No decorrer do meu trabalho há uma massificação em torno dos dez tópicos apresentados por Octavio Ianni, contendo também minhas opiniões a partir do entendimento do livro e das pesquisas.
Antes de falar sobre globalização, o que é globalização?
Globalização é o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa “aldeia-global”, explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação – telefones, computadores e televisão.
As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa homogeneização cultural entre os países.
Veja alguns depoimentos de economistas ilustres:
“A Globalização é a revolução do fim do século. Com ela a conjuntura social e política das nações passa a ser desimportante na definição de investimentos. O indivíduo torna-se uma peça na engrenagem da corporação. Os países precisam-se ajustar para permanecer competitivos numa economia global e aí não podem ter mais impostos, mais encargos ou mais inflação que os outros ” Antônio Delfim Netto-(Veja-3/4/96)
“A Globalização é tão velha como Matusalém. O Brasil é produto do capitalismo europeu do final do século XV. O que está havendo agora é uma aceleração. Isso pode ser destrutivo para o Brasil, se o país não administrar sua participação no processo. A globalização é boa para as classes mais favorecidas. As menos favorecidas ficam sujeitas a perder o emprego.” Paulo N. Batista Júnior-(Veja-3/4/96)
“A Globalização começou na década de 70, a partir do aumento da produção das empresas, e foi acelerada porque as empresas precisam estar em vários países para se aproveitar das variações cambiais. Além disso, a globalização é uma bolha especulativa, que se expressa no mercado de derivativos. É a jogatina da moeda diária. Isso afeta empregos. Há uma recessão também globalizada.” Maria da Conceição Tavares-(Veja-3/4/96)
Quando se fala em globalização, tende-se a destacar os aspectos da produção de riquezas e de consumo. Isso é apenas o primeiro resultado da mudança. Os processo anteriores de aceleração econômica sempre provocaram alterações em outros setores das atividades humanas. A Revolução Industrial foi um fator muito importante e que teve peso no processo de globalização, deslocando o foco da sociedade do campo para a cidade. Surgiu um novo desenho de classes, como o operariado, os sindicatos, as teorias socialistas, a demanda de leis refletindo conquistas sociais. Atualmente podemos dizer que a globalização é a revolução do final do século, e que veio para ficar. Esse processo está relacionado a uma aceleração do tempo. Tudo está mudando rapidamente, e quem não acompanhar o rítmico acelerado dessas mudanças, vai perder “o trem” da história e do desenvolvimento.
Em relação às comunicações, as notícias hoje chegam rapidamente às nossas casas quase ao mesmo tempo em que os fatos estão acontecendo em outras partes do mundo: a Guerra do Golfo, por exemplo, acontecida em 1990, foi uma “guerra doméstica “. Entrava em nossa casas, pelo noticiário da televisão, geralmente à hora do jantar, mostrando toda a dramaticidade do conflito e servindo de “vitrine comercial ” para uma tecnologia bélica, exibindo armas, foguetes, aviões sofisticados, etc. O recente conflito em países do centro-sul europeu, esteve também nos jornais e na televisão, trazendo os horrores de uma guerra fratricida e injusta, para o nosso dia a dia as lutas pela posse da terra, os conflitos e a violência urbana que acontecem a todo o momento no Brasil, recebem destaque no noticiário internacional. Hoje pode-se constatar que praticamente não existe mais país isolado. O crescimento da interdependência na superfície terrestre, está cada vez mais nos transformando numa “aldeia global .” Críticos da Veja-(Veja-3/4/96)
E o Brasil na globalização, como é que fica?
O ano de alargamento do Mercosul, os tratados formados pelo Chile e Bolívia com o Mercosul, jornais e televisões noticiaram a adesão dos dois ao bloco sub-regional liderado pelo Brasil e Argentina. Isso não aconteceu, pelo menos por enquanto. Mas foi dado o primeiro passo nessa direção: o Chile e a Bolívia firmaram tratados de associação, o que significa que, sem aderir ao bloco, eles passam a aceitar regras de tarifas comerciais reduzidas no intercâmbio com os integrantes do tratado de Assunção de 1991. O passo adiante não aponta para o alargamento do Mercosul por agregações sucessivas, mas para o desenvolvimento de um processo mais complicado, que os diplomatas brasileiros apelidaram de estratégia do building blocks.
O Chile esnobou o Mercosul até a pouco. ” Adios, Latinoamerica”, chegou a trombetear uma manchete de EL Mercurio, o principal diário de Santiago, resumindo uma política voltada para a Bacia do Pacífico e uma estratégia de integração do Nafta. As coisas mudaram. A solicitação de adesão à zona de livre comércio liderada pelos EUA esbarrou no colapso financeiro mexicano de dezembro de 1994. Escaldados, os parlamentares americanos negaram a tramitação rápida da solicitação no Congresso e as negociações continuam a se arrastar. Além disso, a abertura comercial que se espraia pela América Latina repercutiu sobre o intercâmbio externo chileno, puxando-o devolta para o subcontinente.
A Bolívia solicitou, em julho de 1992, a adesão gradual ao Mercosul. O gradualismo boliviano está orientado para controlar um obstáculo político e diplomático: o país faz parte do Pacto Andino e Tratado de Assunção não permite a entrada de integrantes de outras zonas de comércio. Mas, no terreno da economia e da geografia, a Bolívia está cada vez mais colada ao Mercosul. O acordo recente para fornecimento de gás natural e construção de um gasoduto Brasil-Bolívia vale mais que as filigranas jurídicas que bloqueiam a adesão imediata. E as perspectivas de cooperação de todos os países do Cone Sul tendem a abrir duas saídas oceânicas regulares para a Bolívia, cuja história está marcada pela perda de portos de Atacama, na Guerra do Pacífico (1879-83). Não é provável que o Chile ingresse plenamente no atual Mercosul, e Santiago não quer perder suas vantagens comerciais no intercâmbio com o Nafta e a Bacia do Pacífico. A Bolívia não pretende deixar o Pacto Andino entrar no Mercosul, e o Chile, com melhores razões não pretende desistir do ingresso no Nafta. O horizonte com o qual trabalham os diplomatas brasileiros é o da articulação gradual do Mercosul com os países e blocos comerciais vizinhos, com vistas á formação de uma Associação de Livre Comércio Sul-Americana(Alcsa).
Essa é a estratégia do buiding-blocks. A sua meta consiste em criar, a partir de um grande bloco comercial na América do Sul, a plataforma ideal para negociar a integração pan-americana com a superpotência do Norte. É por isso que o Brasil não tem pressa nas conversações destinadas a formação de uma super zona de livre comércio das três Américas, que foram lançadas pelo ex-presidente dos EUA, Geoge Bush, em 1990.
