A região Centro-Oeste é formada pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Estende-se por cerca de 1.606.404 km2 (IBGE 2010), o que corresponde a quase 19% do território nacional.
É a segunda maior extensão territorial entre as regiões brasileiras, sendo inferior apenas à região Norte. Abriga, aproximadamente, 15,6 milhões de habitantes (IBGE 2016), sendo a região menos populosa do país. É também onde está situada a capital do país, a cidade de Brasília.
Aspectos físicos e naturais do Centro-Oeste
Relevo
O relevo da região Centro-Oeste é formado por planaltos, chapadas, serras, depressões e planícies. Destacam-se, na região, a chapada dos Guimarães e a planície do Pantanal Mato-Grossense.
Chapadas são áreas de relevo tabular (forma de mesa), com paredões esculpidos pela força da erosão.
Hidrografia
A região Centro-Oeste é cortada por grandes rios, como o Juruena, o Xingu, o Araguaia e o Paraguai. O rio Araguaia situa-se na divisa entre Mato Grosso e Tocantins. Nele está a maior ilha fluvial do mundo – a ilha do Bananal.
Vegetação
Originalmente, uma parcela significativa da região Centro-Oeste era ocupada pelo Cerrado, essa é a segunda maior formação vegetal da América do Sul, perdendo, em área ocupada, apenas para a floresta Amazônica.
As características principais da vegetação do Cerrado são: árvores de tamanhos variados, predominando as de pequeno porte, dois a três metros de altura, com troncos de casca grossa, galhos retorcidos, folhas duras e raízes profundas, capazes de extrair água do subsolo, principalmente durante o período de seca.
O norte do Mato Grosso é coberto pela floresta Amazônica. Já no sul do Mato Grosso do Sul, surgem os Campos, próprios para a criação de gado.
O Pantanal Mato-Grossense é uma grande planície alagável (MT e MS), onde existe uma diversidade de formações vegetais: matas, cerrados, palmáceas, xerófilas e campos (pecuária extensiva). Tornou-se símbolo da região Centro-Oeste, em razão da diversidade de paisagens que apresenta.
Clima
O clima que predomina nessa região é o tropical, com temperaturas elevadas, verão chuvoso e inverno muito seco. Em algumas áreas, por exemplo no norte do Mato Grosso, manifesta-se o clima equatorial.
Aspectos humanos da Região Centro-Oeste
Durante quase dois séculos, o Centro-Oeste recebeu apenas grupos de jesuítas espanhóis. Estes subiam o rio Paraguai, reunindo indígenas em missões para catequizá-los.
Em 1718, a bandeira de Pascoal Moreira Cabral, que havia penetrado nos sertões do Mato Grosso para aprisionar índios, chegou ao rio Cuiabá. Ali, descobriu ouro e, nas proximidades, foi fundado um arraial que deu origem à cidade de Cuiabá.
Poucos anos mais tarde, outra bandeira, chefiada por Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido como Anhanguera, descobriu ouro em Goiás, fundando ali outro arraial, hoje a cidade de Goiás Velho.
No final do século XVII surgiram, no Centro-Oeste, as primeiras fazendas de criação de gado bovino e, com elas, povoadores vindos de outras áreas do Brasil. Nessa mesma época, os portugueses fundaram diversos postos militares, que, mais tarde, tornaram-se vilas.
No século XIX, a região ainda era muito pouco povoada e assim permaneceu até o século XX. A partir desse período, teve início a ocupação efetiva desse espaço central do Brasil, impulsionada, principalmente, pela construção da cidade de Brasília.
Brasília foi construída e inaugurada pelo governo de Juscelino Kubitschek em 21 de abril de 1960, para ser a nova capital do país.
Um dos principais objetivos da construção de Brasília na área central do país foi promover a chamada interiorização do desenvolvimento e tornar a cidade um polo para a região. O projeto inicial permitia apenas a construção de edificações que cumprissem os padrões estabelecidos no plano urbanístico.
A região Centro-Oeste se beneficiou muito com a construção de Brasília, especialmente por causa das grandes rodovias que partem da capital federal para integrá-la às demais regiões do país.
População
O Centro-Oeste é a segunda maior região do Brasil em área. Sua população, composta de brancos e caboclos, ainda é pequena e mal distribuída. As cidades mais populosas são Brasília, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande e Anápolis.
A presença de indígenas é bastante grande no Centro-Oeste. Muitos vivem em aldeias isoladas e em algumas reservas e parques indígenas. No norte do Mato Grosso, no Parque Nacional do Xingu, vivem grupos como os Kaapalo, os Kaiwa, os Trumai e os Juruna.
Os indígenas se dedicam, em geral, a pequenas lavouras, criação de gado, artesanato, garimpagem, caça e pesca, contudo sofrem com as frequentes invasões de suas terras.
Gaúchos, catarinenses e paranaenses formam os grupos de sulistas que se instalaram em várias regiões do Centro-Oeste. Lá eles organizaram lavouras, abriram estradas, montaram serrarias, fundaram vilas e cidades, avançando sempre mais sobre a floresta Amazônica.
