneira racional, intelectiva.
A referência pela qual as duas se norteiam é a norma-padrão, a chamada língua culta, porque esta tem como modelo as normas gramaticais. A norma-padrão seguirá sendo referência estilística e gramatical, mesmo quando o discurso estiver estruturado numa das suas mais diversas variantes, como linguagem individual, regional, coloquial, profissional, e em todas as demais formas de manifestação linguística.
Como a atuação das duas, apesar de diferentes, tem como referencial a norma, Estilística e Gramática são, na verdade, complementares.
Uma análise estilística tem como orientação básica compreender os motivos que levaram o emissor do texto ou da fala a incluir elementos culturais, sociais, ideológicos, morais ou históricos em sua produção.
A análise estética leva em consideração que qualquer um desses aspectos da sociedade humana são, regra geral, a própria razão de ser da imensa maioria das manifestações linguísticas e, consequentemente, dos textos literários.
Em recente entrevista à revista Caros Amigos, o escritor Gabriel Garcia Marques, explicando falhas em um filme, de cuja produção ele participara, diz assim: “Pôde dar errado porque a vida dá errado. E o que a arte tenta é completar essa parte que a vida não nos dá. A vida não é o suficiente, então a gente tenta pela arte”.
Observe-se que, na Estilística, o erro gramatical tem intenção estética, enquanto que na gramática, pela ausência dessa intenção, o erro gramatical é mesmo um erro.
Cite-se também que o estudo da Estilística abarca todos os aspectos da língua, já que a sensibilidade dos que a utilizam de modo artístico pode manifestar-se na fonética, na morfologia, na sintaxe e muito particularmente na semântica.
Por: Wilson Teixeira Moutinho