No caso brasileiro, entenda-se atender aos desafios criados pela globalização e pelo Plano Real. É o que mostra uma pesquisa do Centro de Gestão de Negócios da Universidade São Marcos, de São Paulo. Foram consultadas 117 empresas, com capital na casa dos 500 milhões de dólares. O trabalho mostra que aqueles dois fatores presidiram a frenética busca da redução de custos e aumento de produtividade, perseguidos por 80% dos entrevistados. No quesito produtividade, as providências para a metade delas consistiram em reestruturações, redução de quadro e ampliação da participação de mercado. Para um número substancial, as mudanças significaram uma volta ao core business, interrompendo um processo de diversificação vigente na década passada. Duas constatações dos pesquisadores: a) poucas empresas assumiram uma atitude pró-ativa, antecipando-se às dificuldades; b) foi mínima a influência dos gurus da administração. Isso não quer dizer que elas não tenham apelado para a ajuda de fora. Os consultores externos (12%) foram bem mais acionados que os internos ( 5,5%) pelas empresas. Há também uma surpresa: a área de RH, com 9%, teve uma participação pequena nas mudanças. “Isso mostra que elas atacam mais sistemas e processos do que a formação dos funcionários”, diz Ugo Barbieri, coordenador da pesquisa.
PUBLICAÇÃO: Exame – DATA: 04/06/1997 – EDIÇÃO: 637 – PÁG.: 126. EDITOR: Clayton Netz.
Marcos Augusto Gonçalves
Talvez como nenhum outro, 1997 pode ser descrito como o ano da globalização. Dois fatos deixaram às claras, nos últimos 12 meses, a mudança de patamar em curso na atual fase de internacionalização: a “megavideomorte” da princesa Diana e o crash das Bolsas.
No acidente de Diana, a mídia também foi protagonista. Começou como vilã, mas acabou, afinal, faturando com a surpreendente reação popular britânica e internacional.
Um jornalista do ”Independent” disse numa palestra aos jornalistas da Folha que jamais a Inglaterra assistira a uma reação daquelas. Foi um fato novo na história do recato saxão.
Mas não só no Reino a turba foi às ruas expressar sentimentos. Do Alasca à Patagônia, de Tóquio a Berlim, Diana catalisou as atenções, levando jornais, revistas e TVs a uma massacrante maratona, frequentemente hipócrita e melodramática, mas que deixou, afinal, alguma reflexão.
Jornalistas velha-guarda pensam que tudo foi uma enorme bobagem e que a imprensa de prestígio acabou sendo atraída pelo estilo paparazzi dos tabloides. Não acham Diana importante.
Não perceberam que ocorreu um fenômeno sociológico com dimensões globais. Diante da novidade, preferiram a velha ladainha: tudo é ”manipulação” ou ”invasão de privacidade”. A mídia séria deveria estar preocupada com coisas mais ”importantes” _como se a morte de uma pessoa que mobiliza multidões em todo o planeta não fosse importante. Como se não fosse importante perguntar por que isso aconteceu.
Se no caso Diana a globalização revelou-se na propagação planetária do sentimentalismo, pelos meios de comunicação, no caso do crash ela evidenciou-se na propagação do pânico e da especulação, pelos meios eletrônicos que movimentam on-line o megacapital financeiro mundial.
Pela primeira vez, o chamado cidadão comum pôde perceber como sua vida não depende mais do universo local. O mundo é ele mesmo, cada vez mais, o seu local. Um terremoto em Hong Kong provoca abalos em Nova York e São Paulo. Uma falência em Tóquio já não é mais um problema japonês.
Ainda que autoridades nacionais tenham reagido e conseguido, em alguns casos, afugentar a catástrofe de seus quintais, o crash deixou claro que a instância do Estado-nação vai perdendo autonomia. Torna-se cada vez mais refém de um sistema que cruza fronteiras sem passaporte, podendo aniquilar um país num teclar de computador.
Isto é a globalização, esta formação da chamada “aldeia global” que massifica os meios de comunicação, tornando o mundo inteiro como se fosse uma cidade do interior, que todos já sabem de tudo, conhecem cada um muito bem, sabem quem são os “chefões” da cidade, se acontece alguma coisa, é só ir para o vizinho, pedir emprestado ou ir na esquina pedir fiado, sempre com aquela vida pacata e inerte.
A Terra mundializou-se, de tal maneira que o globo deixou de ser uma figura astronômica para adquirir mais plenamente sua significação histórica.
Desde que o capitalismo desenvolveu-se na Europa, apresentou sempre conotações internacionais, multinacionais, transnacionais e mundiais, desenvolvidas no interior da acumulação originária, do mercantilismo, do colonialismo, do imperialismo, da dependência e da interdependência. E isso está evidente nos pensamentos de Adam Smith, David Ricardo, Herbert Spencer, Karl Marx, Max Weber e muitos outros.
É claro que falar em metáfora pode envolver não só imagens e figuras, signos e símbolos, mas também parábolas e alegorias. São múltiplas as possibilidades abertas ao imaginário científico, filosófico e artístico, quando se descortinam os horizontes da globalização do mundo, envolvendo coisas, gentes e ideias, interrogações e respostas, explicações e intuições, interpretações e previsões, nostalgias e utopias.
Na época da globalização, o mundo começou a ser taquigrafado como “aldeia global”, “fábrica global”, “terra-pátria”, “nave espacial”, “nova babel” e outras expressões. Há metáforas, bem como expressões descritivas e interpretativas fundamentadas: “economia-mundo”, “sistema-mundo”, “shopping center global”, “Disneylândia global”, “nova visão internacional do trabalho”, “moeda global”, “cidade global”, “capitalismo global”, “mundo sem fronteiras”, “tecnocosmo”, “planeta Terra”, “desterritorialização”, “minituarização”, “hegemonia global”, “fim da geografia”, “fim da história” e outras mais.
São emblemáticas, formuladas precisamente no clima mental aberto pela globalização. Dizem respeito às distintas possibilidades de prosseguimento de conquistas e dilemas da modernidade. “aldeia global” sugere que, afinal, formou-se a comunidade mundial, sugere que estão em curso a harmonização e a homogeneização progressivas.
Nesse sentido é que a aldeia global envolve a ideia de comunidade mundial, mundo sem fronteiras, shopping center global, Disneylândia universal; em todos os lugares, tudo se parece cada vez mais com tudo o mais. A fábrica global instala-se além de toda e qualquer fronteira, articulando capital, tecnologia, força de trabalho, divisão do trabalho social e outras forças produtivas. Provoca a desterritorialização das coisas, gentes e ideias. Promove o redimensionamento de espaços e tempos, logo se vê que a fábrica global é tanto metáfora como realidade. A metáfora da nave espacial pode muito bem ser o emblema de como a modernidade se desenvolve no século XX, prenunciando o XXI.
Se coloca uma questão surpreendente da modernidade, na época da globalização: o declínio do indivíduo. A máquina expeliu o maquinista; está correndo cegamente pelo espaço, nascendo o tema da autopreservação – embora como afirma Max Horkheimer em Eclipse Da Razão – não existe mais um eu a ser preservado, revelando o indivíduo adjetivo, subalterno.
