O Realismo começou em Portugal em 1865 com a Questão Coimbrã. Nela, havia um embate entre os jovens portugueses, cheios das ideias francesas, inglesas e alemãs, e aqueles que eram a favor do Romantismo, escola antecessora do Realismo.
Um desdobramento da Questão Coimbrã foi a discussão entre Antonio Feliciano de Castilho e Antero de Quental, poeta que defendia a responsabilidade da poesia, enquanto o outro defendia sua naturalidade.
As manifestações literárias do Realismo português
As manifestações realistas são prosa e poesia. Na poesia, destaca-se Antero de Quental: ele era contrário à poesia ultrarromântica e se empenhava em defender uma poesia com intuito social, com responsabilidade, usada como instrumento na busca filosófica pela verdade.
Cesário Verde é outro nome importante: sua linguagem é espontânea, seu tom coloquial e ele utiliza cores, sons e imagens, antecipando recursos que seriam usados por Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Há também diferença na abordagem de temas como a mulher, o amor e a cidade, sendo uma abordagem menos lírica.
Na prosa destaca-se Eça de Queirós, cujos romances traziam marcações do determinismo e impressionismo, com o intuito de realizar críticas ao clero e à burguesia. Seu estilo era direto, fazendo muito boa descrição dos lugares e também do comportamento humano.
As características do Realismo português
É possível apontar como características do Realismo o objetivismo, o conceito de “não-eu”, o universalismo, o materialismo, a preocupação com o presente, determinismo, cientificismo, a negação da burguesia e ao clero, sendo anticlericais.
Objetivismo e o “não-eu”
Há grande reflexo do contexto histórico nas características do Realismo. O objetivismo é uma das características mais marcantes, encontrado nas produções realistas como a negação ao subjetivismo romântico. O homem é mostrado como alguém interessado naquilo que está fora dele, diante dele, o que constitui o conceito do “não-eu”.
Materialismo e preocupação com o presente
Uma das características do Realismo é o materialismo, fazendo com que seja negada a metafísica e o sentimentalismo. Diferente do Romantismo, a volta ao passado e o nacionalismo não são mais importantes: o foco agora é a valorização do presente.
Determinismo e cientificismo
Os autores realistas são influenciados por Hypolite Taine e adeptos do determinismo, que diz que o homem é influenciado pelo momento, pelo meio e pela raça. Há também grande avanço da ciência, o que influencia a estética realista e traz como característica o cientificismo.
A negação ao clero e à burguesia
Analisando as obras literárias do Realismo é claramente identificada a negação ao clero e à burguesia, sendo que a negação da burguesia acontece a partir da chamada célula-mãe da sociedade: a família. Essa é a explicação para haver tantos triângulos amorosos nas obras realistas: a negação da família.
Por: Gabriel Ferreira
Veja também:
- Características do Realismo
- Realismo no Brasil
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