Doenças

Doenças Causadas por Vírus

As doenças causadas por vírus, denominadas viroses, são de difícil tratamento, porque os medicamentos conhecidos não são eficazes contra os vírus.

Os antibióticos, por exemplo, são eficientes contra doenças causadas por bactérias, mas ineficientes contra a ação viral. Como há uma dificuldade de tratamento das doenças virais, a melhor maneira de evitá-las é a prevenção.

A principal forma de prevenção das viroses é a vacinação. Obviamente, não existe vacina para todas as patologias provocadas por vírus, especialmente em função do elevado índice de mutação que sofrem. Existem vacinas contra viroses mais comuns, como febre amarela, poliomielite, raiva, hepatites B e C, sarampo, catapora ou varicela, rubéola, gripe, varíola e condiloma acuminado.

A seguir, serão explicadas uma série de doenças virais, prevenção, sintomas, agente causador e particularidades.

AIDS

A doença é causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV, do inglês human imunodeficienty virus).

O HIV é um retrovírus que afeta o sistema de defesa do organismo, tornando a pessoa incapaz de combater patologias simples, como resfriados e gripes. O HIV é formado por uma cápsula esférica de glicoproteínas, uma dupla camada de fosfolipídio, internamente abriga o RNA e as enzimas necessárias à transcrição.

O HIV infecta e destrói os linfócitos T, principais células de defesa do sistema imunitário humano.

Transmissão: contato com o sangue de pessoas portadoras do vírus por sexo, uso de seringa contaminada, transfusão de sangue contaminado pelo vírus, no parto ou amamentação e através da saliva quando há feridas e sangramentos gengivais.

Tratamento: Os medicamentos atuais não provocam a destruição do vírus, mas retardam a evolução da doença, facilitando o tratamento das infecções oportunistas.

GRIPE (INFLUENZA)

O agente causador da gripe é o vírus Influenza tipos A, B e C. A transmissão ocorre através de gotículas eliminadas por fala, tosse e espirro. O tipo A divide-se em H1N1, H2N2, H3N2 e H7N9, responsáveis por grandes epidemias.

Evitar o contato com doentes e realizar a vacinação são as melhores medidas preventivas. Todos os anos o governo promove campanhas de vacinação contra a gripe, porque seu vírus sofre mutações.

Em função dessas mudanças, as proteínas do capsídeo viral são diferentes e, assim, apesar de possuírem anticorpos contra determinada linhagem do vírus, as pessoas vacinadas não têm imunidade capaz de reconhecê-los com as proteínas alteradas.

POLIOMIELITE

Patologia também conhecida como paralisia infantil, causada por poliovírus tipos 1, 2 e 3.

A contaminação pode ocorrer através de gotículas de saliva infectada com o vírus, ingestão de água ou alimentos contaminados por vírus do gênero Enterovirus, grupo dos poliovírus, presentes nas fezes do paciente. Causa febre, diarreia, dor de cabeça e lesões de neurônios motores (gerando paralisia).

A principal medida profilática é a vacinação, sendo que existem dois tipos de vacina, a Salk e a Sabin. A primeira foi lançada na forma injetável por Jonas Salk, em 1954, e a segunda, por Albert Bruce Sabin, em 1959, para administração oral.

RAIVA

A transmissão se dá por meio da mordedura de animais contaminados por Rhabdoviridae do gênero Lyssavirus, principalmente cães, gatos, ratos e morcegos hematófagos.

Essa patologia afeta o sistema nervoso, provoca alterações respiratórias e taquicardia, podendo levar à morte. Principal forma de prevenção: a vacinação anual de cães e gatos.

Quando ocorrer mordedura por animal contaminado, lava-se o local com água e sabão e procura-se um posto de saúde imediatamente para, se necessário, receber soro antirrábico.

HEPATITE VIRAL

Os tipos mais comuns dessa patologia que afeta o fígado são A, B e C. Causa destruição de células do fígado, provocando icterícia, febre, urina escura, fezes claras.

A transmissão do vírus causador da hepatite A se dá por meio da ingestão de água e alimentos contaminados. Das hepatites B e C, por transfusão de sangue contaminado, relações sexuais sem preservativo, uso de seringas infectadas, tatuagens realizadas com instrumentos não esterilizados.

As principais medidas preventivas contra a hepatite A são: tratamento dos doentes, saneamento básico, lavagem das mãos antes das refeições, tratamento da água, desinfecção de sanitários, fiscalização na manipulação de alimentos.

Para as hepatites B e C, a prevenção se dá pelo tratamento dos doentes, vacinação contra o tipo B, uso de preservativo nas relações sexuais e de seringas descartáveis, cuidados nas transfusões de sangue.

CATAPORA OU VARICELA

A catapora é uma doença causada por vírus.
Imagem que mostra pústulas em uma
criança, sintoma típico da catapora.

A contaminação da varicela acontece por meio da saliva, via aérea, por pessoas infectadas com o vírus ou por contato com objetos contaminados pelas lesões da pele.

Os sintomas são febre, enjoo, vômitos e pequenas pústulas no corpo. Medidas preventivas contra a doença são vacinação, isolamento e tratamento dos doentes.

O vírus da catapora, membro da família Herpesviridae, pode permanecer latente nos indivíduos que tiveram a doença e, em consequência da baixa imunidade, voltar a causar febre forte, dor e vermelhidão na pele, processo conhecido por herpes zóster ou cobreiro.

CAXUMBA OU PAROTIDITE

O vírus da caxumba, pertencente ao grupo paramyxovírus, membros da família Paramyxoviridae, é transmitido por meio da saliva, uso comum de objetos contaminados (garfo, copo etc.).