A metáfora combina reflexão e imaginação, desvenda o real de forma poética, mágica. Faz tempo que a reflexão e a imaginação sentem-se desafiadas para taquigrafar o que poderia ser a globalização do mundo. São muitas as expressões que denotam essa busca permanente, reiterada e obsessiva, em diferentes épocas, em distintos lugares, em diversas linguagens: civilizados e bárbaros, nativos e estrangeiros, Ocidente e Oriente, capitalismo e socialismo. São emblemas de alegorias de todo o mundo. Assinalam ideais, horizontes, possibilidades, ilusões, utopias, nostalgias.
A história moderna e contemporânea pode ser vista como uma história de sistemas coloniais, sistemas imperialistas. Cenário da formação e expansão dos mercados, da industrialização, da urbanização e da ocidentalização, envolvendo nações e nacionalidades, culturas e civilizações. Ao longo da história, conforme ocorre depois da Segunda Guerra Mundial, a maioria dos povos de todos os continentes, ilhas e arquipélagos está filiada a estados nacionais independentes.
Braudel E Wallerstein
Muitos pesquisadores empenham-se em desvendar os nexos políticos, econômicos, geoeconômicos, geopolíticos, culturais, religiosos, linguísticos, éticos, raciais e todos os que articulam e tensionam as sociedades nacionais, em âmbito internacional, regional, multinacional, transnacional ou mundial. A ideia de “economia-mundo” emerge nesse horizonte, diante dos desafios das atividades, produções e transações que ocorrem tanto entre as nações como por sobre elas. O conceito de “economia mundo” está no sentido de que transcendem a localidade e a província, o feudo e a cidade, a nação e a nacionalidade, criando e recriando fronteiras, assim como fragmentando-as ou dissolvendo-as. Vejamos duas opiniões de dois pesquisadores, Braudel E Wallerstein: Braudel propõe uma espécie de teoria geral geo-histórica, contemplando as mais diversas configurações de economias-mundo; Wallerstein debruça-se sobre o capitalismo moderno, apoiando-se em recursos metodológicos muitas vezes semelhantes aos do estruturalismo marxista.
Com o término da guerra fria, quando se desagrega a economia-mundo socialista, o mundo como um todo deixou de estar rigidamente polarizado entre bloco soviético ou comunista, por um lado, e bloco norte-americano, por outro. A economia-mundo capitalista, seja de alcance regional, seja de alcance global, continua a articular-se com base no Estado-nação. Cabe reconhecer, no entanto, que a soberania do Estado-nação não está sendo simplesmente limitada, mas abalada pela base.
As contribuições de Wallerstein e Braudel, citados pelo autor, conferem importância especial à economia política da mundialização. A articulação principalmente econômica do conceito de economia- mundo está presente inclusive em boa parte dos comentadores, seguidores e críticos de Wallerstein e Braudel. Note-se que o conceito de economia-mundo está sempre relacionado com o emblema Estado-nação, aparecendo todo o tempo como agente, realidade, parâmetro ou ilusão. Braudel está fascinado pelo lugar que a França pode ocupar no mundo; Wallerstein está empenhado em esclarecer o segredo da primazia dos EUA no mundo capitalista, conforme ela se manifesta ao longo do século XX, particularmente desde a Segunda Guerra Mundial. As contribuições desses autores são fundamentais para o mapeamento das novas características da economia e política mundiais.
Sob vários aspectos, as interpretações de Braudel e Wallerstein contribuem decisivamente para o conhecimento das configurações e movimentos da sociedade global em formação no final do século XX.
Em síntese, é na própria dinâmica das economias-mundo que as forças produtivas, as lutas pelos mercados, o empenho de inovar tecnologias e mercadorias, isso tudo constitui o fundamento da dinâmica progressiva e errática que se tornam nos ciclos de longa duração, assinalando o nascimento, a transformação, o declínio e a sucessão das economias-mundo.
Desde que o capitalismo retomou sua expansão pelo mundo, em seguida à Segunda Guerra Mundial, começou o processo de internacionalização do capital. O capital perdia parcialmente sua característica nacional, tais como a inglesa, norte-americana, alemã, japonesa, francesa ou outra, e adquiria uma conotação internacional. Essa internacionalização se tornará mais intensa e generalizada, ou propriamente mundial, com o fim da Guerra Fria, a desagregação do bloco soviético e as mudanças de políticas econômicas nas nações de regimes socialistas. Na base da internacionalização do capital estão a formação, o desenvolvimento e a diversificação do que se pode denominar “fabrica global”. O mundo transformou-se na prática em uma imensa e complexa fábrica, que se desenvolve conjungadamente com o que se pode denominar “shopping center global”.
Globalizam-se as instituições, os princípios jurídicos-políticos, os padrões socioculturais e os ideais que constituem as condições e os produtos civilizatórios do capitalismo. O capitalismo continua a Ter bases nacionais, mas estas já não são determinantes, já é possível reconhecer que o significado do Estado-nação tem sido alterado drasticamente.
A moeda nacional torna-se reflexa da moeda mundial, abstrata e ubíqua, universal e efetiva. Os fatores da produção, ou as forças produtivas, tais como o capital, a tecnologia, a força de trabalho e a divisão do trabalho social, entre outras, passa, a ser organizadas e dizimadas em escala bem mais acentuada que antes, pela sua reprodução em âmbito mundial.
A internacionalização do capital está evidente na contínua e agressiva penetração que esse capital realiza em cada una e em todas as economias socialistas. A aliança de fato e de direito entre os EUA e a União soviética na luta contra o nazi-fascismo alemão, italiano e japonês beneficiou muito as forças produtivas organizadas com base nos capitalismos norte-americano e inglês.
A rigor, a intensa e generalizada internacionalização do capital ocorre no âmbito da intensa e generalizada internacionalização do processo produtivo. Os “milagres econômicos” que se sucedem ao longo da Guerra Fria e depois dela são também momentos mais ou menos notáveis dessa internacionalização.
Quando se mundializa o capital produtivo, mundializam-se as forças produtivas e as relações de produção. Esse é o contexto em que se dá a mundialização das classes sociais. Esse contexto em que o capital se torna ubíquo, em uma escala jamais alcançada anteriormente. Em instantes, ele se move pelos mais diversos e distantes lugares do planeta, atravessando fronteiras e regimes políticos.
O capital em geral, cada vez mais não só internacional mas propriamente global, passa a ser um parâmetro decisivo no modo pelo qual este mesmo capital se produz e reproduz, em âmbito nacional, regional, setorial e mundial.
Roland Berger
Uma ótima entrevista foi dada à revista Exame data: 21/05/1997 edição: 636 pág.: 117-118 – seção: sua excelência por Roland Berger, nascido em Berlim, em 1937, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o alemão Roland Berger estudou economia e administração de empresas em Hamburgo e Munique. Em 1962, emigrou para os Estados Unidos, onde trabalhou para a Boston Consulting Group. Cinco anos depois, abriu sua própria empresa, a Roland Berger & Partners. Atualmente, a Roland Berger é uma das maiores consultorias europeias de gestão empresarial, com filiais em 24 países. Um estudioso do impacto da globalização sobre as empresas, Berger esteve recentemente no Brasil. Ele fala sobre a globalização e seus principais pontos, economia, capital, atuação, estratégias, confira:
EXAME — Como devem atuar as empresas numa economia globalizada?