Também fazem parte da paisagem humana do Centro-Oeste o vaqueiro do Pantanal, o boiadeiro de Goiás, os peões das fazendas de gado e os garimpeiros.
Cultura
A região Centro-Oeste sofreu forte influência da cultura indígena, mas lá encontram-se também costumes de todas as outras regiões brasileiras, em razão da migração de pessoas das mais variadas localidades do país.
Entre as manifestações folclóricas, destacam-se festas populares e tradicionais como a cavalhada, a tourada, festas juninas, festa de Reis, festas indígenas e rodeios.
Economia
As principais atividades econômicas da região Centro-Oeste são a pecuária, a agricultura, o extrativismo vegetal, o extrativismo mineral e a indústria.
Pecuária
A criação de gado é praticada na região desde o século XVII e é a atividade econômica mais importante. A região abriga o maior rebanho bovino do país.
No Centro-Oeste, o gado é majoritariamente criado de modo extensivo.
A criação extensiva, na qual o gado é criado solto nos pastos naturais de grandes fazendas, é desenvolvida em várias áreas da região.
Em outras áreas, como no sul do Mato Grosso do Sul e de Goiás, a criação é feita de modo intensivo: seleção de espécies e fazendas especializadas (gado de corte e pecuária leiteira).
Agricultura
A agricultura do Centro-Oeste, no início do século XX, estava voltada quase totalmente para a subsistência. O cultivo tinha características da roça, com plantio sem grandes cuidados nem técnicas de conservação do solo (utilizava-se muito a queimada para preparar o terreno).
À medida que a região foi sendo ocupada, teve início a agricultura voltada para o comércio especialmente de grãos, como o arroz, o milho, o feijão, a soja, além da cana-de-açúcar etc.
A partir da década de 1970, tornou-se possível desenvolver a agricultura nas áreas de Cerrado. Desse modo, ampliou-se a agricultura comercial em toda a região, diminuindo a área de lavouras voltadas para a subsistência. Atualmente, o estado do Mato Grosso é o maior produtor de soja do país.
Os vegetais e os minerais extraídos no Centro-Oeste constituem a matéria-prima utilizada por grande parte do setor industrial da região, que ainda é pouco significativo.
Extrativismo vegetal
O produto de maior expressão econômica é a madeira. Essa matéria-prima é extraída das florestas nativas para a obtenção de carvão vegetal, lenha ou toras.
Além da madeira, destacam-se os seguintes produtos:
- no setor alimentício − a erva-mate, o palmito, a castanha-do-brasil, o urucum, do qual se extraem as sementes para a produção de colorau (usado como corante de alimentos);
- no setor farmacêutico − a ipecacuanha ou poaia, da qual se utiliza a raiz para a fabricação de remédios;
- no setor das borrachas e fibras − o látex, para a produção de borracha, e a piaçava, que serve para fazer vassouras.
Extrativismo mineral
Destaca-se o estado de Goiás, no qual são explorados o níquel, o amianto e o calcário.
No Mato Grosso do Sul, encontram-se as maiores reservas de minérios de ferro e de manganês da região, no maciço do Urucum. Destacam-se também as reservas de ouro e dia mantes, que são exploradas por garimpeiros.
Indústria
A partir da década de 1950, foram implantadas várias indústrias de produtos alimentícios (principalmente frigoríficos), de produtos minerais, como aqueles voltados para a construção urbana (telhas, tijolos, cal, cerâmica e cimento) e para a fabricação de fertilizantes (fosfato).
Em 1998, a Mitsubishi Motors escolheu a cidade de Catalão, em Goiás, para instalar sua montadora de automóveis; em 2007, a Hyundai Motors escolheu Anápolis, também em Goiás, para sediar sua montadora. Ainda na região de Anápolis destaca-se a indústria farmacêutica, e, em Três Lagoas (MS), a indústria de papel e celulose.
Também merecem destaque as empresas químicas ligadas à industrialização da cana-de-açúcar, principalmente para a obtenção de álcool combustível.
Turismo
Na região Centro-Oeste, o turismo é uma atividade que está se expandindo muito. Como atrações turísticas, destacam-se:
- na cidade de Goiás, as construções do Brasil-Colônia – a cidade foi reconhecida como Patrimônio Histórico e Cultural Mundial, em 2001, pela Unesco, por causa de sua arquitetura barroca.
- na cidade de Brasília, a arquitetura e a urbanização e por ser a capital federal;
- na cidade de Caldas Novas, as águas quentes que chegam às fontes superficiais;
- em Cuiabá, o marco do centro geográfico da América do Sul;
- no Parque Nacional do Xingu, a variedade de tribos indígenas;
- em Nioaque (Mato Grosso do Sul), os monumentos históricos aos heróis da Retirada da Laguna;
- a paisagem do Pantanal Mato-Grossense;
- as chapadas dos Guimarães (MT) e dos Veadeiros (GO).
Por: Wilson Teixeira Moutinho