Caracteriza-se pela inflamação da glândula salivar parótida, podendo também atingir pâncreas, ovários, testículos e cérebro.

Prevenção: tratamento dos doentes, vacinação, evitar contato com objetos contaminados (talheres etc.) e com saliva infectada pelo vírus.

RUBÉOLA

O vírus da rubéola (togavírus) provoca febre, manchas avermelhadas na pele, dores musculares e articulares.

A contaminação geralmente ocorre através de gotículas eliminadas por espirro, fala e tosse.

A vacinação contra a rubéola é eficiente em mais de 95% dos casos, devendo ser administrada a partir de um ano de idade.

FEBRE AMARELA

A transmissão do vírus ocorre pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti ou do gênero Haemagogus.

Provoca febre, dores musculares e articulares, vômito, diarreia, icterícia, hemorragias e insuficiência renal. As lesões de febre amarela comprometem principalmente o fígado, coração, os rins e tecidos linfoides.

De acordo com o inseto transmissor, a febre amarela classifica-se em:

  • urbana — mosquito Aedes aegypti em áreas urbanas;
  • silvestre — mosquito Aedes aegypti e Haemagogus em campos, cerrados e áreas tropicais. O macaco é um dos hospedeiros desse vírus.

Sintomas da doença: febre, vômito, lesões no fígado (o que dá aspecto amarelado à pele), baço, rins, medula óssea.

Prevenção: vacinação, tratamento dos doentes, combate aos mosquitos transmissores; uso de inseticidas, repelentes, telas e mosquiteiros no ambiente doméstico. Viajantes devem ser vacinados pelo menos dez dias antes de sua chegada a áreas endêmicas para febre amarela.

Evitar desmatamentos e depósitos de água parada, bem como estimular o controle biológico dos mosquitos transmissores com peixes larvófagos revelam-se métodos mais ecológicos e eficientes.

VARÍOLA

Atualmente considerada como doença erradicada, já causou muitas mortes em todo o mundo. O último caso registrado no Brasil foi em 1971.

A transmissão ocorre através de gotículas de saliva, uso de objetos (copos, talheres etc.) contaminados e contato com secreções e crosta das lesões que a doença provoca na pele das pessoas doentes.

A transmissão do vírus do gênero Orthopoxvirus ocorria pelas vias respiratórias e provocava típicas lesões avermelhadas e vesículas, com elevada mortalidade. Doença relacionada com a criação das primeiras vacinas.

DENGUE

Existem quatro diferentes tipos: DEN-1, DEN-2, DEN3 e DEN-4. A picada do mosquito (fêmea) Aedes aegypti transmite o vírus da família Flaviviridae.

Cerca de 95% dos casos são dengue clássica, cujos sintomas são: febre alta, dores de cabeça, fraqueza, dores nas juntas, manchas avermelhadas na pele, inflamação na garganta, pequenos sangramentos na boca e no nariz.

Quem já foi afetado por essa doença, mesmo sem sintomas típicos (assintomática), pode contrair a dengue hemorrágica, provocada por outro tipo de vírus. De início, os sinais são praticamente iguais aos da dengue clássica, porém, o quadro se agrava, quando termina a fase febril, com hemorragias pela pele, intestino e gengivas.

O vírus da dengue instala-se no tecido endotelial, causando inflamação e consequente rompimento dos vasos sanguíneos, podendo levar o doente à morte.

As medidas preventivas para evitar a dengue: tratar os doentes; manter as piscinas com água limpa e tratada; não deixar recipientes ou caixas-d’agua destampados; evitar água parada em pneus, vasos, latas ou qualquer outro tipo de recipiente, pois as fêmeas dos mosquitos colocam seus ovos na água, onde as larvas se desenvolvem e se transformam em mosquitos adultos; usar larvicidas e inseticidas para combater o mosquito transmissor.

SARAMPO

A transmissão do vírus, pertencente ao gênero Morbillivirus, se dá por meio de gotículas eliminadas por fala, tosse ou espirro de pessoas contaminadas.

Após o período de incubação, surgem manchas brancas na mucosa da boca, que auxiliam no diagnóstico. Aparecem, então, exantemas (manchas avermelhadas) na pele, inicialmente no rosto, que progridem em direção aos pés. Depois de pelo menos três dias, desaparecem na mesma ordem em que surgiram.

O índice de mortalidade é de 0,1% em crianças com saúde perfeita e bem nutridas, podendo subir até 25% nas subnutridas.

Evitar o contato com pessoas doentes e a vacinação são as principais medidas profiláticas.

HERPES TIPOS I E II

Herpes tipo I caracteriza-se por pequenas vesículas na pele ou na boca, que arrebentam em feridas. Herpes II é doença sexualmente transmissível, caracterizada por feridas nas regiões genital e anal.

A transmissão ocorre no contato direto com pessoas contaminadas, principalmente quando a doença se manifesta em feridas.

Medidas preventivas: tratamento dos doentes, evitar o contato com pessoas contaminadas.

CONDILOMA ACUMINADO (HPV)

Também conhecida como verruga genital ou crista de galo, trata-se de uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pelo papilomavírus humano (HPV), que induz infecções na região genital.

A contaminação pode ocorrer mesmo que não haja penetração e também por meio de roupas íntimas contaminadas.

A prevenção é realizada com uso de preservativo nas relações sexuais e exames ginecológicos e vacinação. O teste de Papanicolau consiste num exame do colo do útero para detectar lesões ou neoplasias no trato genital. Esse exame é importante para o diagnóstico do HPV.

Em 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a utilização de uma vacina para mulheres que não tenham a infecção.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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