BERGER — A economia global é algo que trará grandes benefícios para a humanidade, principalmente para os países pobres, que irão receber a maior parte dos investimentos geradores de novos empregos. Nesse novo contexto, a empresa global tem de ter noção de que as pessoas e as culturas são diferentes em cada parte do mundo, que cada governo tem diferentes interesses. Ou seja, uma organização global não pode ter sua administração centralizada em Chicago, Paris ou São Paulo. Ela deve ser organizada em redes de trabalho, com gerenciamento regional, com pessoal e cultura locais. Fazer um marketing globalizado é muito difícil. Pode até funcionar para autopeças e componentes técnicos. Mas no setor de alimentos, de produtos de consumo em geral, é mais complicado.
Significa que apenas o mercado será global, enquanto os produtos continuarão regionais?
Isso depende do tipo de produto. Os aparelhos de CD serão os mesmos em qualquer lugar do mundo. Os produtos de moda de alta classe, como Cartier, Gucci, Yves Saint Laurent, também serão. Agora, para produtos de consumo diário, fica mais difícil ser global. Nossos clientes estão sempre nos perguntando sobre como organizar uma companhia global. Nossa resposta é que não acreditamos em organizações globais com um quartel-general central e uma série de subsidiárias. Nós defendemos uma organização transnacional que mantém uma rede de trabalho com muitos centros de competência regionais. O papel da sede é entender essas competências regionais e ser uma espécie de corretor e orientador das operações regionais.
Nessa economia cada vez mais globalizada, qual é o caminho para as empresas de um país emergente como o Brasil? Associar-se com empresas estrangeiras ou tentar seguir sozinhas?
Depende do setor da economia. Se você atua em nichos de mercado muito fortes, não há motivos para associar-se com um parceiro estrangeiro. Se você tem marcas que correspondam a sabores regionais, também não precisa se associar. Em setores que envolvem tecnologia, deve-se considerar parcerias com firmas estrangeiras. Mas não seria o caso da empresa nacional ser adquirida pela empresa de fora. Poderia ser feita uma aliança na área de pesquisa e desenvolvimento ou de produção, marketing ou de distribuição, por exemplo.
O capital não é um fator limitante para as empresas menores?
O capital não está escasso no mundo de hoje. Se você tem uma boa ideia, tecnologia, produto, clientes e quiser produzir, você consegue capital. Para mim, o fator limitador para o crescimento das empresas é, em primeiro lugar, o gerenciamento. Depois, a criatividade e a tecnologia. E, por fim, o know-how para a internacionalização. Se você tiver essas três vantagens, então você vai ao mercado de ações e consegue todo o capital de que precisa.
A noção de sistema mundial contempla a presença e a vigência das empresas, corporações e conglomerados transnacionais. Nesse contexto, os meios de comunicação revelam-se particularmente eficazes para desenhar e tecer o imaginário de todo o mundo. A mídia impressa e eletrônica, cada vez mais acoplada em redes multimídias universais, constituem a realidade e a ilusão da aldeia global
Na base da ideia de que a sociedade mundial pode ser vista como um sistema coloca-se a tese de que o mundo se constitui de um sistema de atores, ou um cenário no qual movimentam-se e predominam atores. São de todos os tipos: estados nacionais, empresas transnacionais, organizações bilaterais e multilaterais, narco tráfico, terrorismo, Grupo dos 7, ONU, FMI, BIRD, FAO, OIT, AIEA e muitos outros. Mas no sistema mundial assim concebido, os Estados nacionais continuam a desempenhar os papéis de atores privilegiados, ainda que frequentemente desafiados pelas corporações, empresas ou conglomerados. Polarizam muitas das relações, reivindicações, negociações, associações, tensões e integrações que articulam o sistema mundial. Daí a tese da interdependência das nações. Muito do que ocorre e pode ocorrer no âmbito da globalização sintetiza-se em noções produzidas no jogo das relações entre países: diplomacia, aliança, pacto, paz, bloco, bilateralismo, multilateralismo, integração regional, cláusula de nação mais favorecida, bloqueio, espionagem, dumping, desestabilização de governos, beligerância, guerra, invasão, ocupação, terrorismo de Estado. Todas essas e outras noções dizem respeito à interdependência das nações. Aliás, interdependência é uma ideia muito comum em análises e fantasias produzidas acerca de configurações e movimentos da sociedade global. Essa interdependência focaliza as relações exteriores, diplomáticas, internacionais.
A tese da interdependência das nações que tanto expõe o autor é bem uma elaboração sistêmica de como se desenvolve a problemática mundial. Diz respeito a um cenário em que a maior parte dos problemas aparece nas razões, estratégias, táticas e atividades de atores principais e secundários, todos jogando com as possibilidades da escolha racional. Os estudos realizados na ótica da teoria sistêmica estão dedicados a esclarecer problemas tais como os seguintes: interdependência e dependência, alianças e blocos, bilateralismo e multilateralismo, integração nacional e regional.
No âmbito do sistema mundial, coloca-se também o problema da hegemonia, isto é, do Estado-nação mais forte e influente, monopolizando técnicas de poder e oferecendo ou impondo diretrizes aos outros. Em dada época, o mundo pode estar polarizado em torno dos Estados Unidos e da União Soviética, ao passo que em outra polariza-se em torno dos Estados Unidos, Japão e Alemanha, ou Europa Ocidental.
Há um evidente ocidentalismo, juntamente com o capitalismo, quando as interpretações esclarecem o modo pelo qual as partes, as unidades, os segmentos ou os atores menos desenvolvidos, isto é, arcaicos, periféricos ou marginais são contemplados na organização e dinâmica da sociedade mundial. Também a teoria sistêmica do mundo compreende as noções de ocidentalismo e capitalismo. São os padrões, os ideais e as instituições do capitalismo e ocidentalismo, ou vice-versa, que comandam a organização e dinâmica da mundialização. E mundialização é também e sempre modernização, mas modernização nos moldes dos capitalismo ocidental. É possível dizer que a teoria da modernização mundial adquire mais consistência quando se complementa, ou sofistica, com a teoria sistêmica do mundo.
A interpretação sistêmica das relações internacionais já está bastante desenvolvida em estudos e controvérsias sobre a problemática da mundialização. A teoria sistêmica parece oferecer quadros de referência consistentes, de modo a taquigrafar aspectos importantes da organização e dinâmica da sociedade mundial.
Sob vários aspectos, as interpretações sistêmicas do mundo constituem-se em ingredientes não só ativos, mas fundamentais, do modo pelo qual está ocorrendo a globalização. Constituem um vasto e complexo tecido de interpretações, orientando as atividades e os ideários de muitos atores e elites presentes e atuantes nos mais diversos lugares. Ajudam a organizar o mapa do mundo em conformidade com a perspectiva e os interesses daqueles que predominam no jogo das forças presentes e atuantes nas configurações e nos movimentos da sociedade global.
