Se pensarmos na quantidade de palavras que existem na língua portuguesa, certamente concluiremos que foi com o passar de muito tempo que elas apareceram. Mas de que forma surgem novas palavras?
A língua portuguesa possui dois processos básicos de formação de palavras: derivação e composição.
1) Derivação:
Consiste, basicamente, na modificação de determinada palavra primitiva por meio do acréscimo de afixos.
1.1) Derivação prefixal: acréscimo de um prefixo ao radical.
A derivação prefixal é um processo de formar palavras no qual um prefixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva.
1.2) Derivação sufixal: acréscimo de um sufixo ao radical.
A derivação sufixal é um processo de formar palavras no qual um sufixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva.
1.3) Derivação prefixal e sufixal: acréscimo de um prefixo e um sufixo num mesmo radical.
A derivação prefixal e sufixal existe quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma independente, ou seja, sem a presença de um dos afixos a palavra continua tendo significado.
1.4) Derivação parassintética: ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e do sufixo.
A derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem se separar, devem ser usados ao mesmo tempo, pois sem um deles a palavra não se reveste de nenhum significado.
1.5) Derivação regressiva: ocorre quando se retira a parte final de uma palavra derivada. É o processo de formação de substantivos derivados de verbos (1ª e 2ª conjugações); tais substantivos são chamados de “deverbais”.
A derivação regressiva existe quando morfemas da palavra primitiva desaparecem.
1.6) Derivação imprópria: ocorre quando a palavra muda de classe gramatical.
A derivação imprópria, mudança de classe ou conversão ocorre quando palavra comumente usada como pertencente a uma classe é usada como fazendo parte de outra.
2) Composição:
Consiste na formação de palavras pela junção de duas delas. A formação de palavras por composição dão-se por:
2.1) Justaposição: (palavras compostas sem alteração fonética).
Como o nome sugere, os dois radicais que formam o composto são colocados lado a lado, sem que haja alteração fonética neles:
2.2) Aglutinação: há alteração fonética na formação da palavra.
A aglutinação ocorre quando ao menos uma das palavras primitivas sofre “queda” ou substituição de fonema:
3) Outros Processos de Formação de Palavras
3.1) Abreviação ou redução
Consiste na eliminação de um segmento de uma palavra a fim de obter uma forma reduzida.
- analfa (analfabeto)
- apê (apartamento)
- auto (automóvel)
- boteco (botequim)
3.2) Siglonimização
É um processo de formação de siglas. Trata-se da combinação das letras iniciais de uma sequência de palavras.
- modem (modulator-demodulator)
- PC (personal computer)
- RAM (random access memory)
- MS (Mato Grosso do Sul)
- p.m. (post meridiem)
- PS (post scriptum)
3.3) Onomatopeia
A palavra é formada por meio da imitação de sons. Leia o exemplo, destacado no excerto a seguir, de um dos contos de Sagarana, de Guimarães Rosa.
Seriam bem dez horas, e, de repente, começou a chegar – miar, mugir, xixi, tique-taque… – do caminho da esquerda, a cantiga de um carro de bois.
3.4) Neologismo
Em sentido mais amplo, neologismo designa qualquer palavra ou expressão recém-criada, mas que não se incorporou definitiva ou oficialmente ao léxico da língua. Assim, todas as palavras derivadas e compostas já foram neologismos em algum momento da evolução da língua. O escritor brasileiro João Guimarães Rosa foi um mestre na criação de neologismos, como cabisquieto, velhar, inalcançar.
Veja mais em: Neologismo.
3.5) Empréstimo linguístico
Trata-se da incorporação de palavras provindas de línguas estrangeiras. Geralmente, passam por um processo de aportuguesamento fonológico e gráfico.
Alguns exemplos de empréstimos lexicais:
- Alemão: elmo, lança, espeto, gás, guerra, ganso, norte, sul, hambúrguer, realengo, Ricardo, zinco etc.
- Árabe: arroz, azeite, alface, almofada, açúcar, arrabalde, até, algodão, alfaiate, armazém, algema, muçulmano etc.
- Chinês: chá, chávena, nanquim, pequinês etc.
- Basco: cachorro, modorra e muitas outras palavras terminadas em -arro, -arra, -orro
- Espanhol: castanhola, cavalheiro, caudilho, ninharia, ojeriza, bolero etc.
- Francês: elite, greve, avenida, detalhe, pose, toalete, tricô, guichê, garçom, matinê, menu, bom-tom, abajur, chance, gafe, costume, boné, buquê, crochê etc.
- Italiano: maestro, piano, lasanha, espaguete, salsicha, adágio, pizza, parmesão, milanesa, gazeta, carnaval etc.
- Inglês: bife, clube, esporte, futebol, voleibol, basquetebol, jóquei, surfe, tênis, náilon, vagão, shopping, show, xampu, pedigree, gol, pênalti etc.
- Japonês: biombo, jiu-jítsu, judô, quimono, nissei, samurai, gueixa etc.
- Línguas indígenas: tatu, araponga, saci, pitanga, Iracema, Itu, Iguaçu, jiboia, pajé, caboclo, caipira, capiau, capixaba, tapioca, moqueca, mingau, paçoca etc.
- Línguas africanas: samba, cafundó, camundongo, curinga, fubá, farofa, quiabo, quilombo, molambo, bamba etc.
Veja mais em: Estrangeirismo.
3.6) Hibridismo
É a combinação de elementos de línguas diferentes para formar palavras.
Alguns exemplos de hibridismos:
- abreugrafia (português e grego)
- alcoômetro (árabe e grego)
- alcaloide (árabe e grego)
- Altinópolis (português e grego)
- automóvel (grego e latim)
- autossugestão (grego e português)
Por: Priscilla Vieira da Costa
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