O Brasil foi um país que recebeu, ao longo de sua história, perto de 5 milhões de imigrantes estrangeiros, sem considerarmos os negros que foram escravizados durante o Brasil Colônia e Império e os atuais refugiados. Podemos destacar um breve período em que o fluxo de imigrantes foi maior, atraídos pelo fim da escravidão, a expansão cafeeira e alguns incentivos do governo. Esse período vai de 1888 (fim da escravidão no Brasil) até 1934 (Lei de Cotas para imigração).
É importante lembrar que, nesse período, especialmente o continente europeu vivia períodos de instabilidade e crises político-econômicas que expulsavam milhões de pessoas de suas terras, além das questões políticas e religiosas que contribuíam para a saída da população. Era muito comum a expressão “vamos fazer a América” entre os imigrantes europeus que vinham para o Novo Continente. Mas, apesar disso, no continente americano, o Brasil foi apenas o quarto país a receber mais imigrantes, ficando atrás dos EUA, da Argentina e do Canadá.
Um dos fatores que colaboram para que não tivéssemos um número considerável de imigrantes foi a Lei de Terras de 1850, que extinguia a apropriação de terras com base na ocupação e dava ao Estado o direito de distribuí-las mediante a compra. Ela limitou a possibilidade de acesso a terra por parte de quem não tivesse condições de comprá-la, o que era a situação da maioria dos imigrantes, mas havia o interesse de tê-los como mão de obra, já que a escravidão tinha os dias contados.
Já na década de 1930, no século XX, durante o início da era Vargas, a Lei de Cotas para a imigração foi promulgada em 1934 e limitava a 2%, sobre o total de cada nacionalidade, a possibilidade de entrada no país. Vargas desejava substituir a mão de obra europeia, extremamente politizada, pela mão de obra nacional, principalmente a nordestina.
A imigração só voltaria a crescer no Brasil após a Segunda Grande Guerra Mundial, com o surto de industrialização, mas com a estabilização econômica da Europa, nos anos 1950 e 1960, voltou a declinar. Nos anos 1970 e 1980 com as sucessivas crises econômicas vividas pelo país, cada vez mais brasileiros deixavam o país, transformando-o em um país emigrante. Atualmente, o saldo de população que sai do país é maior do que o que entra.
Um dos exemplos mais característicos são os decasséguis, brasileiros descendentes de japoneses que, nos anos 1980, migram para o Japão em busca de melhores salários e com a perspectiva de acumularem uma quantia de recursos financeiros.
Principais grupos de imigrantes no Brasil
Em termos quantitativos, podemos dizer que os principais grupos de imigrantes no Brasil foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e os japoneses. Veja o gráfico a seguir:
Portugueses
Foram os nossos colonizadores e nunca tiveram empecilhos para entrar no território, nem mesmo com a promulgação da Lei de Cotas para imigração. Dedicaram-se principalmente ao comércio, atividades administrativas e ao setor de serviços. Fixaram-se predominantemente em regiões do litoral nordestino ou do Sudeste. São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco foram os estados que mais receberam portugueses.
Italianos
Foi o segundo grupo mais numeroso vindo para o Brasil. Originários principalmente do norte da Itália, fixaram-se em São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Paraná. Até a crise do café em 1929, trabalhavam nessas lavouras, em substituição ao negro recém-libertado.
Depois da crise, começaram a migrar para as cidades, ocupando vagas nas atividades fabris ou na construção civil. Muitos bairros, como o Bexiga, Brás e Barra Funda, na Grande São Paulo carregam as marcas da presença italiana.
No Sul do país, a imigração italiana foi atraída pela grande oferta de terras e, com o tempo, deu uma característica marcante na estrutura fundiária sulina: pequenas propriedades rurais onde se empregava a mão de obra familiar.
No Paraná, os italianos fundaram cidades como Morretes e Santa Maria; em Santa Catarina, cidades como Urussanga e Criciúma no Vale do Tubarão, região carbonífera no sudeste do estado, e no Rio Grande do Sul a ocupação predominante ocorreu no nordeste, região das serras onde introduziram o cultivo de uvas e a produção de vinhos (vitivinicultura). Nessa região, fundaram cidades como Caxias do Sul, Garibaldi e Bento Gonçalves.
Alemães
Os alemães deslocaram-se principalmente para os estados do Sul, embora em algumas regiões do interior de São Paulo percebe-se a presença de descendentes alemães.
No Rio Grande do Sul, as áreas principais de colonização alemã são o Vale do Jacuí (Rio dos Sinos, Caí e Taquari). Nessa região, fundaram cidades como São Leopoldo e Novo Hamburgo.
Em Santa Catarina, a região do Vale do Itajaí foi a área que recebeu mais colonos alemães. A região é um importante polo industrial do estado, onde se destaca a cidade de Blumenau.
Espanhóis
Os imigrantes espanhóis dirigiram-se sobretudo para o estado de São Paulo e dedicaram-se a atividades do setor de construção civil e mão de obra industrial. A capital paulista foi a que mais recebeu estes colonos.
Japoneses
Os primeiros colonos japoneses aportaram em Santos em 1908 a bordo do navio Kasato Maru. O Brasil recebeu perto de 250 mil imigrantes desde então. São Paulo, interior e capital foram as áreas de maior fixação dos japoneses.
No interior do estado, destacam-se as regiões de Franca, Ribeirão Preto, Marília, Bastos, Tupã, Presidente Prudente e o Vale do Paraíba. Em todas essas regiões interioranas, dedicaram-se sobretudo à agricultura. Na capital, a atividade comercial foi a mais importante (Bairro da Liberdade).
Fora de São Paulo, podemos citar o norte do Paraná (Londrina e Maringá) e a Zona Bragantina no Pará, onde introduziram o cultivo da pimenta-do-reino.
Outros grupos imigrantes
Encontramos também outros grupos menores de imigração como turcos, sírio-libaneses, estadunidenses, coreanos, ucranianos e poloneses. Todos se dedicaram especialmente à atividade comercial.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
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