Desde que a civilização ocidental passou a predominar nos quatro cantos do mundo, a ideia de modernização passou a ser o emblema do desenvolvimento, crescimento, evolução ou progresso. As noções de metrópole e colônia, império e imperialismo, interdependência e dependência, entre outras, expressam também o vaivém do processo histórico-social de ocidentalização ou modernização do mundo. A própria atuação da Organização das Nações Unidas (ONU), por suas diversas organizações filiadas, no que se refere à economia, política, cultura, educação e outras esferas da vida social, tem sido uma atuação destinada a apoiar, incentivar, orientar ou induzir à modernização, nos moldes do ocidentalismo. A modernização do mundo implica a difusão e sedimentação dos padrões e valores socioculturais predominantes na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. A tese da modernização do mundo sempre leva consigo a tese de sua ocidentalização, compreendendo principalmente na Europa Ocidental e nos Estados Unidos.
Ponto vital da competição, pátria dos bem-sucedidos, os Estados Unidos abrigam boa parte dos inventores da globalização. Lá, o espírito internacionalista é tão arraigado que a decisão do campeonato nacional de beisebol, tradicionalmente o esporte da massa operária, foi batizada há mais de um século como a World Series. A Coca-Cola, o automóvel, o basquete, o par de jeans, Madonna e o hambúrguer parecem confirmar plenamente essa impressão.
William Greider
O jornalista William Greider ( publicação: exame data: 12/03/1997 edição: 631 pág.: 25) acaba de conquistar atenção e alguma fama com sua volumosa pesquisa sobre os males da diáspora fabril, One World, Ready or Not (Simon & Schuster, 528 páginas). Para o hiperativo Greider, antigo repórter do Village Voice que rodou o mundo em busca de provas para o vaticínio de que sociedades e mercados não podem conviver em paz, o freio à globalização está no simples fato de que mercadorias e tecnologias necessárias à sua produção conseguem viajar livremente, enquanto as pessoas estão presas ao microcosmo onde nasceram. Seu corolário, imaginativo, sugere que os Estados Unidos ganhariam muito mais exportando a sua democracia do que capitais: pessoas livres dariam confiabilidade e perenidade a uma integração econômica que estaria resvalando para uma recessão pavorosa.
A leitura fornecerá casos interessantes, num périplo montado sob medida para retratar a exploração humana. Mas o essencial está na alma do pesquisador: para desmontar uma ideia querida e acalentada pelos americanos, um jornalista americano usa o melhor pensamento americano e constata, desolado, que o mundo não tem energia para funcionar como desejariam esses mesmos americanos. Quase tudo certo, com exceção de um detalhe: o pensamento americano desta segunda metade do século XX padece de esquizofrenia, resultado do encolhimento acelerado da fatia que os Estados Unidos chegaram a deter no conjunto da riqueza mundial. Essa dieta não aparece ao primeiro olhar, mas é dramática — dos quase 50% do PIB planetário na segunda metade da década de 40, a participação caiu para menos de 23% pelo último relatório do Banco Mundial. Com responsabilidade militar sensivelmente parecida, a primeira potência está cada vez mais curta de bolso. A globalização é vital para os Estados Unidos por uma questão de sobrevivência— e nunca de afirmação da supremacia consolidada duas gerações atrás. Aqui parece que há um confronto de opiniões comparando com o livro: para Octavio Ianni isso já vinha desde a época que o jornalista diz que não, ou seja, até mesmo um pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, particularmente concordo com Octavio. Ele expõe seus depoimentos de como o inglês é evidentemente de soberania mundial. O inglês começou a mundializar-se como idioma do imperialismo britânico; em seguida, desde o término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e, mais ainda, desde o término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), difundiu-se também como idioma oficial do imperialismo norte-americano. Na época da globalização do mundo, quando se intensificam e generalizam as relações, os processos e as estruturas do capitalismo, o inglês com o qual se fala, escreve e pensa adquire novos significados, transforma-se na bíblia para os religiosos, o idioma da “aldeia global”. Grande parte da produção científica, filosófica e artística está formulada nessa língua, por suas versões originais ou por suas traduções. A universalização do inglês, portanto, não significa automaticamente a homogeneização dos modos de falar, escrever e pensar, ou ser, agir, sentir, imaginar e fabular. É inegável que as mais diversas modalidades de organizar a vida e o trabalho continuarão a produzir e a desenvolver as diferenças e diversidades.
A dependência econômica dos Estados Unidos tornou-se progressivamente óbvia com a ascensão dos Tigres Asiáticos, diz o jornalista William Greider . Depois de quatro séculos seguidos de unidade absoluta entre o núcleo gerador de capitais excedentes e o epicentro político-militar, o capitalismo entrou numa fase algo estranha, em que a força bruta continuou monopolizada na América, enquanto o espaço asiático passou a irradiar eficiência econômica. Esse fato, incompreensível e inaceitável para um americano criado depois da II Grande Guerra, não significa decadência da primeira potência. É provável que o mundo esteja tateando formas de governo federativo, com uma distribuição de poder ao menos bicéfala, numa espécie de simbiose entre a espada e o talão de cheques. Quem deu a primeira explicação lógica para esse movimento foi, por sinal, um italiano, Giovanni Arrighi, que trabalha numa universidade pública de Nova York e escreveu, em 1994, The Long Twentieth Century (Verso, Londres, 380 páginas). Essa repartição do poder, mesmo que circunstanciada e ancorada nas paragens distantes do Nascente, materializaria o desejo obsessivo dos pequenos povos europeus durante todo este milênio.
A chave para uma descentralização surpreendente e inesperada está na ampla supremacia militar americana. Os tigres emergentes formam nada mais que um arquipélago. Coreia, Japão, Shangai, Hong-Kong, Cingapura, pequenas ilhas de prosperidade sem a menor possibilidade de cristalizar um espaço contínuo que, algum dia, poderia se contrapor ao monopólio da força. Os Estados Unidos garantem o bem-estar de sua população num ambiente tranquilo, onde seu déficit público crônico será coberto com parte do excedente controlado do arquipélago. A Organização Mundial do Comércio tem um papel de intermediário privilegiado nesse arranjo de conveniência, onde a grande questão aberta é estimar corretamente o papel de alguns outros grandes contínuos, sobretudo a Rússia e a América do Sul.
Para o cidadão americano que raramente se lembra do resto do mundo, a normalidade chama-se globalização, no que está absolutamente certo. Vaticinar o fracasso desse grande movimento é tão estúpido quanto foi a resistência às viagens dos descobridores no início da Era Moderna. Mas vale a pena perceber que, numa trajetória lenta e inexorável, os Estados Unidos refluem. Sua gritaria para acelerar desregulamentação e abertura de mercados é defensiva e um espaço contínuo e populoso como é o Brasil terá máxima vantagem se esgrimir com o tempo a seu favor. Difícil é administrar essa oportunidade sem recuar no esforço de impor competição e eficiência aos produtores locais. Pois autarquias isoladas e altaneiras só costumam produzir gritaria e muita gente infeliz.
Na época da globalização do capitalismo, entra em cena a ideologia neoliberal, como seu ingrediente, produto e condição. O neoliberalismo retoma e desenvolve os princípios que se haviam formulado e posto em prática com o liberalismo ou a doutrina da mão invisível, a partir do século XVIII. Na época da globalização, mundializam-se as instituições mais típicas e sedimentadas das sociedades capitalistas dominantes.
