Em 1534, o cavaleiro espanhol Inácio de Loyola criou a Companhia de Jesus. Ordem religiosa cujo objetivo principal era combater o protestantismo através do ensino religioso dirigido; a influência crescente da Reforma preocupava cada vez mais a Igreja católica e a aristocracia europeia.
No início, os jesuítas foram pregadores itinerantes; depois, decidiram fixar-se e atuar em um mesmo lugar durante períodos mais longos.
Engajaram-se no processo colonizador português na América, na Ásia e na África. A educação foi um dos principais meios de pregação da Companhia, que fundou diversos colégios na Europa e na América.
A divisa da Companhia — Ad Majorem Dei Gloriam (Para a Maior Glória de Deus) — mostra a intensidade de seu apostolado. Além do ensino em colégios (o curso secundário autônomo foi criado pelos jesuítas) e universidades, os religiosos consagravam-se a pregações, direção de retiros espirituais, pesquisas exegéticas e teológicas (estudo e interpretação de livros sagrados), missões, etc.
A Companhia de Jesus não era uma ordem religiosa como as outras. Seus combativos integrantes tinham uma organização quase militar: consideravam-se soldados da Igreja e achavam que deviam infiltrar-se em todas as atividades sociais e culturais, a fim de eliminar aqueles que pusessem em risco os princípios do catolicismo.
Em 27 de setembro de 1540, a Companhia de Jesus recebeu a aprovação oficial do Papa Paulo III, na bula Regimini Militantis ecclesiae. Seus membros deviam presar voto especial de obediência ao sumo pontífice e dependiam diretamente dele.
A Companhia estava dividida em províncias que, agrupadas de acordo com critérios geográficos e linguísticos, formavam assistências. Os superiores de cada província governavam todas as casas; estas tinham seu próprio superior, que nos colégios denominava-se reitor. O supremo poder da companhia pertencia ao Superior-Geral eleito pela Congregação Geral, formada pelos delegados das diversas províncias.
Da formação dos jesuítas fazem parte estudos de religião, línguas, humanidades, leis e medicina. Além de sua intensa atividade na Inquisição e na luta contra o protestantismo — sobretudo na Itália e na Espanha —, a principal tarefa dos religiosos foi evangelizar os indígenas das regiões recém-descobertas.
Apesar de ter sido fundada por um espanhol, a Companhia de Jesus teve um papel relevante em Portugal e, consequentemente, nas colônias portuguesas, principalmente no Brasil. Tanto na metrópole lusa quanto em sua colônia americana, a Companhia de Jesus foi responsável pelo sistema educacional.
Na América espanhola, a atuação dos jesuítas também foi marcante, especialmente nas missões (reduciones) por eles fundadas nas regiões do atual Paraguai e do atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul (Sete Povos das Missões).
Os clérigos espanhóis mais famosos na defesa dos nativos dentro da América espanhola foram os frades dominicanos Bartolomé de Las Casas e Antonio de Montesinos, conhecidos por seus embates com a Coroa espanhola em defesa da não escravização e da preservação da vida dos ameríndios.
Por: Ricardo Menezes