Bem antes de Colombo chegar à América, o continente era ocupado por povos de culturas expressivas e singulares. Na América pré-colombiana, destacaram-se as culturas dos maias, astecas, olmecas, incas e mochicas.
A antiga América foi uma macrorregião cultural de grande diversidade étnica e linguística. Diversos povos de características muito distintas desenvolveram-se milênios antes da chegada dos conquistadores europeus.
Cultura maia
A civilização maia, considerada a mais notável entre as culturas pré-colombianas, tem em sua formação traços das culturas olmeca e zapoteca, entre outras. Desenvolveu-se principalmente entre os anos 300 a.C. e 950 d.C, ocupando a extensa área da península de lucatã.
As cidades maias eram construídas seguindo o desenho da topografia e cresciam conectando grandes praças com numerosas plataformas maciças que formavam a base de quase todos os edifícios. Essas praças eram rodeadas por palácios simples e retangulares com várias salas e pátios internos, por templos, por pirâmides escalonadas, que vistas a distância se assemelhavam a montanhas e, ocasionalmente, por campos para jogos de bola.
O principal elemento das construções era a pedra calcária, extraída diretamente dos sítios e também utilizada em argamassas. Uma característica singular da arquitetura maia é a utilização de abóbadas falsas e hieróglifos esculpidos ou pintados como motivos de decoração.
Nas pirâmides, uma escadaria central conduzia o sacerdote ao interior do santuário. Diante dela, quase sempre se erguia um monólito rodeado de motivos simbólicos e hieróglifos. Um dos mais importantes monumentos desse tipo está situado nas ruínas de Chichén Itzá.
A escultura maia era normalmente subordinada à arquitetura, sendo utilizada como elemento decorativo. Era muito comum a instalação ao ar livre de esteias com relevos comemorativos, cujos exemplos mais notáveis estão em Copán e Uaxactún. As esculturas isoladas geralmente eram feitas em pedra ou estuque e apresentavam-se em duas formas características, as figuras femininas bastante diminutas e as chamadas pedras-cogumelo, ambas ligadas ao culto da fertilidade.
As primeiras geralmente possuíam uma grande barriga em que se apoiavam suas mãos. Já as pedras-cogumelo se associavam à fertilidade por meio de formas fálicas simples ou hibridizadas com a figura humana.
Na pintura são importantes os murais, com técnica de afresco, sobre temas religiosos ou históricos, utilizando-se muitas cores. A pintura era também empregada para decorar a cerâmica e ilustrar os códices.
Cultura asteca
Os astecas são a última força unificadora do México pré-colombiano, antes da colonização europeia, no período entre 1325 d.C e 1521 d.G Na sucessão de povos mesoamericanos que deram origem a essa civilização destacam-se os toltecas e os chichimecas.
Também chamados de mexicas, os astecas migraram para o vale do México, conhecido como Anahuác, no princípio do século XIII, assentando-se na maior ilha do Lago de Texcoco (mais tarde drenado pelos espanhóis), e ao longo de batalhas nos anos posteriores foram continuamente conquistando cidades e anexando territórios.
Da arquitetura asteca, menos refinada que a maia, o que se conhece hoje é fruto do pouco que sobreviveu à destruição espanhola à época da conquista e, mais ainda, do relato de conquistadores.
A característica mais marcante é a inserção de pequenos templos no alto de estruturas piramidais feitas de terra e pedra, com escadarias que conduzem a portais. Imagens de pedra dos deuses e relevos com desenhos simbólicos eram colocados nos templos e nas praças.
Os palácios astecas eram semelhantes aos de outras culturas mesoamericanas, caracterizados como grandes estruturas de pedra, divididas em vários cômodos, dentre os quais, zoológicos e jardins com fontes e até mesmo lagos.
Os astecas tingiam algodão, faziam cerâmica e ornamentos de ouro e prata e esculpiam joias em jade, Dominavam com perfeição as técnicas de fundição e forja de diversos metais, mas não conheciam o ferro. Também valorizavam as plumas de aves, que seriam como adorno na ourivesaria.
A mais famosa escultura asteca é a Pedra do Sol. Com quase 4 metros de diâmetro e 24 toneladas de peso, a pedra tem no centro a imagem do deus Sol, mostrando os dias da semana asteca e versões astecas da história mundial, além de mitos e profecias.
Cultura olmeca
Dentre os diversos povos da Mesoamérica, destaca-se a civilização olmeca, considerada a “cultura mãe” do antigo México, que de 1800 a.G a 600 a.C ocupou os territórios que correspondem, na atualidade, aproximadamente aos estados de Tabasco e Veracruz.
