Em O demônio familiar, José de Alencar trata de alguns hábitos e valores da sociedade brasileira de seu tempo, principalmente o casamento por interesse. O autor enaltece também a família como grande célula social a ser defendida.
Com essa peça, José de Alencar provou que é possível fazer crítica social sem abrir mão da leveza da comédia, gênero tão apreciado pela burguesia da época.
Resumo do livro
Eduardo é um jovem médico, órfão de pai, que exerce o papel de chefe de família. Responsável pela mãe e pelos irmãos, opõe-se ao casamento por interesse.
Carlotinha, sua irmã, procura ajudar a amiga Henriqueta, pois sabe que ela e Eduardo se amam. Henriqueta, porém, foi prometida pelo pai em casamento a Azevedo, em troca do perdão de dívidas da família.
Azevedo, homem rico e pedante, valoriza somente o que é estrangeiro. Deseja casar-se apenas para desfilar com uma mulher bonita nos salões e, assim, angariar prestígio.
Por sua vez, Alfredo, amigo de Eduardo, jovem modesto, sincero e de bons princípios, está apaixonado por Carlotinha e por ela é correspondido.
Além desses personagens, há o escravo da família, Pedro, que tudo faz para realizar seu desejo: tomar-se cocheiro a fim de ascender socialmente, revelando, assim, a postura política do autor.
Dessa forma, ora favorece os amores de Carlotinha e Alfredo, ora de Eduardo e uma viúva rica, pois vê no casamento dos casais a concretização de seu objetivo.
As confusões que Pedro provoca entre os personagens são tantas que Eduardo lhe dá uma carta de alforria, dizendo:
Toma: é a tua carta de liberdade, ela será a tua punição de hoje em diante, porque as tuas faltas recairão unicamente sobre ti; porque a moral e a lei te pedirão uma conta severa de tuas ações. Livre, sentirás a necessidade do trabalho honesto e apreciarás os nobres sentimentos que hoje não compreendes.
O teatro de José de Alencar
José de Alencar (1829-1877) dedicou-se ao teatro com o objetivo de renová-lo. A estreia do autor no teatro ocorreu em 1857, com a peça Verso e reverso. Além de O demônio familiar (1857), escreveu ainda As asas de um anjo (1858) e O jesuíta (1861).
Referência: ALENCAR José de. O demônio familiar. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003. p. 92.