Antigamente, alguns autores acreditavam que o norte-americano Charles Goodyear (1800-1860) simplesmente deixou cair enxofre em um tacho contendo borracha quente e, assim, descobriu a vulcanização.
Mas hoje sabemos que isso talvez seja pura lenda. Em 1836, Charles Goodyear, que era inventor como seu pai, conseguiu um contato para fornecer sacos postais de borracha para o departamento de correios dos EUA. No entanto, havia um grande problema: os sacos de borracha produzidos por Goodyear eram muitos ruins durante boa parte do ano, já que endureciam demais no inverno e praticamente se desmanchavam no verão.
Então, conjugando sua criatividade de inventor com o desejo de não perder um vantajoso contrato comercial, Goodyear enfrentou o desafio de produzir uma borracha de melhor qualidade. Após três anos de exaustivas pesquisas, nas quais testou dezenas de substâncias misturadas à borracha, Goodyear chegou inclusive a trabalhar com o enxofre.
Foi exatamente nesse momento que lhe ocorreu um lance de sorte: ao respingar uma parte da mistura de borracha e enxofre na chapa quente do fogão, Goodyear notou que a borracha não fundia na madeira esperada e resolveu pesquisar a fundo as misturas com enxofre. Algum tempo depois, surgia a borracha vulcanizada, nome atribuído em homenagem a Vulcano, deus romano do fogo.
Como o produto obtido na vulcanização era bastante elástico e resistente às variações de temperatura, pneus, tubos, capas e mais uma enorme quantidade de objetos passaram a ser produzidos com borracha vulcanizada.
Mas, apesar de todo o seu esforço, Goodyear enfrentou enormes problemas judiciais para patentear sua descoberta que o inglês Thomas Hancock também reivindicava os direitos da mesma invenção.
Em virtude de todos esses problemas, Charles Goodyear passou o resto da vida tentando, em vão, o reconhecimento de seus direitos. Infelizmente, em 1860, ele morreu na miséria.
A borracha: como surgiu essa ideia?
Apesar da descoberta da vulcanização em 1839, a história da borracha começou centenas de anos antes de Goodyear.
Em 1493, a tripulação de Cristóvão Colombo já tinha observado nativos do atual Haiti brincarem com bolas que “ao tocarem o solo subiam a grande altura”, formadas por uma goma chamada cauchu. Na Europa, o material dessas bolas foi chamado de borracha.
Em língua Indígena, cauchu significa “árvore que chora”.
Borracha (do esp. Ou port. arcaicos): recipiente para bebida.
A borracha natural é um produto da coagulação do látex, líquido branco e viscoso extraído da várias árvores, tais como a balata, a maniçoba e a seringueira, também conhecida no Brasil como “árvore da borracha” (Hevea brasilienses).
A borracha é um polímero, ou seja, um material formado por moléculas gigantes. Tais moléculas podem ser consideradas como o resultado da união de milhares de outras moléculas menores, genericamente chamadas de monômeros.
No caso da borracha natural, a união de milhares de moléculas de isopreno em uma molécula gigantes (polímeros) denominada polisopreno. A borracha é um polímero da classe dos elastômeros, substâncias de grande elasticidade e que tendem a retornar à forma original.
Na borracha vulcanizada, os átomos de enxofre unem as fibras de borracha, por meio das chamadas pontes de enxofre. A adição de 1% a 3% de enxofre torna a borracha mais dura e resistente às várias variações de temperatura. No entanto, isso não impede que a borracha vulcanizada continue com um ótimo grau de elasticidade.
A borracha no Brasil
Por volta de 1850, a borracha já era utilizada em instrumentos cirúrgicos, materiais de laboratório e em vários outros objetos, como botas e capas. Em 1895, foi realizada, na França, a primeira corrida de carros equipados com pneus e câmaras de borracha.
O quadro de baixo mostra a exportação de borracha em diferentes épocas, até o chamado ciclo econômico da borracha.
A partir do início do século XX, as seringueiras plantadas na Ásia já ameaçavam o monopólio brasileiro. Nos anos de 1915-1916, a produção do Brasil ainda se mantinha em torno de 37 mil toneladas, mas a produção asiática já ultrapassava cem mil toneladas. Atualmente, o Brasil importa da Malásia, da Tailândia e da Indonésia aproximadamente 30% de nossas necessidades desse material.
Autoria: Leonardo Mello de Freitas