Na medida em que se desenvolvem e generalizam, os processos envolvidos na modernização ultrapassam ou dissolvem fronteiras de todo o tipo, locais, nacionais, regionais, continentais; ultrapassam ou dissolvem as barreiras culturais, linguísticas, religiosas ou civilizatórias. Esse é o reino da razão instrumental, técnica ou subjetiva, permeando progressivamente todas as esferas da vida social, em âmbito local, nacional, regional e mundial.
Há 49 anos, no mês de dezembro, era aprovada a Declaração Universal de Direitos Humanos, mediante o consenso de 48 Estados, com oito abstenções. A declaração de 1948 nasce como a referência ética de uma nova ordem contemporânea. Afirma a universalidade dos direitos humanos, que decorrem da própria condição da pessoa. Afirma também a indivisibilidade desses direitos, conjugando direitos civis e políticos com os econômicos, sociais e culturais.
A partir da declaração universal, deflagram-se os processos de internacionalização e globalização dos direitos humanos, na medida em que a forma pela qual um Estado trata seus nacionais interessa ao mundo. Por sua vez, os indivíduos convertem-se em sujeitos de direitos consagrados em tratados internacionais de proteção.
Passados 49 anos, da era da globalização dos direitos transita-se para a da globalização econômica. A ordem internacional passa a se orientar fundamentalmente pelo paradigma econômico, que estimula a competitividade internacional e a formação de um mercado sem fronteiras, sob a inspiração do neoliberalismo econômico. Se, por um lado, esse processo é capaz de reforçar a ideia de ”internacionalização” e da consequente ”relativização” da noção tradicional de soberania estatal (que sempre foi um obstáculo à globalização dos direitos humanos), por outro, contudo, tem produzido dramáticos efeitos no que se refere à universalidade e indivisibilidade dos direitos humanos.
A criação do mercado global tem gerado um imenso exército de excluídos, destituídos de direitos básicos. O paradigma econômico tem implicado a violação sistemática à universalidade e indivisibilidade de direitos.
Juntamente com a modernização em marcha com o capitalismo e o ocidentalismo, generaliza-se o predomínio das mais diversas tecnologias de produção e controle sociais. Ainda que a modernização tenda a impor-se às mais diversas formas de organização social da vida e trabalho, isto não se dá de modo abrupto, inexorável, monolítico. Enquanto processo civilizatórios abrangente, tem convivido com os mais diferentes padrões, valores e instituições. São múltiplas e diferenciadas as formas sociais e culturais, ou civilizatórias, com as quais se defrontam os padrões, valores e instituições modernos ou modernizantes.
Ainda que os processos de globalização e modernização desenvolvam-se e reciprocamente pelo mundo afora, também produzem desenvolvimentos desiguais, desencontrados, contraditórios. O que cria a ilusão da integração, ou homogeneização, é o fato indiscutível da força do ocidentalismo, conjugado com o capitalismo. Fala-se de pós-modernidade tanto em Paris como na cidade do México, em Nova York como na cidade do Cabo, em Moscou como em Nova Delhi, em Tóquio como em Pequim, em Hong Kong como em Porto Príncipe. Quando se confundem modernização e modernidade, logo fica fácil falar em pós-modernidade, esquecendo que ainda não é possível falar-se em pós-modernização. A modernidade pode ser algo que subsiste e desenvolve-se de permeio às mais diversas modalidades de modernização. Mas a modernização está predominante determinada pela racionalidade do capitalismo, enquanto racionalidade pragmática, técnica, automática.
A noção de aldeia global é bem uma expressão da globalidade das ideias, padrões e valores socioculturais, imaginários. Pode ser vista como uma teoria da cultura mundial, entendida como cultura de massa, mercado de bens culturais, universo de signos e símbolos, linguagens e significados que povoam o modo pelo qual uns e outros situam-se no mundo, ou pensam, imaginam, sentem e agem.
Os meios de comunicação de massa rompem ou ultrapassam fronteiras, culturas, idiomas, religiões, regimes políticos, diversidades e desigualdades sócieconômicas e hierarquias raciais, de sexo e idade. No âmbito da aldeia global, prevalece a mídia eletrônica como um poderoso instrumento de comunicação, informação, compreensão, explicação e imaginação sobre o que vai pelo mundo. A mídia global não é monolítica, com certeza, e verdade também que a indústria também adquiriu alcance global.
No âmbito da sociedade mundial em formação, quando se revelam cada vez mais numerosos e generalizados os sinais da globalização, também multiplicam-se os pastiches, os simulacros e as virtualidades. A aldeia global pode ser uma metáfora e uma realidade, uma configuração histórica e uma utopia. Em um nível mais do que evidente, o principal tecido da aldeia global tem sido o mercado, a mercantilização universal, no sentido de que tudo tende a ser mercantilizado, produzido e consumido como mercadoria. Ela seria ininteligível, como realidade ou imaginação, sem a colaboração ativa de toda uma multidão de intelectuais trabalhando em todo o mundo, nas mais diversas organizações e corporações públicas e privadas, nacionais, regionais, transnacionais e propriamente globais. Estes intelectuais representam uma argamassa importante, muitas vezes não só indispensável, mas decisiva para a operação das organizações e corporações, em escala local, nacional, regional e mundial. É como se todo o mundo, em sua organização e dinâmica, em suas articulações, tensões e fragmentações, fosse continuamente, minuto a minuto, descrito e interpretado, fotogrado e divulgado, taquigrafado e codificado ou representado e imaginado por uma coletividade de intelectuais especializados em traduzir fatos, acontecimentos, crises, impasses, realizações, façanhas, revoluções e guerras.
Aquele que trabalha com os meios de representação, principalmente quando pode manipular as mais diversas linguagens e as mais diferentes técnicas, pode levar as representações a extremos de paroxismos. Como cita Tzvetan Todorov “A linguagem sempre foi a companheira do império”, formando-se neste contexto as hegemonias de alcance mundial, os projetos de gestão dos problemas e orientações de âmbito mundial.
Na época da Guerra Fria, ao longo dos anos 1946 a 1989, já em franco processo de globalização, a mídia construía uma visão do mundo bipolarizada, maniqueísta. O capitalismo e o socialismo eram contrapostos em termos de “mundo livre e mundo totalitário”, “democracia e comunismo”, “sociedade aberta e fechada”, “reino do bem e mal”. Depois, a partir de 1989, quando a mídia impressa e eletrônica globalizada invade ainda mais todas as esferas da vida social, em todo o mundo, nessa época o que prevalece é a ideia de “nova ordem econômica mundial”, “fim da história”, “fim da geografia”. Há sempre alguma influência, mais ou menos decisiva, no modo pelo qual a mídia registra, seleciona, interpreta e difunde o que vai pelo mundo.
