Uma das formas mais frequentes de comunicação oral é a conversação. Por meio dela, transmitem-se ideias.
A estrutura da conversação
Para que a conversação se desenvolva adequadamente, é necessário que todos os interlocutores forneçam e obtenham algo enquanto falam. Para isso, todos devem ter a oportunidade de expressar-se, deixando claras suas opiniões. O êxito de uma conversação depende de que os participantes cooperem ativamente; que cada um deles forneça a informação que se pede, que seja verossímil e que se expresse com clareza.
A conversação costuma apresentar a seguinte estrutura:
- Abertura: consiste em uma saudação ou em alguma expressão que chama a atenção do(s) interlocutor(es) e dá início à conversação. Exemplo:
– Como vai? Quais são as novidades?
- Orientação: é a fase em que se introduz o assunto ou se direciona a conversação para ele. Exemplos:
– Ouvi dizer que você está estudando alemão.
- Desenvolvimento: é formado pelas diferentes intervenções dos interlocutores, nas quais eles trocar opiniões sobre o assunto inicia! e acrescentam novos assuntos. Exemplo:
– Sim, eu me inscrevi numa escola de línguas, porque me pediram lá no trabalho.
- Encerramento: é a parte final, quando se conclui a conversação com algum a forma de despedida. Exemplo:
– Bem, vamos ver se a gente se vê em breve. Até mais!
Os registros na conversação
No momento de iniciar uma conversação, usam-se determinados registros que dependem do grau de formalidade na relação entre os interlocutores. Os registros, como usos específicos da língua que se manifestam em cada falante, determinam, voluntária ou involuntariamente, as diferentes características da conversação.
Os dois tipos de registros possíveis, o coloquial e o formal, definem-se de acordo com uma série de parâmetros situacionais, como:
- grau de intimidade entre os falantes;
- conhecimento compartilhado entre os falantes;
- cotidianidade da conversação;
- ambiente onde ocorre a conversação;
- planejamento da conversação;
- finalidade da conversação.
Conforme a maior ou menor presença desses traços, é possível distinguir dois tipos de conversação: a formal, como a que os advogados e juízes mantêm durante um julgamento, e a coloquial ou informal, como a que ocorre entre amigos, em um bar, falando sobre assuntos do cotidiano.
Saber escutar
O êxito de uma conversação, especialmente se mais de dois interlocutores intervém, depende da atitude dos participantes envolvidos. É necessário que eles escutem uns aos outros, levando em conta as seguintes diretrizes:
- Em primeiro lugar, é imprescindível respeitar a vez de falar de cada um. Todos têm direito a expressar educadamente sua opinião, sem interrupções.
- Em segundo lugar, cada falante deve prestar atenção ao desenrolar da conversa, para limitar-se ao assunto de que se fala, e não repetir o que outros já tenham dito.
- Em terceiro lugar, deve-se tentar compreender os pontos de vista dos outros e aceitar as ideias alheias que pareçam corretas e interessantes.
- Por último, devem-se respeitar todas as opiniões, mesmo que não se esteja de acordo com elas.
REGISTRO FORMAL
– Intimidade
– Informação compartilhada
– cotidianidade
+ planejamento
– finalidade interpessoal
+ hierarquia
Exemplos: debate, entrevista, mesa-redonda, consulta médica, conferência etc.
REGISTRO COLOQUIAL
+ Intimidade
+ Informação compartilhada
+ cotidianidade
– planejamento
+ finalidade interpessoal
– hierarquia
Exemplos: conversa entre amigos e familiares, telefonema etc.
O domínio das linguagens formal e coloquial está intimamente ligado ao nível sociocultural de cada falante. O emprego exclusivo de registros coloquiais indica que o falante é, provavelmente, pouco escolarizado.
O uso de um registro coloquial em uma conversa não impede o emprego de recursos de cortesia, como a expressão por favor, por exemplo. Da mesma forma, um falante pode optar pela linguagem formal ou pela informal, de acordo com a formalidade do ambiente em que se encontra.
Como as mulheres e os homens falam
Analisando-se a linguagem coloquial, ou espontânea, de homens e mulheres, é possível distinguir nitidamente características linguísticas e usos específicos associados às falas de cada gênero. Embora existam estereótipos culturais, frequentemente injustificados, deve-se reconhecer que existem marcas reais de fala que diferenciam os falantes por seu sexo. Além das diferenças associadas à fisiologia, como o tom, o timbre e a potência da voz, existem traços adquiridos por meio da cultura ou da educação que se refletem no
discurso oral. Sabe-se, por exemplo, que as mulheres prestam mais atenção à pronúncia, para torná-la mais suave e harmoniosa. Também se encontram algumas diferenças de vocabulário entre homens e mulheres. Em geral, acredita-se que os homens se afastam mais da norma-padrão da língua, enquanto as mulheres tendem a respeitar mais as regras gramaticais. Nas conversas, as mulheres costumam participar de maneira mais organizada e coerente, enquanto a fala dos homens parece mais firme e segura.
Por: Paulo Magno Torres