Guerras

Guerras Médicas

Denominam-se Guerras Médicas (ou Pérsicas) as longos lutas entre as Polis gregas e o Império Persa originadas no choque de imperialismos: persas e gregos disputavam a Jônia — a costa da Ásia Menor.

A causa principal foi o levante das cidades gregas da Ásia Menor, encabeçadas por Mileto, em 499 a.C, contra o expansionismo do imperador Dario da Pérsia, o que logo atraiu o apoio das Polis de Atenas e Eretria.

Primeira Guerra Médica

Iniciou-se com a destruição da cidade jônica de Mileto e atingiu o seu ponto alto com o envio por Dario de uma grande expedição persa — 50.000 soldados — contra Atenas, desembarcando na planície de Maratona, a cerca de 30 km de Atenas. Os atenienses, comandados por Milcíades (com apenas 11000 soldados), derrotaram os persas, salvando a independência local e de várias outras Polis ameaçadas.

Segunda Guerra Médica

O filho do Imperador Dario, Xerxes, iniciou uma segunda ofensiva, com milhares de soldados marchando do norte em direção a Atenas, enquanto uma frota ainda mais poderosa se dirigia pelo Egeu para desembarcar ao sul da península Balcânica. Xerxes objetivava realizar um completo cerco a Atenas, para destruí-la.

Para retardar o avanço inimigo, foi enviado ao norte um exército espartano, enfrentando-o em Termópilas (480 a.C).

Apesar da heroica resistência dos espartanos, comandados por Leônidas, os persas saíram-se vitoriosos, rumando para Atenas, que acabou incendiada, enquanto sua população fugia para as regiões vizinhas. Entretanto os atenienses haviam preparado uma grande esquadra, visando a evitar o desembarque persa ao sul, o que levou à batalha de Salamina, comandada por Temístocles.

Os persas foram atraídos para as águas rasas da baía de Salamina, onde os pequenos e ágeis navios gregos levaram vantagem sobre as grandes embarcações inimigas, afundando-as. Sem o desembarque do sul, as tropas persas no continente, já esgotadas, acabaram isoladas na região de Beócia.

Diante do perigo iminente, as cidades gregas, inclusive Esparta, resolveram se unir, formando uma liga sob a liderança de Atenas e com sede na ilha de Delos. Daí o nome Liga de Delos. Cada cidade grega contribuiria com soldados, navios, armas e dinheiro. Graças à Liga de Delos, os gregos conseguiram derrotar os persas em 479 a.C., na Batalha de Salamina.

Terceira Guerra Médica

A presença persa ainda continuava na Ásia Menor, mas, aos poucos, os gregos foram expulsando-os de lá. Finalmente em 449 a.C., cinquenta anos após o início das Guerras Mé­dicas, os persas concordaram em abandonar definitivamente o Mar Egeu e a Ásia Menor, assinando a Paz de Címon. Dessa forma, os gregos mantiveram os seus domínios sobre essa região.

Consequências

Enquanto isso, Atenas não desfez a Liga de Delos, mantendo-a como instrumento político de dominação sobre as demais cidades gregas. A sede da Liga de Delos foi transferida para Atenas, em 454 a.C., e seus recursos foram usados na reconstrução e no embelezamento da cidade.

Péricles, governante ateniense entre 461 a.C e 429 a.C., aplicou os recursos da Liga não só no embelezamento e na cultura, como também no expansionismo, procurando ampliar o poderio marítimo e comercial de Atenas. Esse período representou o apogeu de Atenas e de sua democracia, sendo conhecido na História como “Século de Péricles”.

Entretanto, essa política expansionista assustou algumas cidades gregas, especialmente Esparta que, diante dessa possível ameaça ateniense, formou a Liga do Peloponeso, composta por cidades descontentes ou ameaçadas pelo poderio hegemônico de Atenas.

Guerra do Peloponeso

A situação foi se acirrando cada vez mais. As diferenças econômicas, políticas, sociais e culturais entre as duas cidades já eram um fator de choque e, agora, as rivalidades pela hegemonia na Grécia levaram, fatalmente, à guerra.

Em 431 a.C., Corinto solicitou auxílio de Esparta contra Atenas e foi o início da Guerra do Peloponeso, que só terminaria em 404 a.C. Durante todo esse período, as cidades gregas ficaram divididas em duas ligas oponentes: de um lado, a Liga de Delos, liderada por Atenas, e, de outro, a Liga do Peloponeso, liderada por Esparta.

Em 404 a.C., Atenas foi definitivamente derrotada e obrigada a entregar a sua esquadra, derrubar as muralhas que protegiam a cidade, dissolver a Liga de Delos e abolir a democracia. A hegemonia na Grécia passava então a Esparta.

Contudo, não duraria muito tempo a hegemonia espartana, pois Tebas, descontente com as imposições políticas espartanas, contrapôs-se militarmente à Esparta. Em 371 a.C., o general tebano Epaminondas venceu os espartanos na batalha de Leutras. Assim, a supremacia sobre a Grécia passou para Tebas.

Se, por um lado, as Guerras Médicas serviram para unir as cidades-Estado gregas contra um inimigo comum, os persas, por outro, serviram para colocar Atenas em uma posição de liderança e de hegemonia que despertou o desagrado em outras pólis. O resultado foi uma guerra interna de 27 anos – Guerra do Peloponeso – que devastou a Grécia, enfraqueceu suas cidades e permitiu seu domínio por um povo do norte, que, ironicamente, os gregos chamavam de “bárbaros”: os macedônios.

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