Pode-se equiparar o capitalismo em desenvolvimento com a palavra racionalização, ocorre o desenvolvimento de formas racionais de organização das atividades sociais em geral, compreendendo as políticas, as econômicas, as jurídicas, as religiosas, as educacionais e outras. A rigor, os desenvolvimentos das ciências ditas naturais e sociais, traduzidos em tecnologias de todos os tipos, revelam-se simultaneamente condições e produtos de um vasto complexo processo de racionalização do mundo. Desde que se formou o moderno capitalismo, o mundo passou a ser influenciado pelo padrão de racionalidade gerado com cultura desse mesmo capitalismo.
Se é verdade que o capitalismo nasceu na Europa Ocidental, ambientando no protestantismo, desenvolvendo-se inclusive nos Estados Unidos impregnados desse mesmo protestantismo, é também verdade que o capitalismo tem se expandido progressivamente por outras nações e nacionalidades. O que parecia característico e peculiar do Ocidente, logo se revela compatível e até próspero no Oriente; parecendo característico do hemisfério norte, também expande-se pelo hemisfério sul. Em certos casos, como no do Japão, o capitalismo tanto floresce, que até mesmo inova e desafia as próprias matrizes originais desse modo de produção.
Note-se que o contraponto “religião-capitalismo”, envolvendo ética religiosa e comportamento econômico, ou visão religiosa do mundo e racionalização do trabalho e da produção, não se desenvolvem em abstrato, mas mo âmbito do jogo das relações, processos e estruturas sociais, culturais e outras que constituem a sociedade.
Cabe sempre reconhecer e reiterar que a sociologia das religiões mundiais desenvolvida por Weber é também e principalmente uma sociologia da cultura, uma sociologia de estilos de vida e visões do mundo constituídos culturalmente e sintetizados nas religiões.
De fato, o capitalismo pode ser visto como um processo de amplas proporções e acentuadamente expansivo, inaugurando e desenvolvendo uma época excepcionalmente singular da história europeia e mundial. O capitalismo, como produto e condição da ampla e generalizada racionalização do mundo, logo se impõe ou sobrepõe às mais diversas formas de organização da vida social. Tanto pode conviver como absorver, tanto pode modificar como recriar, as mais diferentes modalidades de organização social do trabalho e da produção.
As tecno-estruturas podem ser vistas como organizações sistêmicas, expressando muito do que é a racionalidade instrumental ou técnica predominante no capitalismo. Elas podem ser locais, nacionais, regionais e mundiais, operando em esferas como as da economia, política, cultura, geopolítica, geoeconomia, indústria cultural e outras. Juntamente com a racionalização do mercado, da empresa, de cidade, do Estado, do ensino, da cultura e da religião, desenvolve-se e generaliza-se o direito racional. Talvez se possa dizer que o direito racional é o coroamento do processo de racionalização inerente ao desenvolvimento do capitalismo como processo civilizatório. Esse é o universo que predomina o princípio da quantidade. Aos poucos, o princípio da qualidade subordina-se ao da quantidade. Ainda que a qualidade jamais seja suprimida, ela perde prerrogativas na maioria dos espaços públicos, e tende a perdê-las também em espaços privados.
Sob todos os aspectos, pode-se dizer que o conceito de racionalidade está na base do pensamento de Weber, tanto no que se refere as suas reflexões teóricas como no que diz respeito as suas análises históricas. Tudo que é social, em qualquer época ou lugar, pode ser analisado em termos de formas e gradações de racionalidade das ações sociais de indivíduos, grupo ou coletividades; para ele o socialismo distingue-se principalmente como uma forma ou gradação de exercício da racionalidade na organização das atividades econômicas, políticas, culturais e sociais, caracterizando-se por criar novas formas e gradações de racionalização das atividades, instituições e organizações, o que reforça o poder da burocracia e do burocrata, tanto no que se refere à gestão do aparelho estatal e da empresa como no relativo à estrutura de aço na qual o trabalhador é inserido.
O que era um processo circunscrito a alguns países da Europa, e transplantado para os EUA, logo se revela mais ou menos generalizado e, às vezes, avassalador, em escala mundial. À força de desenvolver-se por todos os cantos e recantos da vida social, o processo de racionalização passa a submeter o indivíduo, singular e coletivamente, aos produtos de sua criatividade. À medida que ocorre o século XX, atravessando guerras e revoluções, nacionalidades e nações, culturas e civilizações, o capitalismo intensifica e generaliza o desencantamento do mundo.
Desde o princípio, o capitalismo revela-se como um modo de produção internacional. Ainda que tenha sido sucessiva e simultaneamente nacional, regional e internacional, juntamente com sua vocação colonialista e imperialista, o capitalismo se torna no século XX um modo de produção não só internacional, mas propriamente global. Acontece que o modo capitalista de produção funda-se no jogo das forças produtivas liberadas com o declínio do feudalismo, a aceleração da acumulação originária, a reprodução ampliada do capital, o desenvolvimento intensivo e extensivo da produção, da distribuição, da troca e do consumo. O modo capitalista de produção está sempre em movimento, no sentido de que se transforma e expande, entra em crise e retoma sua expansão, de maneira errática mas progressiva, com frequência inexorável. É claro que toda essa dinâmica é comandada pelo capital, pelos que detêm a propriedade e os movimentos do capital, em âmbito nacional e mundial.
O predomínio do modo capitalista de produção traduz-se nos processos de concentração e centralização do capital. A dinâmica da reprodução ampliada realiza-se pela contínua concentração e centralização, ou absorção de outros capitais pelo mais ativo, forte ou inovados. Na medida em que se desenvolve, o capitalismo tanto revoluciona as outras formas de organização social e técnica do trabalho e da produção com os quais entra em contato, como transforma reiteradamente as formas de organização social e técnica do trabalho e da produção já existentes em moldes capitalistas. O que já se revelava uma característica fundamental de gênese do capitalismo europeu no século XVI se revela também no século XX, a continuidade geral e reiterada do divórcio entre a força de trabalho e as condições de trabalho.
No fim do século XX, reabrem-se espaços e fronteiras, inesperados ou recriados, disponíveis ou forçados. Juntamente com a desagregação do bloco soviético, com a dissolução do mundo socialista, universalizou-se mais do que nunca o modo capitalista de produção; e o capitalismo como processo civilizatório. Nota-se a adoção da economia de mercado por praticamente todas as nações do ex-mundo socialista; nessa época ocorre uma transformação quantitativa e qualitativa do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório.
Ocorreu também a diáspora da industrialização pelo mundo, inclusive provocando uma crescente dissolução do mundo agrário. A nova divisão internacional do trabalho, agilizada pelos meios de comunicação e transporte, cada vez mais apoiados em técnicas eletrônicas, transformou o mundo em uma fábrica e um shopping center globais. São globalismos decisivamente baseados na organização e dinâmica das corporações transnacionais, que desenvolvem suas geoeconomias e sua geopolíticas em moldes mais ou menos independentes dos Estados nacionais.
