No início do Séc. XX, havia um sentimento geral de que não era mais possível renovar a arte tradicional. As escolas literárias repetiam suas fórmulas. A superficialidade convivia com a crença de que a evolução tudo comandava e pouco cabia ao homem nesse processo.
No entanto, um movimento forte e amplo – o Modernismo – viria dar fim a este marasmo e implantar o inconformismo.
Modernismo, não foi apenas produto de uma evolução estética: ele decorreu de todo um estado de espírito formado pela cultura da época e que repercutiria em todas as artes, integrando literatura, pintura, música arquitetura, cinema, etc. A primeira Guerra Mundial foi o grande divisor das águas…
Nesse contexto surgiram as vanguardas europeias, que antecederam e originaram o Modernismo literário. Vanguarda vem do francês e significa extremidade dianteira dos exércitos em luta. E a literatura de vanguarda foi realmente combativa, polêmica, desbravadora e irreverente. Os vanguardistas da época valiam-se do deboche, da ironia e da luta verbal com o objetivo de substituir a arte passadista pela arte moderna.
As principais vanguardas europeias foram:
Todas essas vanguardas tiveram um caráter agressivo, experimental, demolidor e inovador. Combatiam o racionalismo e o objetivismo das teorias científicas do Realismo/Naturalismo/Parnasianismo e pregavam o irracionalismo. Com isso, buscavam uma compressão mais subjetiva do homem, voltada mais para seu interior que para seu exterior.
Modernismo em Portugal e no Brasil
Houve Modernismo em Portugal e no Brasil, mas existem diferenças entre ambos.
A maioria dos estilos de época costuma existir em todos os países, ao menos no Ocidente, sendo, às vezes, batizado com outras denominações, num ou noutro país, mas, em linhas gerais, mantém a mesma essência ou é muito semelhante. Isso se aplica também ao Modernismo, especialmente ao compararmos o português com o brasileiro.
Apesar de algumas semelhanças culturais entre as duas regiões, graças à colonização, ponderavam, nessa altura do tempo (século XX), diferenças sociais e históricas. Estas palavras iniciais pretendem antecipar fatos como a dessemelhança da poesia de Fernando Pessoa, por exemplo, comparativamente à de outros poetas brasileiros, ainda que modernistas também.
Não estamos fazendo referência aos estilos individuais de uns e de outros – cujas características teriam que ser necessariamente singulares –, mas sim nos referimos ao próprio estilo de época, no caso o Modernismo.
Características do modernismo
- atitude irreverente em relação aos padrões estabelecidos;
- reação contra o passado, o clássico e o estático;
- temática mais particular, individual e não tanto universal e genérica;
- preferência pelo dinamismo e velocidade vitais;
- busca do imprevisível e insólito
- abstenção do sentimentalismo fácil e falso;
- comunicação direta das ideias: linguagem cotidiana.
- esforço de originalidade e autenticidade;
- interesse pela vida interior (estados de alma, espírito..)
- aparente hermetismo, expressão indireta pela sugestão e associação verbal em vez de absoluta clareza.
- valorização do prosaico e bom humor;
- liberdade forma: verso livre, ritmo livre, sem rima, sem estrofação preestabelecida.