Em 1500 a.C. surgiram os primeiros grandes centros cerimoniais olmecas, por conta do crescimento do excedente agrícola: o excesso de produção criou classes sedentárias como os artesãos, guerreiros, sacerdotes e chefes, causando também um crescimento das aldeias. Esses centros eram dotados de estruturas e edifícios piramidais, retangulares ou ovais, feitos de palha, barro, areia, pedra ou madeira.
A produção de utensílios de cerâmica e, eventualmente, de jade, foi de início parte da necessidade de maior armazenamento e estocagem de alimentos, mas com o tempo tal produção tornou-se intensa, propagando-se entre os povos vizinhos. O traço comum dessa forma de arte era o desenho do jaguar, animal fortemente cultuado.
As imagens mais características da arte olmeca, porém, são as cabeças de enorme tamanho, esculpidas em blocos de rocha basáltica, que chegavam a pesar até 36 toneladas, provavelmente transportadas de lugares distantes.
Cultura inca
O Império Inca ocupou os territórios do extremo norte do Equador e do sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile.
Os incas chegaram ao vale de Cuzco por volta do ano de 1200, juntamente com outras etnias, e lideraram o processo de aterramento, ocupação e cultivo das terras então pantanosas da região. No século XV, os incas já controlavam todo o vale, confrontando-se com povos vizinhos como os inpacas, os collas, os chancas e os icas.
A partir da capital Cuzco, o império de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, com mais de 200 etnias e cerca de 12 milhões de pessoas dividia-se em quatro regiões: a oeste, a região Chinchasuyu, úmida e fria, antiga sede das culturas huari e moche; ao norte, a região Antsuyu, de floresta amazônica, quente e úmida; ao leste a região Collasuyu, seca e fria, sede de Tiahuanaco; e, por fim, ao sul, a região Cuntisuy, quente e seca, entre a costa do Pacífico e o deserto.
Além das técnicas de aterramento, os incas esmeraram-se em construções de pontes pênseis entre grandes precipícios e suas edificações resistiam a fortes terremotos que assolavam a região, o que demonstra um domínio técnico bastante elevado.
A arquitetura dos incas é monolítica, despojada de ornamentos e de frieza expressiva. As obras civis de menor importância, as casas populares e os depósitos de alimentos eram construídos com pedras irregulares. Já os templos (normalmente circulares), palácios (em geral de planta retangular) e edifícios do governo eram erguidos com paredes de pedras geométricas regulares, polidas e encaixadas umas nas outras, sem argamassa.
Quanto às fortalezas e torres, ainda se desconhece o sistema utilizado para se encaixar tão perfeitamente os enormes e pesados blocos de pedra.
A arte em cerâmica inca, conhecida como estilo cusquenho, possui motivos geométricos sobre fundo vermelho. Eram produzidas também, em menor escala, peças feitas totalmente em cerâmica negra, vermelha ou branca.
Os incas também dominavam a metalurgia. Era comum a representação de seres humanos em miniatura feitos de ligas metálicas como o ouro, a prata ou o cobre. A essas imagens eram acrescidos tecidos que imitavam as vestimentas incas originais, também tendo suas cabeças adornadas com toucas de penas.
Cultura mochica
Ocupando os vales Pasmayo, Chicama, Moche e Virú no período que vai do início da era cristã até o ano 800, os mochicas possuíam um estado poderoso e centralizado, que controlava a produção artesanal e a acumulação e a distribuição de alimentos.
Os mochicas apresentavam grande produção artesanal, de formatos e motivos muito variados. Com alto grau de detalhamento e realismo, as peças cerâmicas mochicas tomaram-se, em seu período, as mais difundidas entre os povos mesoamericanos. Dada a produção em larga escala, fez-se necessário o emprego de moldes.
As esculturas tinham formas humanas, animais ou híbridas, e vasos e tigelas eram dotados de desenhos em alto-relevo que faziam alusões à caça, à pesca, ao combate, a cenas de procissão, a cerimônias religiosas ou sacrifícios e a atos sexuais.
Os mochicas também se destacavam por meio de sua arte em metal: na tumba do Senhor de Sipán, os arqueólogos encontraram quantidade expressiva de objetos em metais preciosos, como máscaras, cetros, brincos e ornamentos.
Veja também:
- Cultura Indígena
- Civilizações dos Astecas, Incas e Maias
- Chegada do Homem à América
- Conquista do Império Asteca