A globalização do capitalismo reaviva a controvérsia mercado ou planejamento ao nível dos setores produtivos, das economias nacionais, dos blocos regionais e, obviamente, da economia mundial como um todo. A controvérsia mercado ou planejamento foi colocada de forma particularmente estridente com a desagregação do bloco soviético e do conjunto do mundo socialista, quando se colocaram em causa as economias centralmente planejadas. A globalização do capitalismo contempla, todo o tempo, o contraponto mercado-planejamento. O pleno predomínio do princípio do mercado seria o caos. Para evitar que o caos irrompa de modo avassalador, governantes, proprietário de meios de produção, gerentes técnicos, organizações multilaterais, ou seja, tecno-estruturas transnacionais ou propriamente mundiais planejam a expansão e a consolidação dos empreendimentos, a competição e a política anticíclica, o certo e o incerto.
Esta pode ser considerada uma das características mais notáveis da globalização do capitalismo: as técnicas eletrônicas, compreendendo a micro-eletrônica, a automação, a robótica e a informática, em suas redes e vias de alcance global, intensificam e generalizam as capacidades dos processos de trabalho e produção. Observa-se que as maravilhas da ciência e da técnica não se traduzem necessariamente na redução ou eliminação das desigualdades sociais entre grupos, classes, coletividades ou povos.
Fechando a dialética sobre o tema globalização, o autor encerra com os pensamentos de Marx: O capitalismo para ele é um processo civilizatório mundial. Ainda que desenvolva polos mais ou menos poderosos, esses mesmos polos formam-se e desenvolvem-se com base em um vasto sistema de relações com povos, tribos, etc. Trata-se de um processo civilizatório que “invade todo o globo”, destruindo ou recriando outras formas sociais de trabalho e vida, outras formas culturais e civilizatórias.
Não se trata de pensar que a sociedade global já estava em Marx. Trata-se apenas de reconhecer que algumas das instituições e interpretações marxistas contemplam as dimensões mundiais do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório. Este é o horizonte a partir do qual se pode reler o passado, interpretar o presente e imaginar o futuro.
As relações, os processos e as estruturas característicos da globalização incutem em praticamente todas as realidades preexistentes novos significados, outras conotações. Na medida em que se dá a globalização do capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório, desenvolveu-se simultaneamente a sociedade global, uma espécie de sociedade civil global em que se constituem as condições e as possibilidades de contratos sociais, formas de cidadania e estruturas de poder de alcance global. Desde que se acelerou o processo de globalização do mundo, modificaram-se as noções de espaço e tempo. A crescente agilização das comunicações, mercados, fluxos de capitais e tecnologias, intercâmbios de ideias e imagens, modifica os parâmetros herdados sobre a realidade social, o modo de ser das coisas, o andamento do devir. As fronteiras parecem dissolver-se, obliteraram-se as barreiras, equalizaram os pontos dos territórios, harmonizaram os momentos da velocidade, modificaram os tempos da duração, dissolveram os espaços e tempos conhecidos e codificados; o mundo transforma-se em território de todo o mundo.
Esse é o clima da pós-modernidade: a história substituída pelo efêmero, pela imagem do instante, pelo lugar fugidio. Privilegia-se o dado imediato, evidente, cotidiano, inesperado, prosaico, surpreendente, fugaz. Quando o mundo não se conforma com a pós-modernidade imaginária ou sonhada, o mundo articula-se cada vez mais de acordo com as exigências da razão instrumental. Aos poucos, a razão instrumental articula os espaços e tempos, modos de produzir e consumir, ser e viver, pensar e imaginar. No mesmo ambiente em que se solta a pós-modernidade, solta-se a racionalidade.
Nesse universo de coisas, gentes, ideias, realizações, possibilidades e ilusões, o autor frisa mais uma vez que o mercado global é tecido principalmente pelo idioma inglês. Em geral, ele diz, o inglês traduz o pensamento e o pensado, a informação e a decisão, a compra e a venda, a possibilidade e a intenção. O inglês pode ser o idioma da globalização. A maior parte dos acontecimentos, relações, atividades e decisões expressa-se nesse idioma, ou nele se traduz.
Quando se globaliza o mundo, quando a máquina do mundo passa a funcionar em sua globalidade, o andamento de cosas, gentes e ideias, províncias e nações, culturas e civilizações adquire outras realidades, diferentes possibilidades. Pode-se pensar tudo novamente.
Finalizando seu livro, Octavio Ianni fala sobre as ciências sociais, afirmado até que a sociedade global é o novo objeto destas ciências, no tocante de serem pela primeira vez desafiadas a pensar o mundo como uma sociedade global. A sociedade global apresenta desafios empíricos e metodológicos, ou históricos e teóricos, que exigem novos conceitos, outras categorias, diferentes interpretações. É um grande momento em que o conhecimento sobre a sociedade nacional não é suficiente para esclarecer as configurações e os movimentos de uma realidade que já é sempre internacional, multinacional, transnacional, mundial ou propriamente global.
Como integrantes de um mesmo todo e por si só, facilitando um prévio entendimento, o autor registra cinco características provenientes do estudo da sociedade global, são elas:
1. Baseiam-se principalmente nos ensinamentos das seguintes teorias, muito correntes nas ciências sociais: evolucionismo, funcionalismo, sistêmica, estruturalista, weberiana e marxista.
2. Priorizam determinados aspectos da sociedade global: econômicos, financeiros, tecnológicos, informáticos, culturais, etc.
3. A maioria situa-se em perspectiva que se pode denominar de convencional
4. O método comparativo evidentemente está na base de praticamente todos os estudos e interpretações.
5. São poucos, muitos poucos, os que se posicionam nos horizontes da desterritorialização, uma perspectiva que pode passar pelas convencionais, mas não se fixa em nenhuma, como a que seria prioritária, privilegiada ou mais avançada.
Não é suficiente transferir conceitos, categorias e interpretações elaboradas sobre a sociedade nacional para a global., Quando se trata de movimentos, relações, processos e estruturas característicos da sociedade global, não basta utilizar ou adaptar o que se sabe sobre a sociedade nacional. A globalização encontra-se ainda em processo de equacionamento empírico, metodológico e teórico. Mais que isso, apenas começa a ser percebida em suas implicações epistemológicas. Como cita Martin Albrow em seu livro “Globalition, Knowledge and Society” a “globalização diz respeito a todos os processos por meio dos quais os povos do mundo são incorporados em uma única sociedade mundial, a sociedade global; globalismo é uma das forças que atuam no desenvolvimento da globalização”.
A globalização envolve o problema da diversidade. Praticamente todos os estudos e interpretações sobre a sociedade global colocam esse problema. Seria impossível imaginar a globalização sem a multiplicidade dos indivíduos, grupos, classes, tribos, nações, nacionalidades, culturas, etc. São estes que se globalizam, ou acaso ou por indução, sabendo ou não. Da mesma forma que são estes que vivem, pensam, protestam, mudam, transformam-se.
A sociedade global se constitui desde o início como uma totalidade problemática, complexa e contraditórias, aberta e em movimento. É um cenário mais amplo do desenvolvimento desigual, combinado e contraditório. Há seus pós e contras, mas o que não se pode negar é que ela está aí e no mundo inteiro, de uma forma ou outra. A dinâmica do todo não se distribui similarmente pelas partes, própria frase do autor.
Autoria: Ivan Luís Bertevello